Capítulo 33

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— Mamãe, mamãe, tá acordada? — Me sinto chacoalhar por bracinhos insistentes. Dou um bufo percebendo que vou ter que responder.

— Agora estou. O que foi? — Não faço questão de abrir os olhos, deve ser muito cedo ainda.

— Tenho uma dívida e preciso de ajuda, me ajuda? — Dívida?

— Que dívida Eduarda? — Como uma menina de 5 anos teria uma dívida? Até fico mais desperta pra ouvir a resposta.

— Uma pergunta na minha cabeça, uma dívida. — Ahhhh, volto a deitar.

— Uma dúvida filha, qual é a dúvida que te fez acordar tão cedo no domingo?

— É que assim, você que é minha mamãe fica igual a tia Bete com o tio Zé, mas junto com o moço cheiroso, — rio mentalmente com o apelido que ela deu a Peter, — e a tia Bete me disse que ela e o tio Zé eram papai e mamãe, por isso que se beijavam.

Espero que ela conclua, mas nada.

— Entendi, mas qual é a pergunta bebê? — Algo me diz que não vai ser uma pergunta que vou gostar de responder.

— É que assim, se você é minha mamãe e beija o moço cheiroso, o moço cheiro é o meu papai? — DEUS!

Por essa eu não esperava, não tão cedo. Não faço ideia do que responder, não tive nem tempo de conversar com Peter sobre isso.

Resolvo ser totalmente imatura e covarde e deixar que ele responda, não vou falar por ele e não vou continuar nesse assunto com ela.

— Você pode perguntar pra ele depois, pode ser? — Ela faz um bico descontente que infelizmente vai ter que continuar assim. Agora quem está com uma dúvida sou eu.

Antes que a baixinha possa voltar a fazer perguntas, um braço se desenrola de mim e ataca o pezinho descoberto e sem a meia antes colocada na pequena curiosa. Seu bico se transforma em uma gargalhada e a mão de Peter sobe para fazer cócegas em sua barriguinha coberta.

Ele se senta na cama para encará-la enquanto ela ri.

— Bem, senhorita Eduarda Andríc, isso é o que diz no seu documento, ou você acha que outro moço cheiroso poderia dormir com sua mãe se não fossem papais e mamães? — Meu queixo está no chão.

Ele registrou elas? Deu nosso sobrenome pra elas? Deus como eu amo esse homem.

— Fez o registro como pai? — Pergunto sentindo meu coração errar algumas batidas.

— Mexi uns pauzinhos, mas é isso aí. — Ele me responde com a bochecha levemente corada, se ele estiver com vergonha disso, vou bater nele.

— Que legal! — A pequena, que duvido ter entendido cem por cento do que foi falado, está nas nuvens.

— Sabe o que também é legal? Que aquele quarto ali na frente vai ser o quarto de vocês e vamos pintar e arrumar do jeito e cor que vocês quiserem. — Os olhos da Duda chegam a brilhar.

— Pelo menos a cama nós já temos, você chegou a pedir o outro colchão? — Pergunto mesmo tendo quase certeza da resposta.

— E tirar você da minha cama? Capaz. — Ele beija a minha bochecha, deixando minha boca com inveja.

— Pode ser lilás e AZUL!?— Peter acena para ela, o que a faz ficar em pé e pular. — EBA!

Com o grito a pequena dorminhoca desperta. Brava, ela começa a se debater, resmungar e de repente levanta seu corpinho e se senta com os braços cruzados e um olhar de ódio destinado à irmã.

— Acordo o neném! — Ela reclama sem desfazer o bico, rasteja até mim e encaixa seu rostinho no meu pescoço.

— Oh, filhinha, acordamos você? Desculpa bebê. — Tento segurar minha risada, porém Peter não consegue e gargalha ao meu lado. Minha pequena fica manhosa mexendo no meu cabelo desgrenhado.

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