51 - Só sangue

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Chase Povs

Amelie avaliava suas mãos anexadas em agulhas, que se moviam lentamente, acariciando sua barriga um pouco protuberante.

Desviei meu olhar do lugar em um segundo. Sentindo arrepios desagradáveis.

Não gostava de ver mulheres grávidas, não gostava de saber que continha uma criança ali. Que aquele ser estava a critério de quem lhe carregava, e que se algo desse errado tudo tiraria o significado bom que isso era para ter.

Não tinha qualquer motivo específico para me sentir mau por isso, mas me fazia arrepiar, de forma muito negativa.

E saber que estava me sentindo assim por minha irmã estar grávida piorava tudo.

Tanto pra mim quanto para ela.

Quis dar meia volta e ir embora, mas sei que não posso. Sei que só iria ficar adiando isso até não ter que falar mais sobre.

Isso era oque estava nos atrapalhando. A nossa comunicação.

Eu nunca passei a confiança que um irmão mais velho tinha que passar para ela. Desde que eu voltei da Suiça eu sabia que a minha relação com ela havia se despedaçado, nos afastamos e eu só voltei a falar com a mesma quando começou a ir em minha casa se escondendo de Yakov, pois tive a certeza de que não podia deixar ele controla-la como me controlou.

Eu a pressionava quando se tratava de sua saúde, queria a manter afastada de suas amigas e principalmente de um dos meus funcionários.

E aí percebi que ela também começaria a querer fugir de mim.

Mas, nada adiantou se eu não tomei uma providência.

Eu quase a perdi.

E ainda tenho chances de perde-la.

Eu sentia a tristeza emanando dela.

Tristeza essa relacionada a mim.

Estava petrificada, sem conseguir me encarar nos olhos.

Tenho certeza que não havia se levantado daquela cama nem para ir ao banheiro ainda, e iria afundar ali pela sua inquietação que era tanta que dava para sentir a quilômetros.

Dava para ver, em seus olhos.

Os olhos azuis esverdeados cintilantes estavam cabisbaixos, e ficaram mais ainda quando me viu atravessar aquela porta.

Nunca agradeci tanto por estar me tornando uma pessoa calma, porquê gritar com alguém em uma cama de hospital e culpa-la por estar ali seria algo que faria eu me sentir bem. Mas pensar nisso agora faz com que eu queria me dar um soco.

Entrei no quarto com o típico aroma hospitalar horrível, paredes brancas, janela ao lado da cama, luzes fracas fazendo o clima pesar mais, e flores na mesinha ao lado.

Amelie me olhou de soslaio andar até a cadeira que continha no canto do quarto e arrasta-la para o pé da cama.

Ela se aconchegou mais aos travesseiros, em alguma tentativa de se sentir mais confortável há conversa provavelmente mais séria e complicada que teríamos.

Eu soltei o ar de meus pulmões devagar. Juntando minhas mãos a frente do meu corpo, tentando mostrar que também estava desconfortável.

Que situação embaraçosa.

Eu teria que explicar tudo para ela.

Ela merecia saber tudo o que a fez estar ali agora. Mas não sei se era seguro, eu confio na minha irmã, porém não confio no perigo que essas informações podem ser.

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