46- Pesadelo

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Abro meus olhos ao sentir um cheiro de fumaça, e não era parte de nenhum sonho.

Estava muito suado, e meu travesseiro estava úmido. Eu não conseguia enxergar nada, e comecei a tossir sem parar com o ar seco.

Estava tudo cinza, o cinza da fumaça de onde quer que estivesse tendo um incêndio.

Escutei gritos ao meu redor, provavelmente vinham dos corredores, os criados, desesperados.

Mas não continha só eles e eu ali.

Havia meu pai.

Minha mãe.

Minha irmã.

Em um pulo sai da cama, o chão parecia estar quente, uma temperatura diferente no ambiente.

Corri atrás do meu casaco, e assim que o peguei da minha cadeira na mesinha de estudos e o coloquei, peguei minha lanterna que usava pra ler debaixo da cama de madrugada.

Eu gostava de ler. Mas só podia se tratasse de assuntos "importantes", mas como eu não vejo estudos como lazer, então não é desse tipo de livro que leio escondido do meu pai (se ele souber, estou ferrado). Gosto de ler livros de fantasia.

Volto a tossir por segundos sem parar, o ar entrava dificilmente por meu nariz. E não era bom respirar pela boca. Como se estivesse de olhos fechados, eu cheguei até a porta do quarto e a abri.

A fumaça ainda maior.

O meu quarto ficava afastado dos outros, perto do escritório do meu pai. Obviamente ele não estaria lá uma hora dessas, então tudo oque podia fazer era achar algum criado.

Eu iria ao quarto da minha mãe, senão fosse tão longe, e não estivesse trancado. Mas a casa em um incêndio e ela trancada em um quarto com uma criança pequena não era algo nada bom, ela ainda estava acamada desde o nascimento da minha irmã a alguns meses, ainda estava fraca.

Tudo era possível.

- IVAN! - gritei o nome do mordomo que não saia do meu pé quando meu pai não estava presente.

Liguei a lanterna que ameaçava desligar a qualquer segundo. A xinguei mentalmente e bati na mesma que parou de falhar.

A luz dela era forte, mas só havia fumaça.

- Merda, merda! - me segurei pra não jogar aquela droga no chão e continuei andando.

Apalpava a parede tentando localizar aonde estava exatamente, o local parecia tremer, como se a qualquer momento tudo pudesse se partir ao meio.

Quando avistei uma pessoa vindo em minha direção.

- Ah garoto, eu já estava indo te buscar. - uma das cozinheiras veio em minha direção com alguns panos em mãos.

- Oque aconteceu?

- Começou um incêndio na sala de estar. Algumas pessoas que estavam na cozinha ficaram encurralados e estão atrás de uma saída. O problema é que se espalhou muito rápido e temos que descer as escadas antes que impeça nossa saída pela porta da frente! - fala rápido e percebo sua voz embargada nas suas últimas palavras.

Tento assimilar tudo oque disse.

Como um incêndio começa assim de repente? Isso nunca aconteceu antes!

- Seu pai tinha acabado de chegar e foi jantar mas alguns minutos antes do fogo se instalar ele disse que ia no porão que há depois da ponte, parecia estar com um machucado no rosto mas não era nada demais. - ela explica colocando um dos mantos em minha cabeça e me puxando.
- O corpo de bombeiros já está chegando. Mas eu presciso ajudar os outros a saírem daquela cozinha antes que seja tarde demais! - fala e eu parei de prestar atenção a escutar uma voz um pouco distante de nós, do lado oposto do corredor.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora