Capítulo 22 - Depois de uma explicação...

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Guilda, 08h10...

Lucy

Cheguei à Guilda com as outras e tentei entrar sem que ninguém me visse, o que foi quase impossível com tanta gente a andar de um lado para o outro. Mas o que eu queria mesmo era que um certo rapaz de cachecol não me visse.

Entrei na sala e ainda não estava lá ninguém.

– Missão bem sucedida! – Felicitei-me a mim própria.

Depois da aula tinha que ir falar com o Mestre por causa da minha magia não ter funcionado ontem na floresta, o que me ajudava a evitar o Natsu.

Sentei-me no meu lugar e ouvi vozes a aproximarem-se. Pude perceber que eram a Erza, o Gray e o Natsu.

– Bolas! – Reclamei baixinho.

Peguei rapidamente num caderno e comecei a escrever o meu nome, para parecer que estava a anotar qualquer coisa.

Lucy Heartfilia... Era curto demais! Maldição!

De seguida escrevi o nome da Erza, da Levy e da Juvia, enquanto esperava nervosamente que eles se sentassem.

– Bom dia, Lucy! – Ouvi uma voz familiar desejar-me. Bonito... Eu a tentar evitá-lo e ele aparece precisamente à minha frente...

– B-Bom dia, Natsu! – Disse com gargalhadas falsas.

Podia sentir as minhas bochechas a arder, o que me deixou nervosa. Olhei para a Erza, como quem diz "Ajuda-me!".

Felizmente ela entendeu e disse ao Natsu que o Wakaba estava a chegar para nos dar explicações sobre o que tínhamos aprendido ontem. Isso era bom para mim, uma vez que não tinha aparecido na Guilda na parte da tarde.

– Ok. Sentem-se, por favor. – Pediu o Wakaba.

Cinco minutos após o pedido ser lançado já estavam todos nos seus lugares. Estava concentrada a fazer uns exercicios que o Wakaba nos tinha dado, quando um pequeno papel embrulhado caiu sobre a minha mesa

Abri-o e podia ler-se: "Estás chateada comigo? Fiz alguma coisa de errado? Por que é que ontem à tarde não vieste?".

Natsu? Eram muitas perguntas de uma só vez e tentei responder a todas elas. Depois de tanto riscar e apagar, tinha uma boa resposta: "Não, está tudo bem. Não se passa nada nem fizeste nada de errado. Ontem só faltei porque me doía a barriga."

Eu não tinha jeito nenhum para estas coisas de enviar papeis e muito menos pontaria. A minha mensagem acabou por se perder no cabelo do Natsu, e o coitado teve algum trabalho em encontrar o papel.

A aula avançou rapidamente e eu tirei o máximo de dúvidas que pude. Quando a turma se começou a levantar, arrumei rapidamente as minhas coisas e fui até uma pequena sala com uma placa na porta que dizia "Makarov". Tudo em letras maiúsculas.

Dei três toques na porta e ouvi um "Pode entrar." agradável e simpático. Abri a porta e o Mestre estava numa poltrona a ler.

– Olá, Mestre. – Disse carinhosamente.

– Olá, Lucy. Precisas de alguma coisa? – Perguntou o mesmo.

Rapidamente lembrei-me do que vinha falar com o Avôzinho.

– Sim... – Disse, fechando a porta.

– Bom, Mestre. Ontem eu estava na floresta e um macaco tarado apareceu. – Comecei e senti as minhas bochechas a aquecerem.

– Ele ia atacar-me e eu tentei defender-me com um dos meus espíritos Celestiais. Só que quando tentei abrir o Portal não aconteceu nada. A Erza apareceu momentos a seguir e salvou-me, mas eu queria saber por que é que não consegui usar a minha magia. – Contei o sucedido.

O Mestre agarrou o seu queixo e pôs um ar pensativo.

– Provavelmente ainda não recuperaste maior parte da tua energia mágica desde que abriste os três portais. – Supôs o Mestre, dirigindo o olhar para mim.

Percebi que ele me queria dizer algo do género: "Olha só o que foste arranjar.".

Deixei escapar um olhar triste, mas rapidamente me recompuz.

– Certo. Muito obrigada, Mestre. – Acabei por responder.

Rodei a maçaneta da porta e saí. Fiquei algum tempo encostada à mesma, enquanto pensava na minha vida. Nós estávamos numa "Academia de Verão", mas ainda não tínhamos ido nem uma única vez à praia.

Três horas depois, 12h30...

Sentei-me com o pessoal à mesa. Todos conversavam animadamente e eu tentava desviar o olhar do Natsu.

"Então, isto é que é... O amor?", perguntava-me a mim própria em pensamento enquando o observava a encher a boca. Vi duas mãos caírem nos seus ombros e a percorrerem os seus braços.

– Natsu, depois das aulas queres vir comigo dar um passeio? Podíamos ir à cabana onde guardamos o ovo do Happy e brincamos às mães e aos pais. – Quis saber a Lisanna, abraçando o seu pescoço.

Não consegui entender muito bem o que ele disse, porque falou com a boca cheia, mas tinha a certeza que ele tinha aceitado.

Logo de seguida agarrei as pontas da minha saia e cerrei os punhos. Aquilo deixava-me de rastos... Queria mais que tudo estar com ele, com o Natsu, e saber que havia alguém que queria exatamente o mesmo que eu fazia-me chorar.

Uma coisa era chorar com as meninas. Outra coisa era chorar com toda a Guilda a ver. Apertei ainda mais a saia e deixem escapar um minúsculo grunhido, o que criou alguns expectadores.

– Então, loirinha. De onde veio essa raiva? – Questiou-me o Gajeel num tom de gozo.

– Que bicho te mordeu? – Insistiu, visto que eu não lhe respondia.

O rapaz começou a tocar-me no ombro uma e outra vez, o que me levou à loucura.

– És capaz de parar com isso?! –  Disse num tom alto, severo e irrirado, apanhando-o desprevenido. Levantei-me repentinamente e saí da Guilda. Precisava de apanhar ar.

Sentei-me em cima de um barril que havia nas traseiras da Guilda e encostei a cabeça à parede atrás de mim. Suspirei, cansada deste meu estado nervoso. O dia mal tinha começado e eu bem que podia ir dormir.

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