— Peter. — Eu o chacoalho. — Peter, temos que sair daqui.
Eu digo suavemente em sua orelha e com toda minha comoção, Jack e Eliza acordam também. Esses caras estão com a minha filha e eu não vou deixá-la sozinha.
O guarda, que parece o pior que eles tinham na equipe, nos encara e faz pouco caso. Pensa Celina, pensa.
Preciso saber onde o resto da minha família está. Duda, preciso achá-la.
— Isa, meu amor, você se lembra quando você e sua irmã brincaram de chorar? Vamos brincar.
Nesse dia, eu as proibi de competir pra ver quem gritava mais alto, mas agora é uma ótima oportunidade para descobrir onde eles estão.
Ela começa, como uma coisinha tão pequena pode chorar tão alto assim? Eu olho para ela e com um sinal sutil a mando parar, minha pequena atriz obedece.
Mas nada.
Apenas depois da terceira vez que Isa repetiu a irmã entendeu, quando eu ouvi gritar sabia que eles não estavam tão longe assim.
O guarda da sela já estava nos ameaçando em sua língua e quando ele fez menção de vir pra cima de mim devido à bebê, eu vi Peter olhar para o chão. Confiando que ele tinha um plano, eu coloquei a menina no chão e me afastei, deixando ela a plenos pulmões.
O homenzinho foi na direção dela e antes de chegar perto o suficiente Peter saltou sobre ele, em segundos ele tampou a boca e o nariz do homem o forçando a desmaiar.
Vi Eliza olhando para a pequena janela que tinha no alto da parede, a mesma parede que continha uma pequena porta bem trancada.
Jack revistou o homem e a chave que ele tinha era para a porta, mas ao abri-la nos deparamos com uma grade bem resistente. Onde estamos?
Eliza não perdeu tempo e com um salto combinado, ela pulou sobre a fina janela de vidro, o quebrando e cortando a mão no processo. Ainda bem que ela não desistiu da ginástica.
— Vamos, não temos muito tempo. — E ela tinha razão.
Jack pegou um dos pedaços de vidro que caiu da janela e o guardou no bolso, em contrapartida, Peter tirou do sapato o celular que os russos não tiveram a preocupação de confiscar e o jogou pela sala, quanto menos coisas nos atrapalhando, melhor.
Sigo seu exemplo e me livro de pulseiras e brincos que só me atrapalham.
Sabemos que tem pelo menos uma câmera aqui, mas agora já foi.
Então quando menos esperamos, tanto a luz daqui de dentro, quanto a do corredor se apagam, não estamos tentando escapar sozinhos. Quando olho pro lado, Eliza já está dependurada sobre a janela como se fosse uma corda humana para o outro lado.
Seus olhos estão escorrendo e ela segura o grito que quer soltar pela dor. Decido não prolongar seu sofrimento e subo por ela o mais rápido que consigo, caio do outro lado e meu tornozelo leva a pior, mordo a minha língua até sentir o gosto particular de sangue, mas não solto nem um mísero som.
Alguém estende Isa pela janela e eu me estico para pegá-la. No processo ela bate a testa em um dos cacos de vidro e eu tenho que tampar a boca dela para que seu choro não seja ouvido.
Eliza passa e suas mãos estão horríveis, arranco uma das suas mangas para envolver sobre os ferimentos, enquanto faço isso Peter e Jack dão um jeito de passarem também.
Seguimos então pelo corredor.
Estou começando a odiar corredores.
Jack está na frente, mesmo que Peter seja a pessoa que possui a arma. Ele está com raiva, ódio e não posso culpá-lo. Quando estamos quase virando esse labirinto para entrar no próximo corredor, Peter me puxa e puxa Eliza para não esbarrarmos no próximo guarda que está de costas para nós.
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Comprada sem razões
RomanceCelina é uma menina, que muito cedo deixou de ser criança, sem pais, deixada a mercê de uma mulher questionável na infância, teve que aprender a sobreviver chamando o mínimo de atenção possível. Ela não teria porque ficar ali se não fosse as demais...