— Bom dia, dorminhoca. — Sou acordada gentilmente, mas como minha cabeça está latejando, levantar não me parece uma boa opção.
— Bom dia, temos mesmo que sair daqui? — Eu reforço o meu abraço entorno de Peter.
Nunca imaginei que eu dormiria abraçada com um homem, mas aqui estou eu e confesso, foi muito bom.
— Bem, se não levantarmos agora, vamos acabar nos atrasando pelo segundo dia consecutivo, você está preparada para lidar com a fúria dos gnomos que possuímos?
— Não quero nem imaginar. — Tomo coragem e me levanto, olhando no espelho vejo como meus olhos estão inchados.
— Nem dá pra reparar. — Diz Peter, que repara mesmo sem eu mencionar. Ele quer me encorajar, porém, eu sei que estou parecendo um panda atropelado, vou ter que lotar a minha cara de base.
Maquiagem não é meu forte, mas estou bem melhor do que já fui. Depois de usar o banheiro e lavar meu rosto, saio para pegar o reboco e volto determinada a parecer viva novamente, Peter me segue a reboque.
Estou tão focada em mim que esqueci que eu já usei o banheiro e Peter não.
— Desculpa, você deve estar querendo usar aqui, né? — Digo enquanto ele começa a explorar o armário da pia.
— Não. Eu já usei antes de você acordar, pode ficar tranquila. Só vou tomar um banho agora, mas não precisa sair, eu não me importo. — Abro minha boca em um ligeiro ó.
O nosso banheiro é lindíssimo, seu piso bege é acompanhado por detalhes na cor chocolate, sobre a pia dupla há um belo espelho e do outro lado temos um imenso chuveiro cercado por um box, que vale ressaltar, de um vidro que nem parece existir. Ele não se importa mesmo de eu ficar aqui, em frente ao espelho, vendo ele nu!?
Ele começa a retirar suas meias e só esse ato já é o suficiente para eu começar a me sentir estranha. Não, eu não tenho saúde mental e compostura para esse evento.
— Imagina, não vou tirar sua privacidade. Eu vou terminar no espelho do quarto. — Pego tudo como se naquele lugar fosse explodir uma bomba. — Bom banho.
Termino de me maquiar ainda agitada com a recente intimidade, vou até o closet e coloco todo o repertório de roupas necessários para o frio do dia. Sem bater e super a vontade, Peter entra vestido apenas sua cueca box preta.
— Eu tive uma ideia ótima. — Pra cima, Celina, olha pra cima. Apoio minha mão em meu pescoço para me orientar a olhar apenas na horizontal.
— Verdade?
— Sim, não quero que nenhum idiota fique te cercando e se isso acontecer é bom você estar bem preparada, que tal se eu te ensinar alguns golpes de defesa pessoal? — Com ele já vestido fica mais fácil prestar atenção.
— Você faz defesa pessoal?
— Não, mas eu já fiz alguns tipos de lutas, então eu ensino alguns golpes para a turma da Adriana na aula dela de defesa pessoal. Quero te ensinar eles.
— Eu sei bater em alguém e se eu ver que não vou aguentar, eu corro. — Ele me olha com desdém.
— Celina, você corre daqui até a sala e já fica sem ar e eu não estou falando de estapear alguém, tô falando de desmaiar o sujeito.
— Ok, você tem razão, eu vou fazer esse negócio aí. Mas quando?
— Depois da sua aula a gente se encontra no ginásio de número seis.
Ginásio seis, não sei qual é a necessidade de ter tantos ginásios em uma escola, mas em fim aqui estou eu depois de cruzar dez corredores diferentes e subir cinco lances de escadas. Peter tem razão, se depender de eu correr para salvar minha vida é melhor me render de cara, não tenho fôlego pra isso.
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Comprada sem razões
RomanceCelina é uma menina, que muito cedo deixou de ser criança, sem pais, deixada a mercê de uma mulher questionável na infância, teve que aprender a sobreviver chamando o mínimo de atenção possível. Ela não teria porque ficar ali se não fosse as demais...