| CAPÍTULO 31 |

2.4K 337 24
                                    

"Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido aqui. Eu me sinto realizado de estar conseguindo te fazer feliz."

Em memória de Paulo Gustavo

VOTEM ○

CORA HAWKINS

○●●○

Acordo em uma cama com o Malik concentrado em uma seringa, olho ao redor e vejo que estou em um quarto com paredes escuras e sem muito detalhe. Sinto meu rosto doer, meu nariz e minha testa está com curativos.

- Você demorou para acordar. - escuto o Malik falar assim que eu acordo.

- Quanto tempo?. - falo com a voz falha.

- Três horas. - responde me dando água. - Mas meia hora de sono o Hawkins iria matar alguem e o Marshall atrás de um neurologista.

- Eu entrei em coma por acaso?. - perguntei sem entender e tomo susto por ver um quase sorriso do Malik.

- Não, só dormiu. - responde balançando a cabeça e injetado a agulha em mim. - Isso vai reduzir a dor.

- Okay, onde eles estão?. - pergunto sentando com ajuda dele.

- Expulsei os dois, eles estavam brigando, são insuportáveis. - diz olhando nos meus olhos. - Mas surpreendente estavam bem unidos quando foram buscar você.

Fala por último se levantando me fazendo me lembrar do Bacco e das agressões, sinto lágrimas caírem de medo e frustração. Eu fui pega por eles, decobriram tudo?

- Eu não sou muito bom com lágrimas, o Hawkins e o Marshall já estão vindo. - ouço do Malik junto com seu distanciamento emocional claro no seu olhar. - Me desculpe.

Escuto ele pedir como se tivesse posto toda a verdade de seu coração. Tento não deixar o caminho conturbado no porta malas do carro, as vozes de mais um homem, a força em que ele me empurrou no chão e a agulha que ele enfiou no meu pescoço vir na minha mente, sinto a cabeça doer e eu choro ainda mais quando ouço a porta ser aberta.

- Cora. - ouço em conjunto, assim como os braços em minha volta.

O Caio e o Axel me abraçaram juntos fazendo com que eu tivesse noção de todo o terro que foi passado por mim durante a infância, tudo que foi confuso no meu crescimento se concretizando. Eu não aguento o mínimo do que meu irmão passou, do que o Axel passou, me sinto fraca, ouço vozes externas falando mas não consigo ouvir ou ver no meio das lágrimas.

- Ela precisa se acalmar. - ouço de longe.

- Cora... - me sinto caindo no mar.

- Cora.. - me afundando aos poucos.

- Cora... - uma âncora me levando para baixo.

- Loirinha... - está mais perto.

- Minha irmãzinha. - eu ouço agora.

Sinto meu irmão e o Axel, eles estão aqui segurando minha mão e alisando meu cabelo, os dois estão do meu lado. Não estou sozinha. Minha mente volta ao eixo quando eu percebo isso, as lágrimas continuam a cair, mas eu volto a mim.

- Eu vou ficar bem. - volto a vê-los na minha frente com olhares preocupados. - Vamos ficar bem não é?

- Vamos. - ouço o Axel falar mesmo assustado.

- Sim. - o Caio confirma também.

Me apoio no ombro do Caio segurando a mão do Axel e me sinto sonolenta. Aos poucos vou apagando devagar.

AXEL | Irmãos Marshall - L.2 |Onde histórias criam vida. Descubra agora