13- Lembranças

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Moscou, Rússia - 1996

Corro em cima das poças de lama terminando de sujar mais ainda meus sapatos, mas a única coisa que importa agora é chegar em casa tempo. Logo que a chuva parou continuamos a jogar e depois perdido com as horas, vi que já eram 6:05, e eu deveria já estar em casa 5:30.

Aquelas roupas estavam pesando de tão encharcadas, e meus cabelos estavam cheios de terras e minhas mãos já vermelhas de tantas as vezes que cai com as lama me impedindo de correr.
E o meu primo continuava lá atrás.

- Vamos logo Josh, não podemos demorar demais. - o grito tentando abrir mais os olhos, mas a ventania e os poucos pingos de chuva que ainda caiam não deixavam.

- Calma, estou aqui. - aos poucos ele consegue me acompanhar. Mas pra ser mais rápido eu pego sua mão. E assim corremos mais rápido.

Não deveria ter trazido ele, pensava que já estava pronto e tinha entendido tudo, mas o mesmo mal jogou comigo e os meninos, e toda hora reclamava de algo. Pensava que mesmo sendo 6 anos mais novo que eu! Mas também não poderia me esquecer que ele tinha dpoc (doença pulmonar obstrutiva crônica) e que isso era um grande problema nesse momento!

- Porque a pressa? Ainda nem escureceu. - pergunta tremendo ao extremo.

- Não posso chegar tarde, outro dia vamos mais cedo e ficamos mais tempo ok?! - logo que vejo os labirintos cheios de plantas secas dos pés a cabeça engulo em seco, meio nervoso por ter que entrar ali, mas também tentando passar confiança para meu primo.

Não queria chegar pela frente! Era mais capas de pessoas indesejadas verem. Como meu próprio pai se já estiver aqui.

- Mas, deveríamos ir por lá....

Josh tenta protestar, também com medo. Mas não o deixo.

- Vamos, aqui não tem nada demais. - o chamo mas ele se nega a vim. - Josh, sério que tem medo de escuro? Eu já andei aqui várias vezes e decorei o caminho! Não se preocupe que ninguém vai brigar com a gente, e eu estou aqui. Só temos que entrar logo senão vamos adoecer com o tempo assim e essas roupas molhadas. - digo o convencendo.

Aos poucos fomos indo, o medo quase me fazendo esquecer o caminho para sair dali, mas deu certo, e logo que passamos pela pequena ponte em cima do lago, indo direto para a porta dos fundos da cozinha, paramos de andar assustados, eu escuto passos!
As folhas secas sendo pisadas como se estivesse alguém vindo em nossa direção.

- Oque é isso? - Josh quase gritou assustado e eu o puxo pra sairmos logo dali, e vamos direto para atrás da porta que dava para a área, um lugar onde tinha várias ortas, nunca consegui andar completamente por esse lugar pois é infinito! Esse terreno do meu pai é muito grande, e tem mais de 50 anos que está no nome de nossa família.

- Calado. - susurro e assim ficamos, só nossas respirações ofegantes e o ar gelado em nossos pulmões. Estávamos de mãos dadas ainda assustados.

- Aqui seu dinheiro.

- Não quero dinheiro algum.

- Ok, então vá embora. Já estou de saco cheio de você e seu filho aqui.

- Esse não foi o combinado.

- Não importa, quanto mais cedo melhor, você já fez oque deveria e isso é tudo. Meu filho não tem tempo para ficar tendo uma vida boa só brincando com seu filho, ele não é mais uma criancinha idiota!

- Gosta muito de infatizar que ele é seu filho não é mesmo?

- Com toda certeza! E porque não enfatizaria? Estou mentindo?

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