Capítulo 43

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"Assim como você não conhece o caminho do vento, nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o Criador de todas as coisas."

- Eclesiastes 11: 5

Recomeçar nem sempre é tão difícil, você só precisa saber por onde começar. Eu fiquei pensando qual seria o próximo passo depois da minha oração, afinal nada mudou. O dia seguinte chegou e eu tive que ir à faculdade, lidar com as mesmas pessoas e voltar para casa no fim do dia.

Então eu pensei:

"Talvez eu precise recomeçar sendo grata com as pessoas. Muitas delas oraram por mim e torceram pela minha recuperação."

Comecei pela minha igreja. No Domingo à noite, pedi ao pastor para que se pudesse, me concedesse a oportunidade no culto. E foi o que ele fez.

Olhei para todos aqueles rostos e entre eles, aqueles olhos castanhos escuros se destacaram. Charles. Eu não havia mais falado com ele desde aquele dia em que eu o confrontei e também não queria.

Mesmo meu coração palpitando forte todas as vezes que nos encontrávamos e nossos olhares se cruzavam, era melhor. Era melhor para mim e para meu bem, pelo menos.

- Paz do Senhor irmãos. Estou feliz de estar aqui diante de todos vocês. - Digo timidamente. - Quero agradecer a cada um pelas orações, pelo carinho comigo e com minha família. Obrigada de todo meu coração. Vocês são presentes do Senhor na minha vida. Obrigada a cada um que me visitou, que intercedeu, que abraçou e consolou meus familiares. Obrigada a todos, sem exceção. - Olho para o Charles. - Os dias foram menos dolorosos porquê vocês estiveram conosco. Eu não tenho as respostas que queria ter diante das coisas que passamos ou das coisas que Jesus nos permite passar, mas eu entendo que tudo que Ele faz ou permite é para a gloria do nome dEle. Eu não sei porque passei por esse processo tão doloroso em que quase perdi minha vida, mas eu sei que teve algum propósito. Foi algo muito maior que eu. E se um dia eu souber, eu conto o testemunho. Mais uma vez, obrigada. Agradeço a oportunidade. - Digo e entrego o microfone ao pastor que deu continuidade ao culto.

No final do culto, algumas irmãos vieram me abraçar. Me senti feliz e aliviada.

O Charles foi embora logo após o culto acabar. Não parecia bem, e isso me preocupou.

Mas eu apenas me esforcei para não pensar nele. Não tínhamos mais nada a ver e caso encerrado.

Jake e Elisa evitavam falar dele perto de mim. Na faculdade, eu não tive trabalho em evitar o Charles, já que ele mesmo estava fazendo isso. Confesso que fiquei incomodada, pois parece que eu quem o magoou. Tentei ser o mais indiferente possível, mas as vezes, na minha cama, eu chorava por conta de tudo isso.

Decidi finalmente voltar a trabalhar na lanchonete. Não reconheci todos os clientes de uma vez, mas aos poucos fui me acostumando com cada um.

- Boa tarde, gostaria de um cappuccino, por favor. - Disse Adam imitando um cliente soberbo e arrogante, após se sentar na cadeira do balcão.

- Claro senhor, o que mais deseja? - Pergunto entrando na brincadeira.

- O que a senhorita me indicaria? - Pergunta com seu nariz empinado.

- Talvez torradas? - Pergunto.

- Hum, é muito pobre para o meu paladar sofisticado. - Disse.

- Ah sinto muito senhor se o nosso estabelecimento não é digno do senhor. - Faço um ar de drama.

Em seguida, rimos juntos.

- Desde quando são tão engraçadinhos assim? - Elisa arqueia suas sobrancelhas.

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