Capítulo 5

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O olho perplexa, lembrando-me do meu sonho.

Ao ver meu silencio, Charles fita seus olhos nos meus.

- Sabe que não estou falando sério, não é? 

- Eu sei. - Eu não sabia.

- Bom, por um minuto achei que estaria interessada em mim. - Ele diz desviando seu olhar de mim. 

- E se eu estiver? - Pergunto sem pensar. 

Espera, por que eu perguntei isso? 
Eu não estou interessada nele. Eu não o conheço direito, não faz o menor sentido. Talvez seja só atração. É isso, eu estou apenas atraída por ele.

- Eu partirei seu coração. - Ele diz olhando para baixo. 

- Por que acha isso? - Pergunto franzindo meu cenho.

- Porque eu não sou alguém que irá te retribuir. - Charles ainda está sem olhar para mim.

- Como pode afirmar isso com tanta certeza? - Pergunto.

Eu sei que talvez eu estivesse fazendo muitas perguntas, mas eu precisava entendê-lo melhor.

- Você não é suficiente pra mim. - Após dizer essas palavras, seus olhos encontraram os meus. Seu olhar era frio e intenso, como sempre.

Aquelas palavras me machucaram profundamente. Desvio meu olhar dele e passo as mãos em meu cabelo, jogando ele de lado, tampando meu rosto.

- Vamos focar no trabalho. - Digo apenas. - Vamos começar a pesquisar primeiro.

- Ok. - Ele diz.

Finalmente toca o sinal. Saio para minha próxima aula sem olha-lo.  Ele realmente não precisava ser um otário. 

Antes, passo no banheiro. Lavo meu rosto e respiro fundo. Em seguida, me seco e olho meu reflexo no enorme espelho a minha frente.

- Você não é suficiente. - Lembro e relembro de suas palavras. 

Não é verdade Alma. Você é suficiente.  -Penso. - Eu sou suficiente. 

Por que eu fiz aquelas perguntas estúpidas? Ele vai achar que eu estou interessada nele. Bufo, com raiva de mim mesma, sentindo-me profundamente arrependida.

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- Está tudo bem? - Jake pergunta ao me ver cabisbaixa. 

Estávamos no carro, indo para a casa.

- Está. Só foi uma manhã difícil. - Digo, olhando pela janela.

- Olha a nossa vizinha no ponto de ônibus. - Jake diz e eu olho. - Manda ela entrar no carro. - Ele diz aproximando o carro dela.

- Oi! - Digo com um sorriso em meu rosto. - Está indo pra casa?

- Oi, estou sim. - Elisa responde. 

- Entra ai. - Digo.

Ela aceita e entra.

- Muito obrigada. - Ela agradece sorrindo.

- Elisa esse é meu irmão, Jake. - Digo a apresentando.

- Olá Jake. é um prazer. - Ela diz com um sorriso.

- Oi Elisa. - Ele da um pequeno sorriso a olhando pela espelho-retrovisor interno. - Então, de onde você é? 

- Rio de Janeiro.

- Cidade grande. Entendi. Por que veio para Salum? Essa cidade tão pequena e fria. - Jake diz com os olhos na estrada.

Ela sorri.

- Cidades pequenas tem seu charme. E bom, eu vim porque meu pai é pastor. Ele foi escolhido a dirigir uma igreja na cidade.

- Muito legal! - Digo.

- Então você é cristã? - Jake pergunta

- Sou. - Ela afirma com seus olhos  brilhando. - E você?

- Não. - Jake responde em um tom mais sério.

- Entendo. - Ela diz de um jeito amigável.

Jake não era nada religioso e por algum motivo, ele tinha implicância com os cristãos. Eu já perguntei o motivo, mas ele nunca me diz. 

Finalmente havíamos chego, Jake nos deixou em frente a casa da Elisa e foi estacionar o carro.

- Eu disse alguma coisa? Seu irmão ficou estranho. - Ela pergunta sem entender.

- Não. Que isso. Jake é complicado  mesmo, não ligue pra ele. - Dou de ombros. - Nos vemos depois. - Digo.

- Ok. Obrigada pela carona. - Ela diz e acena com a mão. enquanto eu atravesso a rua para minha casa.

O olho de cara feia, assim que ele sai do carro. Jake me ignora e vai em direção a porta, vou atrás dele.

Ao abrir a porta de casa vejo o meu pai e a Emma na cozinha.

- Pai! - Digo indo abraça-lo. 

Em seguida olho para a Emma que está sentada na mesa, com a mão em sua testa, chorando. Me afasto do meu pai e olho para os papeis em suas mãos. 

- O que está acontecendo? - Pergunto temendo a resposta.

- Por que você está chorando mãe? - Jake pergunta preocupado.

- Não vai me abraçar, Jake? - Meu pai pergunta o olhando.

- Te abraçar? Por que eu faria isso? Por que você foi um pai presente nesses últimos meses? Por que você ligou pra perguntar se estávamos bem todos os dias? Por que você disse que sentiu nossa falta? - Jake ri ironicamente. - Ah espera. Você não fez nada disso. - Disse com raiva.

- Eu estava ocupado Jake. Não estava vagabundando que nem você faz o tempo todo. - Meu pai eleva a voz.

- Parem! - Exclamo. - O que são esses papéis na sua mão, pai? E por que a Emma está chorando? - Pergunto.

Ele e Emma se entreolham e meu pai fica em silêncio.

- Papéis do divórcio. - Emma diz parecendo segurar suas lágrimas.

- Divórcio? - Pergunto assustada. - Como assim Pai? Por que está se divorciando? - Pergunto com raiva.

- Não é obvio? Com certeza depois que ele se livrar da minha mãe, poderá finalmente assumir sua amante. - Jake diz em tom de deboche.

Meu pai se aproxima dele com sua expressão séria.

- Cala a boca Jake. Eu ainda sou teu pai e exijo respeito. - Meu pai diz firme.

Jake ri amargamente e não se deixa intimidar.

- Como você quer exigir algo que você não dá? - Jake fita seus olhos nos dele. 

Meu pai respira fundo e fecha a mão para socar o Jake.

- Chega Vincent! - Emma grita levantando da cadeira. - Nós vamos nos divorciar como você quer. Vai viver sua vida e eu e meus filhos viveremos a nossa.

- A Alma vai comigo morar em Los Angeles. - Meu pai apenas diz, como seu eu não tivesse escolha ou opinião.

- O que? Não, não vou. - Protesto.

Ele lança seu olhar sério sobre mim.

- Você vai, Alma. Querendo ou não, amanhã de manhã esteja com suas malas prontas. Caso contrário esqueça que você tem um pai. - Ele diz rudemente, em seguida, sai batendo a porta.

Eu estava prestes a chorar. Emma apenas se aproxima e me abraça. 

- Emma... - Foi tudo o que eu consegui dizer antes de desmoronar em seus braços.

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