Capítulo 9

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Estou muito nervosa para sairmos, faz mais de um mês que não vejo nada além dessas paredes. Me recuso a me sentar e espero Andríc escorada na mureta que conecta o hall de entrada com a sala de estar.

Todos estão agoniados esperando Peter, Claire já reclamou dezenas de vezes e até mesmo John, que é o mais calmo da trupe, já praguejou a demora. Peter nunca demora tanto assim, ele geralmente se apronta em 10 a 15 minutos.

Fico pensativa com isso, será que ele está em dúvida sobre eu ir?

Depois de muita espera, ele desce a escada, mas não antes que o cheiro do seu perfume se espalhe pelo ambiente. Se eu estivesse correndo em uma floresta em rumo a uma plantação de café enquanto cai uma fina chuva, cheiraria como agora.

Ainda estou processando seu cheiro quando ele desce. Vestindo sapatos pretos que refletem a luz de tão lustrosos, ele está com uma calça jeans preta, tão escura como o seu cabelo, que está em um penteado bem certinho, como jamais vi. Sua camiseta é leve e branca, mas não se dá pra notar muito dela, pois sua jaqueta preta deixa apenas uma abertura pequena a mostra.

Nunca o vi tão arrumado, agora não sei se estou muito ou pouco arrumada. E a dúvida me deixa desconfortável.

— Jaqueta? — Jack pergunta com um tom engraçado e malicioso, que me tira do recente devaneio, Eliza usa até uma almofada para tampar o riso.

Acho que Peter não usa jaqueta normalmente, ou eles pensam que não está frio o suficiente, vai entender esse povo.

— Vamos ou o plano é sentar e ficar olhando um pra cara do outro? — Irritado, ele pergunta, esse homem parece estar sempre de péssimo humor.

— Estávamos esperando o senhor, princesa. — Pelo fator tamanho mais o fator fofice, Claire não ouve nenhuma bronca ou chamado enquanto passa por nós com seu vestido de bolinhas amarelas. Ao sair pela porta, ela faz uma delicada reverência que me escapa uma breve risada.

Todos então seguimos ela porta a fora.

Iludida, eu achei que usaríamos o carro, mas logo vi todos se dirigindo ao pequeno portãozinho, que pertence a cerca branca na frente da casa. O clima está muito leve, mas está um pouco friozinho e o sol ainda nem se pôs. Me dou conta que se esse é o verão, não quero ver o inverno tão cedo.

Assim que passamos pelo portãozinho Jack vem ao meu encontro e me oferece seu braço para eu me apoiar, confesso que sempre quis andar assim com alguém, no colégio as meninas andavam assim com suas amigas e eu como não tinha amigas só observava, então quando surge a oportunidade logo aceito.

— Uma mulher tão linda tem que ser bem acompanhada, de preferência pelos caras mais bonitos do local. John por favor pegue o outro braço. — E assim subimos a larga rua.

No caminho, de pra onde vamos, vejo vária casas, uma mais linda que a outra. Em algumas é possível notar crianças correndo no quintal, outras têm adolescentes molhados com roupas de banho, e assim vai.

— Todas essas casas têm o mesmo número de pessoas? E você escolhe onde você vai morar?

— São os nossos pais que escolhem, mas quando você se torna de maior, você pode escolher mudar de casa se eles permitirem. — O que John disse faz sentido, afinal Eliza e Claire e os demais não foram separados ou algo assim, como aconteceria se fosse o acaso.

— Tá vendo aquela casa ali? — Jack aponta para uma casa que é a personificação de mansão, ela é toda moderna e três vezes maior que a nossa. — Essa é a casa dos maiorais, só tem gente com mais de vinte e dizem que eles subornam a diretora para trazerem prostitutas pra cá. Peter foi convidado a entrar uma vez. — Se estava chocada com a história, o final me deixa perplexa.

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