Capítulo 10

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Enquanto Peter vai ao banheiro, eu fico na porta do prédio procurando as crianças. Avisto Dion e aceno para que ele venha até mim.

— A gente já vai? — Ele pergunta afobado da recente corrida.

— Sim, pode encontrar as meninas pra mim?

Ele logo volta com dois seres bem desarrumados atrás dele. Logo Peter vem a nosso encontro e saímos os cinco rumo a nossa casa.

Dion vem ao meu lado e pega a minha mão de modo repentino e começa a me contar sobre sua tarde.

— Daí eu subi no topo da escalada e todo mundo disse que eu ia cair, mas eu não cai. — Ele conta orgulhoso.

— Você foi muito corajoso e persistente, fiquei até orgulhosa. — Começo a notar que ele fica sem jeito, nesse momento, ele aperta bem forme minha mão, essas crianças nunca sabem como reagir a elogios, o que claramente revela que elas não os ouvem. — Mas me diz uma coisa, vocês comeram quando?

— Celi, nós comemos muito sorvete, olha só minha roupa. — Adriana me mostra uma grande mancha rosa em sua blusa antes branca, que acredito ser calda.

O caminho se segue com muito falatório das crianças, ao andarmos observo o céu que está bem estrelado e a lua que está daquele jeito especial, cheia e alaranjada. Tem muitas árvores na vizinhança e o vento balança seus galhos fazendo com que algumas folhas caiam sobre a gente, as várias lâmpadas de luzes azuladas deixam tudo mais belo.

— Por que quando a gente para de correr tudo esfria? — Questiona Claire que está atarracada em Adriana, que por sua vez bate os dentes de frio.

— Porque vocês estavam com o corpo quente. — Diz Peter de modo calmo enquanto tira sua jaqueta e a coloca nos ombros das duas. — Custava pegar uma blusa?

Elas saem saltitando juntas embaixo da jaqueta e eu volto minha atenção a Dion e suas histórias malucas. Por canto de olho acompanho Peter com as mãos no bolso, ele deve estar com muito frio, pois sua camisa perece bem levinha, mas ele não reclama, em vez disso sorri e anda mais rápido para alcançar as meninas.

A visão me faz sorrir.

Chegamos em casa e as crianças vão brincar com Raje que está muito contente por não estar mais sozinha. Oriento eles a colocarem as roupas para lavar e tomarem outro banho antes de dormir, eles estão imundos.

Penso que com as crianças no andar de cima vou ficar sozinha na sala com Peter, que está ao meu lado no sofá com seu notebook nas mãos, porém logo John cruza a porta e vem correndo até a sala.

— Me conta, vai! — Jogo uma das almofadas nele, estou morrendo de curiosidade sobre sua tarde com seu novo amigo.

— Bem... foi legal. — Faço cara de tédio para ele notar que quero detalhes. — Tá, nós conversamos e eu usei sua dica, e também falamos mal dos nossos professores e jogamos alguns jogos. Acho que eles não se incomodaram de eu estar lá.

— Por favor, John, acho que eles amaram te ter lá e da próxima vez vocês vão ter mais papo ainda, confia em mim.

Continuamos a conversar e sinto um alívio enorme por ele ter se dado bem, ele é tão bonzinho que se essas crianças tratassem ele mal eu teria a obrigação e o prazer de revidar.

Paramos a conversa ao ouvir o estrondo feito pela porta principal que acaba de ser aberta.

— Gente! Vocês não vão acreditar, uma das professoras será afastada por dormir com um aluno e mais, vocês não fazem a mínima ideia de quem é! — Eliza e Josie entram fazendo um alvoroço.

— Por fontes seguras, conta a Jane, que a zeladora da ala central do colégio pegou, ninguém mais, ninguém menos que a Bruxa com Zena na sala de equipamentos. E como se não bastassem suas palavras ela fotografou e tudo.

Comprada sem razões Onde histórias criam vida. Descubra agora