Obsessão

43- Recompensa

Charli Povs

Acordei no meio da noite sentindo um pouco de dor entre as pernas, mas a dor é bem menor do que daquela vez na praia, nem se compara!

Que bom, estou me acostumando.

Quis parar na metade do caminho com esse pensamento.

Isso não é pra ser bom. Não mesmo.

Me levantei com dificuldade e fui atrás de algum remédio para dor, logo após olhei para cama, já vendo Chase acordado, que instantâneamente me olhou como se me chamasse para me juntar a ele.

E assim eu fiz.

Ficamos deitados de barriga para cima, olhando para o teto do quarto, eu tive que me conter em não pedir pra ele deitar de barriga pra baixo pela suas costas, não queria causar mais incômodo.

Abri a boca para começar a respirar por ali, pois estava difícil para o ar que adentrava em meus pulmões sair facilmente pelo nariz.

Chase parecia tranquilo ao meu lado. Estava com a cabeça sobre o braço direito e a mão esquerda em cima do tronco, balançava a perna de leve.

Aquela calmaria da parte dele me deu um pouco de raiva. Porque eu de certa forma queria saber oque havia acontecido! Não faz sentido depois de tantos anos o pai dele o castigar assim novamente. Sem contar, que naquela época ele era um adolescente que nem saberia oque fazer pra se defender, mas agora Chase não tem medo de Yakov e nem deixaria ele o machucar assim.

Porque ele deixou Yakov fazer tudo isso?

Inquieta, me virei deitando a cabeça sobre minhas mãos e me encolhendo pelo o frio que senti na pele quando fiz o movimento.

Fiquei encarando ele com o propósito de o mesmo se incomodar e iniciar uma conversa.

Mas não o fez.

Apenas abria e fechava os olhos lentamente, como se daqui a pouco fosse pegar no sono.

Eu suspirei, já desistindo e ia me virando pro outro lado.

- Fale.

Quando sua voz ecoou pelo zumbido irritante do vazio no quarto, eu parei no lugar.

- Apenas fale. - pediu com a voz em um som decrescente.

Eu teria que ser direta, mas não seria tão direta só pela minha curiosidade, e preocupação.

Tenho que ser cuidadosa nas palavras.

- Eu só queria saber... - parei. Fui burra achando que deveria começar assim com um "eu só queria saber", isso deixa na cara que estou curiosa! E eu não quero que ele tenha essa visão!

Enfim, comecei vou ter que continuar.

- Oque está acontecendo, quero que continue me falando sobre as coisas. - não quero que ele ache que eu penso meio em que fazer "dupla" com ele e descobrir quem é o remetente daqueles presentes, mas eu apenas, para não ficar curiosa, quero estar a par da situação.

- Primeiro que eu nem deveria ter contado sobre isso, apenas a parte que se trata do seu pai. Segundo...- ele virou a cabeça, me olhando de volta.
- Eu nem posso confiar em você, quando você quer fugir de mim.

Eu ia falar mas pioraria a situação.

- Quem me dirá se oque escreveram naquela carta não entrou mesmo em sua cabeça? É isso que querem, e não duvido que possam conseguir. - prestou atenção novamente no teto branco.

- Entre acreditar em uma carta e em você...Acho que seria mais seguro acreditar em você, eu sei do que é capaz, mas me provou que está cuidando dos meus pais e isso é tudo oque importa pra mim. E, quem quer que seja esse remetente, não se importa com ninguém, apenas quer dar um jeito de chegar até você e te derrubar.