Capítulo 30 - Constipação + Problemas

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Casa da Lucy, 08h15...

Lucy

Já se tinha passado uma semana desde a aula prática em que o Natsu foi ferido. Tivemos desde então cinco dias de descanso e hoje retomávamos as aulas teóricas.

Tinha acabado de ligar o chuveiro e estava a preparar o meu uniforme da Academia. Dei uma última dentada no meu pão e entrei no banho. A água estava quente e sentei-me no chão de azulejo, encostada à parede fria.

– Atchim! – Espirrei.

– Não acredito que me constipei... – Choraminguei, encolhendo-me e escondendo a cara entre os joelhos.

Lavei-me rapidamente e fiquei cinco minutos debaixo da água quente.

Saí a tremer e espirrei mais duas vezes, tendo que assoar o nariz várias vezes.

Depois de me vestir, tirei três pacotes de lenços de papel do armário do quarto de banho e guardei-os no meu saco escolar.

– Como é que me atrasei assim tanto?! – Gritei para mim própria ao olhar para o relógio. Depois de escovar o cabelo decidi levá-lo solto. Abri a gaveta do armário e tirei um gorro, calcei umas luvas e saí de casa.

Ao passar na rua todos olhavam para mim.

E porquê? É Verão...

É estúpido andar de gorro e luvas quando estão todos de manga curta e calções... Mas eu estava cheia de frio e sentia a cabeça pesada, para além de achar que estava com febre.

Encontrei o Natsu pelo caminho e ele riu-se das minhas figuras, fazendo-me conter para não lhe dar um murro.

Ele parou de rir e eu tentei ignorar o facto de me querer virar para saber o porquê disso, uma vez que ele ia atrás de mim. Senti algo quente e com o seu cheiro enrolar-se à volta do meu pescoço, e fiquei corada ao perceber o que era.

– Natsu... – Foi a única coisa que consegui dizer.

– Eu... Hmm... Não precisas de mo dar... – Disse, tentando não gaguejar.

Ele tinha-me dado o seu cachecol. Aquele que raramente tirava e que estimava com tanto carinho.

– Tens que trazer um amanhã... – Ele respondeu enquanto as suas bochechas ganhavam um tom vermelho.

Sorri-lhe e agarrei a sua mão, o que o fez corar mais. Era engraçado andar com as coisas dele, principalmente as que ele mais gostava. Fazia-me sentir importante!

Chegamos à Guilda e ele largou a minha mão, como se estivesse com vergonha ou algo do género.

Fiquei um pouco irritada, mas lembrei-me do gesto que ele tinha tido há minutos atrás quando me deu o cachecol. Rapidamente deixei de o ver, mas aposto que devia estar com o Gray ou coisa do género, por isso fui ter com as meninas.

– L-Lucy? – Disse a Erza, corada.

Ela olhou para o que eu trazia ao pescoço.

– Isso não é...? – Ela quis confirmar, mas cortei-a.

Disse, é... É o cachecol do Natsu... – Respondi rápido, corando e agarrando o cachecol.

– Que gesto simpático por parte do menino Natsu! – Disse a Wendy, já recuperada depois da aula prática.

– A Juvia também gostava que o seu querido Gray fosse assim... · Choramingou a Juvia.

Ouvi algumas pessoas a queixarem-se todas com a mesma pessoa. Uma rapariga de cabelos claros e curtos vinha na nossa direção com um olhar furioso.

A Erza ficou tensa de imediato e pôs-se um pouco mais à minha frente. Fiquei confusa com aquela reação, mas rapidamente percebi o porquê disso pelo tom de voz com que a Lisanna se dirigiu a mim.

– Lucy... – Ela disse baixo e com um tom de voz irritado.

– Sim? – Respondi, confusa.

Ela levantou a sua mão como se tentasse dar-me um estalo, mas eu agarrei o seu braço.

– O que é que se passa? – Perguntei num tom agressivo.

– Como é que foste capaz de pôr a vida do Natsu em risco?! Tu não tens esse direito! – Rosnou ela.

Lembrei-me do ferimento que o Natsu sofreu ao defender-me de um ataque na aula prática, e percebi o que ela quis dizer, largando a sua mão.

– Não podes contar com os outros para te defenderem. Se não és forte o suficiente para te defenderes sozinha então podes muito bem sair desta Guilda. – Ela continuou.

Fiquei surpresa e magoada com as palavras dela, mas manti-me firme.

Segundos depois ela reparou que eu tinha o cachecol do Natsu ao meu pescoço, o que a fez ficar ainda mais irritada.

– O que pensas que fazes com este cachecol? – Ela explodiu, agarrando a ponta do mesmo.

Foi a gota d'água.

Sacodi a sua mão bruscamente fazendo-a largar o cachecol e confrontei-a.

– Primeiro: tu não tens nada que ver sobre o facto de eu ser fraca ou não. Segundo, também não tens nada que ver com o que eu faço ou deixo de fazer com este cachecol. E para tua informação, foi o próprio Natsu que mo emprestou! – Explodi, fazendo-a ficar ainda mais irritada.

Ela preparava-se para continuar com a discussão, mas a Erza pôs-se à frente dela com o seu olhar assustador.

– Acabou a discussão... – A mesma disse num tom de voz sério.

Pensei mesmo que ela e a Lisanna se iam pegar, mas a Erza cortou as suas reações.

– Lisanna, já está na hora das aulas. Vai para a tua sala. – Ordenou a rapariga do cabelo escarlate, fechando os olhos para que esta lhe obedecesse.

A rapariga em causa afastou-se e entrou na sua sala, lançando-me um último olhar furioso.

Assim que ela fechou a porta suspirei de alívio.

– Obrigada, Erza. Estava a ver que ela nunca mais se ia embora. – Agradeci-lhe, fazendo-a voltar-se de frente para mim.

A sua expressão era séria, o que me fez pensar que ela me ia torturar ou algo assim. Mas ela não o fez (obviamente...).

– Isto é muito grave. Não posso permitir que algo do tipo aconteça... – A rapariga disse, preocupada.

– Lamento... – Consegui dizer baixo.

O Macao aproximou-se para entrar na sala e logo atrás vinham o Natsu e o Gray com o Gajeel, o Romeu e o Happy.

– Por agora esta discussão fica apenas entre as raparigas. Lucy, tenta evitar estas brigas... – Finalizou ela, entrando na sala.

Olhei para o Natsu e os nossos olhares encontraram-se. Ele sorriu e eu forcei um sorriso, enquanto pensava na discussão que tinha acabado de acontecer.

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