Capítulo 39 - Os arruaceiros de Argeon

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Argeon, Hotel, 16h00...

Lucy

– Despacha-te! – Continuou ele a gritar.

– Já vou! – Retroquei aos berros.

Acabei de prender o cabelo com um rabo de cavalo de lado, peguei na minha bolsa e saí.

– Tanto tempo! – Resmungou o Natsu.

– Tu demoras o triplo... – Respondi-lhe entre dentes. Ele suspirou e saímos do Hotel.

Tirei da minha bolsa um bloco de notas e comecei a ler os meus apontamentos. Eu e o Natsu íamos retomar a nossa visíta à cidade e estava a rever os meus últimos apontamentos para saber para onde é que iríamos a seguir.

– Certo. Hoje vamos ao parque da cidade. – Informei-o, guardando o meu bloco de notas.

Ao virar-me para o lado, o Natsu já não estava comigo.

– Como?! – Explodi.

Ele massacrou-me por estar atrasada, e agora desaparecia? Qual é a dele?!

Saí do pátio furibunda e dirigi-me até ao parque da cidade.

– Idiota... Não me interessa! Esteja ele onde estiver, não me importo. Quero lá saber! – Resmunguei com os meus botões.

No caminho até ao parque, pude reparar que onde quer que eu estivesse, um certo homem também estava.

– Estou a ser seguida? – Perguntei baixinho a mim mesma, parando e olhando pelo canto do olho para trás.

Facilmente se percebia que era um homem, e comecei a ficar nervosa. Cheguei a uma rua pouco movimentada, onde maior parte dos que se encontravam eram drogados ou bêbedos...

Alguém me puxou pelo pulso e fui encostada ao peito de um homem com uma faca apontada ao meu pescoço.

Guinchei com medo. Esta gente tinha a mania do drama, e o homem cheirava a álcool.

– Solta-me, porcalhão! – Ordenei-lhe. Percebi que era o homem que me estava a seguir antes e fiquei tensa.

Peguei nas minhas, chaves mas um deles roubou-mas.

– Hey! – Gritei.

– Diz-me lá, miúda. Estas chaves valem alguma coisa? – O homem perguntou-me num tom de gozo.

– Nem imaginas o quanto... – Disse-lhe com um sorriso confiante. Ele não fazia ideia do que estava a tocar.

– Podes ficar com essa loirinha... E com as chaves dela também... – Disse o convencido ao homem que me agarrava.

– Desculpa? Eu não sou mercadoria para te referires a mim dessa forma! – Gritei, tentando-me soltar.

Consegui mexer uma das minhas pernas e dei um chuto nos países baixos do homem que cheirava a álcool.

Tentei alcançar as minhas chaves mas fui agarrada novamente, desta vez por o outro que se tinha referido a mim.

– Solta-me! – Ordenei ao homem, que por sua vez chutou as minhas chaves para longe.

– Desculpa lá, Max, mas de facto esta miúda é interessante. – Disse o homem, dirigindo o olhar para aquele que eu tinha atingindo lá em baixo.

– Solta-me agora! – Exigi, tentando ferrar-lhe o braço. Sem êxito.

– O meu nome é Masayuki, e acho que nos vamos divertir muito... – Ele susurrou na minha orelha.

Arrepiei-me com aquilo e fiquei indignada. Eram todos uma cambada de porcos!

Ele começou a por uma das mãos na minha perna, fazendo-me arrepiar.

– Hey, para! – Gritei.

Ele começou a rir-se e tentou lavantar a minha saia, mas, do nada, uma das casas ao lado explodiu, fazendo-o largar-me.

Caí no chão e vi a quantidade de chamas que envolvia o edifício desmoronado. Os meus olhos arregalaram-se e deixei cair algumas lágrimas quando as chamas começaram a ser sugadas por um rapaz.

– Lucy... Se precisavas de relembrar o dia em que nos conhecemos e em que eu te salvei, não precisavas de te envolver em problemas. – Ouvi aquela voz dizer.

– Natsu... – Chorei e sorri.

– E tu, meu grande idiota... – O rapaz do cabelo rosa continuou, referindo-se ao homem que me tirou as chaves.

– Nunca mais ponhas as mãos em cima dela! – O mesmo gritou, saindo de dentro daquela núvem de poeira e dando um soco na cara do homem, progetando-o para bem longe.

Todos os outros que estavam a assistir desapareceram num abrir e fechar de olhos, ficando apenas eu e o Natsu.

Levantei-me devagar e procurei no meio dos destroços pelas minhas chaves.

– Procuras isto? – Ouvi o Natsu perguntar.

Virei-me e ele dava voltas com o meu porta-chaves no seu dedo indicador.

– Sim... – Sisse com um sorriso.

– Então vem buscar. – Ele desafiou-me num tom divertido.

– Eles trataram-me como mercadoria, e tu tratas-me como um cão? – Ri-me, indo na direção dele.

Tirei as minhas chaves das suas mãos e voltei a colocá-las no meu cinto.

Senti o Natsu agarrar a minha cintura e arrepiei-me. Não tinha a certeza do que iria acontecer a seguir, mas encarei-o. Provavelmente ele ia-me fazer beijá-lo, e se fosse esse o caso eu teria que recuar (mais uma vez)...

– Eu compreendo aqueles homens... – Ele começou, olhando para mim.

– O quê? – Foi a única coisa que consegui dizer. Como é que ele podia compreender tarados como aqueles?

– É difícil resistir a uma rapariga tão bonita como tu, Lucy. – Confessou-me, fazendo-me corar.

Ele aproximou-se e beijou-me, algo doce e calmo. Derreti-me completamente com as palavras dele e o beijo deixou o meu corpo mole.

A única coisa que consegui fazer foi puxar o cachecol dele, aprofundando o beijo. Quando acabou fiquei preocupada, mas encarei-o. Ele começou a rir-se e eu fiquei envergonhada. O que tinha acabado de acontecer tinha sido mesmo estranho...

– Talvez fosse melhor voltarmos para o Hotel. – Ele sugeriu, despreocupadamente.

Sei que ele estava a tentar agir normalmente, mas podia ver a preocupação no seu olhar.

– Dás-me o teu... O teu cachecol? – Pedi, corada.

Ele deu-me um dos seus sorrisos lindos e colocou o cachecol no meu pescoço. Deixei cair a cabeça no seu braço e dei-lhe a mão, e assim ficamos até chegarmos ao hotel.

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