Capítulo 24 - Domingo a dois

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Casa da Lucy, 10h40...

Lucy

Depois de eu e as meninas termos arrumado toda a bagunça em que a minha casa tinha mergulhado por causa da nossa festa, elas foram embora e eu atirei-me para o sofá, exausta.

Estava com o cabelo apanhado e com uma saia preta e uma camisola cor de rosa.

– Cor de rosa... – Disse baixinho.

– Cor de rosa... – Repeti mais uma vez.

Uma imagem de uma cabeleira cor de rosa surgiu na minha cabeça.

Sacudi a cabeça rapidamente e fechei os olhos. Estar apaixonada é uma sensação boa, mas com a Lisanna sempre a rossar-se no Natsu é difícil viver o momento...

Soltei o cabelo, escovei-o e fiz o meu normal penteado com um rabo de cavalo de lado. As meninas tinham comido toda a comida que havia em casa e precisava de encher as prateleiras dos armários.

Peguei rapidamente numa bolsa e saí para "reabastecer o posto".

Dirigia-me à mercearia para ir comprar algumas coisas quando vi uma cabeleira precisamente cor de rosa.

Tentei tirar os olhos daquele idiota, mas parecia que estava paralisada.

Quando os olhos do Natsu encontraram os meus parecia que me tinham dado um tiro.

– Bolas! – Resmunguei, conseguindo finalmente mexer-me. Acelerei o passo, tentando esconder-me entre a multidão.

Olhei apressadamente para trás e deixei de o ver. Achava que podia suspirar de alívio por ele não me ter seguido, mas os meus pensamentos foram cortados por um puxão.

Umas mãos puxaram-me para um beco escuro e fiquei cheia de medo. A minha respiração estava acelerada e não me conseguia mexer. A pessoa encostou-me à parede e eu apenas fechei os olhos.

– Não precisas de ficar com medo. Achas que te vou magoar? – Uma voz divertida perguntou-me.

Abri lentamente os olhos e corei, ainda a tremer.

– Natsu? – Disse baixo, com medo.

Ele encostou a sua testa na minha, deixando assim os nossos rostos a poucos centímetros um do outro. Instintivamente, agarrei a ponta do seu cachecol e puxei-o para perto.

Eu continuava contra a parede e o Natsu estava encostado a mim, por causa do meu puxão.

Tinha vontade de o beijar, mas contrareei o meu desejo simplesmente abraçando-o.

Pude ver que há cinco segundos atrás ele olhava para mim com um olhar que eu nunca tinha visto antes. Fiquei um pouco assustada só de pensar no que aquele olhar poderia querer dizer, mas afastei os meus pensamentos quando ele retribuiu o abraço.

Acabamos por sair do beco e ele foi comigo à mercearia.

– Por que é que fugiste de mim, ao bocado? – Perguntou-me

Peguei em duas laranjas e tentei pensar numa resposta minimamente aceitável.

– Porque estava com pressa. Preciso de fazer umas compras rapido... – Expliquei o melhor que pude. Acho que ele não acreditou no meu argumento esfarrapado, mas não me perguntou mais nada.

Depois das compras acabei por convidar o Natsu para almoçar em minha casa. Obviamente ele aceitou, quase a babar-se em cima de mim só de pensar na comida que eu iria fazer...

Chegamos a casa e ele atirou-se para o sofá.

– O que é isto? – Perguntou, pegando numa pipoca que estava colada à almofada.

– O que é que te parece? – Retruquei sarcasticamente. Ele lançou-me uma cara ridícula.

Suspirei por ele querer saber de tudo da minha vida. Até nem era mau, pois significava que ele se preocupava comigo.

– Ontem eu e as meninas fizemos uma festa de pijama aqui em casa. – Contei enquanto cortava uma cenoura.

– O quê? Foi só meninas, certo? – Ele quis certificar-se.

– O que estás a querer dizer com isso?! – Ripostei, corando.

– Fomos eu, a Levy, a Wendy, a Erza, a Charls e a Juvia. Nós não somos taradas nenhumas ou coisa do género. – Disse indignada.

Pude ouví-lo a abafar as suas gargalhadas, mas tentei não explodir em raiva.

– Ainda bem. – Disse ele, como se fosse meu pai.

– E se tivesse estado algum rapaz? Tu não tinhas nada que ver com isso... – Disse como se estivesse zangada, mas por dentro estava a desfazer-me em gargalhadas.

– Eh... Pois, tens razão... – Gaguejou ele, ligeiramente corado.

Deixem escapar um sorriso enquanto pegava num pão.

Depois do almoço demos um passeio na praia. Há três dias atrás tinha fugido desta mesma praia a chorar, e agora estava aqui a passar um belo tempo com o Natsu, por quem me tinha apaixonado. Lanchámos tarde e a más horas, e quando voltamos a casa já era de noite.

O Natsu esparramou-se em cima da minha cama e adormeceu quase instantaneamente. Tentei acordá-lo, abanei-o todo. Puxei-o numa tentativa de pelo menos deixá-lo a dormir no chão, mas ele parecia colado ao colchão.

– Natsu... – Disse em desespero. Estava cansada depois daquele longo dia e só queria a minha cama.

– Por favor, sai daí. Eu estou cheia de sono... – Implorei.

Virei-me de costas para me ir deitar no sofá, mas a sua mão puxou-me. Acabei deitada com ele, quase esmagada pelo seu bem definido corpo. O seu braço estava em cima da minha barriga (quase a tocar num dos meus peitos...) e o rosto dele estava quase a tocar no meu.

– Natsu! – Gritei corada. Isto era demasiado! Senti-me como se me estivessem a fazer sei lá o quê...

– Sai! – Gritei ainda mais alto.

Tentei por pelo menos o braço dele mais para baixo, mas era quase impossível. Depois de muito esforço consegui pô-lo apenas sobre a minha barriga. Com os pés, consegui descalçar-me e deixar os sapatos cairem no chão.

Aquele palerma não acordava! Até já lhe tinha batido, beliscado e puxado os cabelos. Mas nada funcionava.

– Para de ser bruta! – Ele disse, abrindo de repente os olhos.

Quase deixei escapar um guincho. Tinha sido apanhada completamente desprevenida.

– Natsu, eu quero sair. – Disse-lhe.

Logo de seguida ele fechou os olhos, como resposta. Soltei um grunhido e comecei a mexer as pernas.

– Para. – Ele ordenou, mas desta vez não abriu os olhos.

Mesmo sem querer obedeci à ordem assim que ele levantou a mão e me puxou contra o seu peito, impedindo assim que eu mexesse as pernas.

Estávamos encostados um ao outro. Era tão estranho... Mas bom ao mesmo tempo. Recuperei a consciência e desta vez bati-lhe na cara (era o único sitio em que eu lhe podia bater no momento).

Só passados quase cinco minutos é que ele abriu os olhos, com uma expressão zangada. Encarei-o da mesma forma, como quem diz "eu quero sair", mesmo não querendo.

Ele ignorou e agarrou a minha cintura, ajeitando a sua cabeça perto do meu peito, abaixo do meu pescoço. Isto estava a ir longe demais... Comecei a ficar com calor e nervosa. Mas ele não fez mais nada. Apenas ficou ali, agarrado a mim.

Percebi que era inútil continuar a bater-lhe, por isso soltei o cabelo e adormeci enquanto lhe fazia festas na cabeça.

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