Capítulo 34

2.6K 227 14
                                    

Acabamos que conseguimos entrar em uma rotina, não foi fácil e envolveu muita paciência e estresse no processo, mas deu certo.

O mais difícil foi a noite, depois que o lindo e exagerado quarto das meninas ficou pronto, Duda cismou que não gostava de dormir lá e colocá-la para dormir era sempre um terror.

Para ajudar no processo de adaptação eu comecei a trancar a nossa porta depois delas dormirem, assim elas não iam ficar acordando para ir para o nosso quarto, mas magicamente elas sempre acabavam amanhecendo enroladas na gente.

Peter destrancava a porta no meio da noite pra elas entrarem e quando elas não vinham ele ia buscar, isso só estava fazendo as crianças sofrerem mais. Depois de uma longa conversa consegui que ele entendesse que cada um tinha que ter o seu lugar e que elas tinham que aprender a dormir sozinhas, elas estavam na porta de frente pra nós, saberíamos se tivesse algo errado.

"Odeio ver ela chorar, é muita maldade", Peter não sabe é que ela só chora porque sabe que ele vai buscá-la, o meu coração se parte de ver essa cena, mas quanto mais cedêssemos, mais elas iam sofrer para se acostumar.

Então um dia fui colocar a baixinha pra dormir preparada pra guerra, mas ela estava super animada na sua cama e foi então que vi algo nos braços dela, "olha mamãe eu tenho um gardião e ele vai cuidar de mim e me levar pro mundo dos sonhos encantado, papai que disse." Ela dormiu tranquila desde então abraçada ao dragãozinho verde de bolinhas azuis.

Eu pensei que seria ruim e que eu sentiria ciúmes se minhas filhas amassem alguém tanto quanto me amam, mas não, é reconfortante saber que alguém vai cuidar delas tão bem quanto eu.

Quando esse problema foi resolvido a casa voltou aos eixos, as crianças se dão bem, elas diminuíram suas inseguranças, o que é ótimo e todos nós conseguimos dormir a noite toda agora.

Maria fica sempre até eu chegar do colégio para que as meninas não fiquem sozinhas, elas amam ela e eu também, afinal ela faz um ótimo trabalho ensinando o segundo idioma para as minhas filhas.

O que eu secretamente amo e que muitas pessoas me achariam louca por isso, é o som de crianças correndo e gritando pela casa, agora sentada no sofá tomando meu chá esse som é mais recorrente. Em poucos minutos Jack vem trazendo Isa dependurada pelos pés, gargalhando por estar de ponta-cabeça.

— Celi, eu não vou avisar uma segunda vez, tira sua filhote de perto da minha bebê. Se ela encher o saco da minha Raje de novo vamos ter que trancá-la, sua filha é óbvia. — Ele balança a menina que está vermelha de tanto rir.

— Não deixa ela perto da Raje, ela é um bebê, eu já disse pra deixar ela longe. — Raje é um doce demais para morder Isa mesmo quando ela sobe em cima dela ou puxa os seus pelos, com tudo isso ela ainda vem se a pequena chamar.

Como sempre nesse horário Peter cruza a porta do trabalho e é só a baixinha ver ele que começa chorar.

— O meu Deus, isso é jeito de segurar o meu bebê. — Pronto a birra foi comprada, ele faz de proposito é evidente.

— Ela estava rindo até agora, gargalhando. — Aviso quando ela já está com a boca fechada nos braços dele, ele a beija e nota que não tem nem uma única lágrima no rosto da sua dramática garotinha.

Quando menos espero, minha outra filha vem chateada com Adriana a reboque.

— Mamãe ajuda, a tia não sabe fazer. — Olho pra minha pequena que me estende um dos pés com meias da pantera cor de rosa e segura seu chinelo impacientemente.

— Não faço ideia do que ela quer. — Todos olham pra mim e eu apenas dou risada, podemos ter dinheiro agora, mas a alma é de pobre.

Deixo o chá de lado para arrumar a meia entre os dedinhos dela para que ela possa usar os chinelos, o pai deve estar maravilhado pela filha usar o chinelo pra tudo e negligenciar os sapatos caros que ele fez questão de comprar.

Comprada sem razões Onde histórias criam vida. Descubra agora