Capítulo 36

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Depois de um bom tempo me olhando no espelho, vesti minha jaqueta de couro preto e fui até a sala principal, onde eu e Jisoo administraríamos a marca. Adentrei o lugar decorado cuidadosamente e logo a vi com o olhar sorridente voltado para mim. Eu consigo enxergar através de seus olhos o quão satisfeita ela está, assim como eu, por conseguirmos chegar aonde estamos. 

— Está nervosa? — a mais velha veio até mim e me deu um breve abraço.

— Um pouco. Você acha que vão perguntar muitas coisas? — olhei-a receosa.

— Talvez, estamos lançando uma marca nova no mercado, é normal — deu de ombros.

— Parece tão cedo para darmos uma entrevista — balancei a cabeça de um lado para o outro afim de espantar o pessimismo. 

— Hyeri-ya, confia em mim! Vai dar tudo certo! — fixou seus olhos nos meus como se estivesse transferindo alguma porcentagem de sua confiança — Taehyung já está aqui?

— Sim.

— Certo, Seokjin também. Respira fundo... E vamos! — demos as mãos e sorrimos uma para a outra.

Assim que abrimos a porta, avistamos vários fotógrafos e entrevistadores nos aguardando. Em uma mesa frente à todos, estavam alguns investidores, Jin e Taehyung. Sentamos nas cadeiras indicadas e sorrimos para todos os lados, já que não era coordenado o ritmo em que os flashes eram disparados.

(...)

— Como vocês se conheceram? — perguntaram.

— Cursamos Moda juntas e nos tornamos melhores amigas a partir daí — Jisoo explicou com calma e leveza.

— Vocês já pensavam em criar a "Kim's" há muito tempo ou foi algo recente?

— Nós decidimos depois que algumas coisas importantes aconteceram em nossas vidas e, consequentemente, fizeram nossos caminhos se cruzarem. Hoje Jisoo faz parte da minha família e encaramos tudo isso como uma oportunidade de avançar juntas — respondi e fiquei orgulhosa de mim mesma.

— Quantos anos vocês têm? Pretendem aceitar investimentos num futuro próximo? 

— Eu tenho 25 anos e Hyeri tem 22, e sim, já começamos a receber propostas de investimentos — minha sócia respondeu e fez um sinal discreto para os investidores ali presentes.

— Qual o verdadeiro intuito da "Kim's"? 

— Bom, não queremos que apenas o lucro seja visado. É fruto de uma união entre nós e queremos expressar de maneira única isso, como a Moda nos uniu. — respondi.

— Algum projeto beneficente para ingressar? 

— Com certeza — respondemos em uníssono.

(...)

A coletiva de imprensa correu perfeitamente bem. Diferentemente do que imaginei, consegui responder muitas perguntas com firmeza e, claro, com o auxílio de Jisoo. Logo de início, a nossa marca já teve bastante foco. Meus irmãos divulgaram tanto em Busan quanto nos arredores e Taehyung é quem está cuidando da parte administrativa da empresa, apesar de pequena ainda.

O lugar que escolhemos para ser a "central", onde tudo começou, não é enorme. Um ambiente acolhedor, rústico mas ao mesmo tempo moderno. Quando todos saíram de lá, encerrando a correria do dia, ficamos apenas com nossas famílias.

— Já vão embora mesmo? — perguntei para Mi-Ran, que confirmou com a cabeça.

— Vocês devem estar cansados, aproveitem para descansar hoje — meu pai interferiu de repente.

— Appa, vocês também vão para Daegu hoje? — eu tinha quase certeza de que dormiriam no apartamento de Jin e a família de Tae dormiria no nosso.

— Unnie, você estava perfeita! — Eon-Jin envolveu minha cintura num abraço repentino mas cheio de carinho, o que fez minhas mãos diretamente irem para suas costas.

— Aqui, Eon-Jin, comprei os pãezinhos que você queria — minha mãe e Namjoon se aproximaram juntos, estendendo um pacotinho para a mais nova, que agradeceu em seguida.

— Minha filha, pode vir aqui um segundo? — assenti e acompanhei meu pai até o lado de fora.

— Está tudo bem?

— Parabéns por tudo isso, marrentinha! Você traz tanto orgulho para o seu velho... — seus olhos se encheram de lágrimas, assim como os meus ao vê-lo tão sentimental.

— Appa... Obrigada! — abracei-o com delicadeza.

— Como estão as coisas com Taehyung? — perguntou nada discreto.

— Está tudo bem, já estamos acostumados a morar juntos — ri.

— Já estão fazendo o serviço certinho para me dar um segundo neto? — corei no mesmo instante e ele riu — Se você soubesse como o fogo nessa idade é...

— Appa! Não quero escutar sobre o fogo seu e da omma! — tapei os ouvidos frustrada com o rumo que a conversa tinha tomado e ele continuava a rir.

— Bom, deixa eu chamar o pessoal para pegarmos a estrada, já está ficando tarde — afastou-se de mim enxugando uma única lágrima que insistiu em escorrer pelos risos.

— Espera! — corri até ele e o abracei mais uma vez, como se dependesse disso para viver — Eu te amo, appa...

O abraço quentinho que eu estava acostumada a receber desde pequena fora dado novamente. Por um instante, senti como se eu tivesse oito anos de idade e aquele abraço fosse o único remédio capaz de curar  dor de um tombo qualquer. Lembrei-me de cenas tão simples mas que se tornaram eternas e significantes em minha memória.

Quando eu chegava cansada das brincadeiras de rua, era comum ver Jin oppa acompanhando cada movimento de minha mãe enquanto cozinhava, até que um dia foi uma sopa feita especialmente por ele que fora servida no jantar. 

Algumas vezes eu perturbava a tranquilidade de Namjoon enquanto ele jogava empenhado a ultrapassar os recordes de Taehyung, e eram nesses dias que ele mais subia no telhado de casa para ficar remoendo fatos inexplicáveis. Talvez daí tenha surgido sua curiosidade pelas centenas de interrogações vagas na medicina.

Aos finais de semana era inevitável que todos nos reuníssemos. Como uma regra inquebrável, sempre estávamos juntos. De um lado da sala, nossos pais jogavam Go Stop com direito aos olhares curiosos de Namjoon sobre o tabuleiro. Enquanto isso, o resto de nós ficava deitado no chão de frente para a televisão, acompanhando os festivais de música de Daegu, esperando a hora de saber quem havia apostado errado.

— Boa viagem! Avisem quando chegarem... — acenamos e poucos segundos depois perdemos o carro de vista assim que dobrou a esquina.

— Um beijo para vocês, fofos, já estamos de saída também — Jisoo se pronunciou bem humorada.

— Até depois — Taehyung se despediu e fiz o mesmo em seguida.

(...)

Entramos no carro e a nostalgia ocupou parte da minha mente. O que me tirou dos devaneios da meia noite foi o contato macio da mão de Taehyung sobre a minha. Entrelaçamos nossos dedos e seguimos o caminho todo assim...





Olá, queridos leitoresss! Tudo bem?

O que acharam do capítulo? Trouxe uma visão de outro ângulo.

Gostaram das breves lembranças de Hyeri?

O que acharam do começo da marca "Kim's"? Gostaram?

Até o próximo capítulo! Trarei surpresinhas...

Um beijo e um queijo, J ❤




Since Daegu | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora