Capítulo 1

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Dois anos depois.

"Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor." - Provérbios 19:21.

Alma Clark narrando.

Fazia alguns minutos que eu estava sentada em uma das mesas da pequena lanchonete retrô do senhor Sebastian. Hoje eu teria meu primeiro encontro com o Bryan. Eu o conheci esse ano na faculdade, ele é conhecido por lá, principalmente pelas meninas, o famoso "garoto dos sonhos".

Ele disse que estava interessado em mim e me convidou para sair. De início eu não quis, afinal por que alguém como ele iria querer sair comigo? Mas a Lauren, minha amiga, insistiu para que eu viesse, então aqui estou eu.

Confesso que ja estou arrependida, só pelo fato dele me deixar o esperando.

Tudo bem, ele só está vinte minutos atrasado, mas tudo ok. Provavelmente ele teve um imprevisto, mas já deve chegar logo. - Penso otimista,ignorando a voz dentro de mim dizendo que ele não viria porque talvez tenha esquecido, ou só quis brincar comigo.

Olho pela janela que está do lado direito da minha mesa para ver se eu o via. Me assusto ao perceber que havia um garoto olhando para mim do outro lado da rua.

Fico nervosa e paro de olha-lo. Pego meu celular e fico mexendo para me distrair. Ao criar coragem o olho disfarçadamente, para ver se ele ainda estava lá.

Com suas mãos escondidas no bolso da frente de sua calça jeans, ele continuava à me encarar. Ele me olhava de um jeito intrigado, parecendo confuso e sem acreditar no que estava vendo.

- Aqui está querida. - Disse o velhinho com pouco mais de sessenta anos, chamando minha atenção servindo-me o refrigerante.

- Obrigada senhor Sebastian. - Agradeço com um pequeno sorriso no rosto.

Suspiro. Eu não sabia o que fazer exatamente, mas eu sabia que não poderia demonstrar que estava sendo intimidada por esse estranho. Mesmo não fazendo ideia do porquê ele esta me encarando.

Pego meu celular e finjo estar falando com alguém por ligação, então o olho. Mas ele não estava mais lá. Suspiro aliviada.

E se ele estiver escondido? - Penso preocupada. Olho para os dois lados da rua, o procurando, mas não consigo vê-lo.

- Procurando alguém? - Pergunta uma voz masculina para mim.

- Ah não, eu só... - Minha voz embarga ao ver o garoto que estava do outro lado da rua bem na minha frente.

As batidas do meu coração estavam tão fortes que eu tinha certeza que ele podia ouvir.

- Você. - É tudo o que sai da minha boca. Eu estava surpresa e assustada.

- Estava me procurando? - Ele pergunta dando um pequeno e quase imperceptível sorriso.

Confesso que ele é bem bonito de perto. Seu cabelo era preto e seu porte era forte, mas não de forma exagerada. Seus olhos castanhos escuros me olhavam de uma forma sedutora e ao mesmo tempo fria.

- Não, é...- Tento raciocinar. - desculpa. - Sorrio sem graça. - Eu só... deixa pra lá. Você é novo na cidade? Não lembro de ter te visto por aqui. - Pergunto aleatoriamente.

- É.- Ele abaixa a cabeça, em seguida seus olhos encontram os meus. - Eu tenho que ir agora. Eu só entrei aqui porque precisava ver você de perto.

Ele diz e me encara por alguns segundos e antes que eu pudesse responde-lo, ele vai embora apressadamente.

- Espera! - Grito indo atrás dele. Ele para do lado de fora da lanchonete. - Como assim me ver de perto? Você me conhece? - Franzo o cenho.

Ele se aproxima de mim, com seu olhar intenso. Seus olhos percorrem todo o meu rosto eem seguida para nos meus olhos.

Sinto meu coração palpitar.

- Não. - Apenas diz e sai me deixando sozinha ali.

Que estranho. - Sussurro para mim mesma.

Olho para o céu, estava anoitecendo e ficando frio.

Decido ir para casa. Bryan não vai aparecer. Eu levei um bolo.
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- Não acredito que você está vendo esse filme de novo. - Digo ao chegar em casa e perceber que a minha madrasta estava assistindo Titanic pela terceira vez só essa semana.

- Você chegou querida. Como foi o encontro? - Pergunta ela se virando de costas para me olhar.

- O Bryan não foi. - Dou de ombros e sento ao seu lado no sofá.

- Ele avisou pelo menos? - Ela franze o cenho.

- Ele não disse nada. Mas com certeza ele vai ter uma explicação para isso. - Digo indiferente. - Mas sabe, conheci um garoto. Ele fez meu coração de gelo palpitar, acredita? - Dou um sorriso, sem entender bem esse sentimento.

- Um garoto? Como assim fez seu coração palpitar? Se apaixonou por ele? Amor a primeira vista? - Emma pergunta surpresa.

- Não! Eu só... Não sei exatamente o que aconteceu lá. - Olho para o chão, frustrada. - Mas enfim, talvez eu nunca mais o veja mesmo. Cadê o Jake, aquele cabeção?

Jake era meu meio irmão por parte de pai. Eu sou um ano mais nova que ele.

- O Jake está na casa do Adam. Não sei que horas ele chega.

- E meu pai?

- Não deu noticias. - Emma disse parecendo chateada.

Meu pai é professor de faculdade. Ele dava aula na minha faculdade, mas pediram para ele substituir temporariamente um professor que precisaria ficar três meses de licença. Só que a Universidade é em São Paulo, ou seja, outro Estado. No começo ele falava conosco todos os dias, mas de umas semanas para cá, ele quase não liga para nós e quando liga se apressa em desligar. Ele volta o mês que vem. Mal posso esperar pra que isso acabe. Não só eu, mas a Emma e o Jake também.

- Logo ele entra em contato. Ele deve estar com saudades. - Tento anima-la. - Enfim, preciso deitar, amanhã tenho que acordar cedo. Boa noite. - Digo me levantando.

- Boa noite querida.

Subo as escadas para meu quarto e ajoelho aos pés da minha cama como sempre faço.

- Obrigada Senhor pelo dia de hoje, e obrigada pela minha família. Nos guarda de todo mal, amém." - Em seguida, deito para dormir.

Sonho on.

Eu estava em um campo de girassóis, meu cabelo estava solto e eu usava um vestido azul, da cor do céu, florido. Estava sol e eu podia ouvir o barulho do vento suave. Respiro aquele ar tão puro e sorrio, sentindo uma paz.

A poucos metros de mim tinha uma pessoa. Demorei a perceber que aquela pessoa, era na verdade, o garoto misterioso da lanchonete. Dou passos em sua direção, ele por sua vez apenas me observa.

- Você. - Digo dando um pequeno sorriso.

Ele então, aproxima sua mão direita do meu rosto pegando uma mecha de cabelo meu e pondo atrás da minha orelha delicadamente.

- Oi, Minha Alma. - Ele diz quase como um sussurro.

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Antes Que Você VáOnde histórias criam vida. Descubra agora