E agora?
Bem, eu não sei, mas é óbvio que ficar aqui parados os quatro no último andar da biblioteca não é uma opção.
Temos que fazer alguma coisa, mas o quê? Essa é a questão. Estamos paralisados, Jack rói a unha enquanto se perde dentro da própria cabeça, John e Josie parecem mortos em pé de mãos dadas olhando para a grande porta e eu, eu sei lá, não posso estar muito diferente.
— Adriana! — Os dois dependurados na mureta gritam formando um coro.
Acompanho o olhar e lá embaixo vejo a desengonçada menina com o cabelo todo espetado, mesmo pela distância, vejo claramente enquanto ela levanta a mão em punho como uma repreensão aos gêmeos. Não é necessário é claro porque Jack se adianta.
— Cala boca, Phineas e Ferb, cacete! Quer matar a gente? — Ele tapa a boca dos dois os puxando para trás perto de uma das várias estantes de carvalho.
Estamos sendo perseguidos e eles acharam mesmo que gritar a menina perante toda biblioteca era uma boa ideia? Senhor, estaremos mortos antes do planejado pelo jeito.
Adriana sobe as escadas rapidamente, com ela, ela traz várias sacolas plásticas que fazem um barulhinho irritante, mais uma vez chamando a atenção de tudo e todos.
— Vocês são tapados? — A preta pergunta dando um tapa na cabeça de John que por estar já sentado era o de mais fácil acesso.
— O que é isso? — Pergunto apontando para os inúmeros sacos verde musgo, qual a parte de risco de vida essas crianças não entenderam?
— Comida, é óbvio, — ela começa a distribuir os salgadinhos entre a gente, o barulho que Jack faz ao abri-lo, ecoa pelo lugar, — estamos em apuros e eu pensei na nossa alimentação, sintam-se amados e agradecidos.
Como estou com fome, pego o meu salgadinho e não falo nada, pelo menos vamos morrer um pouco mais contentes.
— Obrigada, garota esquisita, mas acabamos de correr de russos e descobrir que estão atrás de nós com o objetivo de morte certa, me desculpe se não estou sendo tão amável. — Esse conceito de gritar aos cochichos é ridículo.
— Vocês acham que está ruim? Então é melhor sentar. — A recém chegada ganha a atenção que queria e começa a nos encher com mais boas notícias. — Estou correndo feito uma doida, porque ouvi a sra. Lenor dizer ao sr. Ronald o quanto se sente mal por nós.
— Por que ela se sente mal? — Todos encaramos John.
— Por incrível que pareça a resposta vocês não sabem, a diretora ordenou que nos retirassem das salas e nos reunissem na quadra, abre aspas para as palavras da diretora aos professores "lá vai ficar mais fácil para limpar qualquer coisa" fecha aspas. Estão planejando nos entregar para os homens, vão fazer vista grossa.
...
Sem palavras.
— O que estamos esperando pra sair daqui!? — Josie tem razão.
— Temos que pegar os outros e nos mandar...
— Vamos nos separar...— Péssima ideia.
— Não, o colégio é muito grande, só vai dar mais trabalho depois para juntar todo mundo.
— Celina, pensa bem, quanto mais gente junta, mais fácil de achar. — Droga! E agora? — Vamos fazer assim, eu vou com Adriana e John atrás da Claire e você e Josie acham a Eliza. Nos encontramos no descampado, é pra lá que Dion vai quando está chateado, ele vai estar lá.
Respiro fundo, pego a mão de Josie e seguimos porta afora, Eliza deve ter reparado em algo e só Deus sabe onde ela está.
— Onde Eliza estaria se tudo desse errado?
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Comprada sem razões
RomanceCelina é uma menina, que muito cedo deixou de ser criança, sem pais, deixada a mercê de uma mulher questionável na infância, teve que aprender a sobreviver chamando o mínimo de atenção possível. Ela não teria porque ficar ali se não fosse as demais...