Capítulo 5

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A semana se segue do mesmo jeito e logo crio uma rotina. Depois de domingo não chorei nem uma vez se quer, a final, não vou ficar lamentando a minha vida e sim tentar viver o melhor que consigo, é isso que eu faço.

Descobri que tenho direito a duas refeições por dia nos dias comuns, sendo o café da manhã e o jantar, no sábado varia, às vezes pode ser que seja feito o almoço e às vezes não, tudo depende da rotina de estudos do pessoal da casa. No domingo, geralmente eu faço as três refeições do dia para todos, o que me dá o direito de comer.

Passo os meus dias na faxina, o que me cansa muito. As moças da limpeza não falam comigo, elas sempre parecem estar desconfortáveis com a minha presença.

O sr. Andríc não fala comigo desde que seja extremamente necessário, e tem vezes que ele me encara do nada, o que me dá muito medo.

Sei que não confiam em mim, pois aparentemente eu nunca posso fazer nada na cozinha pela noite, nem mesmo no domingo, algo que frustra meu recente plano de pegar uma faca da cozinha assim que as luzes se apagarem.

Tentaria fazer isso durante a tarde, mas não sou burra, vi que há câmeras espalhadas pelos cômodos principais e se eu fizesse isso seria suicídio.

Porém, não vou desistir, não sei as intenções do sr. Andríc e é melhor prevenir do que remediar, se ele vir para cima de mim vou fazer meu melhor pra acabar com ele.

Eu decidi que enquanto estivesse aqui tentaria ser amiga das crianças que não me parecem tão más.

Aos poucos fui criando certa intimidade com elas, a primeira foi Adriana que estava a horas na sala de Peter que, na verdade, é uma biblioteca belíssima com estantes em madeira grossa e janelas que vão do teto ao chão, Adriana estava ansiosa, pois não conseguia finalizar seu trabalho.

Quando perguntei se ela queria ajuda, Adriana arregalou os olhos e disse incrédula "você vai me ajudar?", confirmei e para a minha surpresa era algo simples visto que era necessário montar uma espécie de árvore que representasse as quatro estações.

Levou um pouco de papelão e muito EVA, mas ficou muito bom, Adriana ficou muito empolgada e nos próximos dias carregou aquela árvore para cima e para baixo. Notei que ela tem costume de evitar contato físico, então não fico muito perto para deixá-la confortável.

Ajudá-la me fez me sentir útil, eu gosto disso.

Claire tem sido a mais fácil e é o contrário, ela sente muita necessidade de contato físico, vira e mexe ela me pede algo que representa isso.

Começou com ela me pedindo para pentear seu cabelo um dia e depois para cortar as unhas, mas foi quando ela chegou e disse "você está meio triste, Celina, quer um abraço?", que percebi que ela é quem mais estava precisando daquilo e não hesitei em abraçá-la bem forte, quando nos separamos ela saiu correndo envergonhada.

E então no dia seguinte, ela me abraçou do nada.

Mas sem dúvida quem mais me surpreendeu foi Jack, ele realmente é um exibido, mas ele é muito engraçado. Nunca tive um bom relacionamento com ninguém do sexo oposto que tivesse mais de dez anos, entretanto Jack é a pessoa mais sincera que conheço e, além disso, parece ter sempre boas intenções.

Decidi que gostava dele quando ele me elogiou, se é que se pode chamar assim.

A situação era a seguinte, estava eu depois de um longo dia de faxina escorada na escada e ele depois de me olhar atentamente disse "poxa, você é esquisita em mulher, pelo menos é bonita, assim para quem curte um estilo meio menina da família Adans, sabe? Tu é um luxo."

As palavras foram tão boas e ruins ao mesmo tempo, que não me segurei e comecei a gargalhar.

Os dias passaram rápidos, e nem acredito que já faz três semanas desde que cheguei. Percebo que nessa noite de sexta as coisas estão diferentes quando Dion me pede ajuda.

Comprada sem razões Onde histórias criam vida. Descubra agora