Capítulo 19 - Um coração lentamente despedaçado

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Ruas da Cidade, 14h10...

Lucy

Não sei como é que isto aconteceu, mas, já não estava no restaurante.

Estava, precisamente, sentada na areia da praia, perto do mar e com um rapaz de cabelos cor-de-rosa a tentar tirar os olhos de cima de mim.

– O que foi? – Questionei-o, enquanto ele desvia o olhar.

– N-Nada... – Respondeu.

Bolas... Odeio este tipo de situações! Como é que me tinha metido nisto?!

Estava entretida nos meus pensamentos quando o Natsu falou.

– Olha... – Começou, sem olhar para mim.

– Eu... Bem... Bolas, tu sabes do que é que eu estou a falar... – Disse, dirigindo o olhar para o chão e corando.

O meu coração começou a acelerar e comecei ligeiramente a tremer.

– Ah... Sim... – Tentei dizer qualquer coisa inteligente ou com nexo, mas só me saiam gaguejos, o que piorava as coisas.

– Desculpa lá... Aquilo do... Beijo... – Disse ele.

O seu rosto ficou tapado pelo seu cabelo cor-de-rosa e uma pequena sombra cobriu a zona dos seus olhos.

Não é que eu esperasse que isto fosse uma cena de filme ou isso, em que ele iria dizer que tinha sido um beijo sincero ou algo do género. Mas por alguma razão, o que ele disse tinha-me magoado bastante.

– Já esqueci isso... – Acabei por dizer com as melhores gargalhadas falsas que consegui.

– Não, não, não! – Ouvi uma voz familiar gritar.

Não acredito, só podiam estar a gozar!

– Erza, volta aqui! – Ouvi o Gray gritar.

Um grupo enorme de pessoas estava escondido mais atrás junto a um grande calhau. Era a turma toda?! Isto não podia estar a acontecer...

Uma rapariga de cabelo escarlate vinha a correr na nossa direção e com um olhar demoníaco. Uma das suas espadas apareceu e a Erza correu ainda mais rápido na direção do Natsu.

– Tu estás a fazer tudo mal! – Explodiu ela. Eu logo vi que aquelas novelas que ela andava a ver até às tantas da manhã lhe iam fazer mal...

– Socorro! – Ouvi o Natsu gritar enquanto corria pela praia fora.

Numa situação normal eu iria ajudá-lo, ou talvez limitar-me a rir da situação, mas as minhas pernas não se mexiam. Estava demasiado... triste? Desiludida? Nem sequer sabia...

Depois de ouvir um estrondo vi o Natsu beijar o chão e a Erza estava de pé em cima dele.

– Seu grande idiota! Não é assim que se faz! Na novela o protagonista beija a rapariga, estás a perceber?! Tu não percebes que tens de a beijar?! Beijar! – Informou ela.

O Natsu, mesmo estando cheio de dores, ficou corado com as palavras dela. Já eu, escondi a cara entre os meus joelhos para que ninguém visse o meu desconsolo.

Pude ouvir o resto do pessoal a aproximar-se, rindo-se com a reação da Erza com as palavras que o Natsu me dirigiu, e com as novelas sobre as quais a Titânia falava tão animadamente. Para mim as coisas estavam bem assim, sem ninguém a chatear-me, mas eis que uma nova voz surgiu.

– Natsu! – Ouvi uma voz feminina gritar.

Levantei imediatamente a cabeça e o meu queixo só não tocou no chão porque não era possível: Lisanna?

Logo atrás dela vinha a sua turma, que conversava animadamente. Ela saltou para cima do Natsu e ambos caíram no chão, enquanto ela acariciava o seu rosto com beijos leves.

Os membros dos grupos entrelaçaram-se uns entre os outros e perdi a visão que tinha daqueles dois. Podia sentir uma pequena quantidade de água a querer sair dos meus olhos. Não! Eu não ia deixar que me vissem chorar. Aproveitei a agitação que se instalára e saí da praia, direta a casa.

Pelo caminho podia sentir as lágrimas a escorrerem pelo meu rosto. Era frustrante ficar assim por causa daquele idiota do Natsu... Cada vez que limpava as lágrimas mais delas saíam e mais eu queria que alguém me abraçasse e me fizesse esquecer tudo.

Na Academia ...

Erza

A sala de aula estava a mesma bagunça de sempre, mas desde que não me chateassem os outros podiam fazer o que quisessem.

Iamos ter uma aula sobre magias e artes antigas com o Macao. Ele estava mesmo a ficar velho: a aula não tinha começado nem há cinco minutos e ele já estava sentado.

Quando ele começou a fazer a chamada, lembrei-me de uma situação que vi numa novela a semana passada.

– Lucy Heartfilia?... – O Macao mencionou, ao fazer a chamada.

A sala ficou rapidamente em silêncio à espera de ouvir a voz da Lucy, mas ninguém respondeu.

– A Lucy não está? – Quis certificar-se o Macao.

O silêncio permaneceu na sala e o Macao escreveu uma coisa qualquer no seu caderno.

– Estranho... – Disse o mesmo, baixinho.

De facto, era estranho a Lucy faltar logo depois daquele jogo de basquete maravilhoso, daquele almoço fantástico, da praia, das conversas que...

– A praia? – Quase gritei.

Acho que me tinha exaltado porque quando reparei que estava em pé e tinha batido com as mãos na mesa, o Macao deixou cair o lápis e todos ficaram a olhar para mim.

Pouco me interessei.

– Macao, preciso de sair da sala. É urgente. – Informei.

Olhei pelo canto do olho e pude ver o olhar confuso do Natsu. O Macao deu-me permição e rapidamente saí da sala.

Quando cheguei à praia, comecei a procurar a Lucy. Nem sinal.

– Mas onde raio é que te meteste...? – Questionei num tom preocupado.

Invoquei uma das minhas armaduras e sobrevoei Magnólia. Não encontrava ninguém com aquele cabelo loiro e amarrado de lado.

Dirigi-me a casa dela, esperando que ela estivesse lá. Abri a porta e não estava ninguém. Alguém tinha deixado três pratos empilhados em cima da mesa e duas embalhagens. Uma tinha uma pizza e a outra um bolo de morango, e um papel estava ao lado.

– Meninas, hoje não contem comigo para jantar. Vêmo-nos amanhã de manhã, e não esperem por mim para irem dormir. – Li o que estava no papel em voz alta.

– Lucy... – Disse baixo.

Dirigi-me para a Guilda e voltei para a aula, embora não me tenha conseguido concentrar...

– Erza! – Chamou o Gray.

Olhei para ele surpreendida e vi que o Natsu e o Happy estavam com ele.

– Sim? – Perguntei.

– A aula já terminou... – Informou-me o Happy.

– O quê? – Disse, olhando em volta da sala. O dia já tinha chegado ao fim e eu não tinha dado por isso.

– Obrigada... – Agradeci enquanto guardava as coisas apreçadamente.

– Até amanhã. – Disse-lhes, enquanto saía com passo acelerado da sala.

Tinha que encontrar a Lucy antes de ir para casa.

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