Capítulo 8

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As semanas foram passando e eu estipulei uma nova rotina para mim, eu estudo praticamente o dia inteiro, de manhã idiomas, estou aprimorando meu inglês e estou aprendendo francês. Também tenho acesso aos mais variados temas, essa semana eu estudei sobre a dinâmica estrutural e aero-elasticidade, esse é um dos livros que vi Peter estudar e achei muito interessante o conceito.

Não que eu tenha entendido muita coisa das três páginas que li logo antes de desistir de vez.

A biblioteca é imensa e tudo que eu sempre tive curiosidade de saber agora posso encontrar a resposta.

Os fins de tarde sempre são repletos de coisas para fazer, sempre estou ajudando alguém com alguma lição ou trabalho escolar.

Peter quase nunca fala comigo, o que não é novidade, mas ele estabeleceu um diálogo padrão comigo, sempre que chega ele pergunta "comeu o que hoje?" ou "você almoçou?". Acho que Andríc tem medo de que eu morra de fome, isso sempre me faz rir.

Nos fins de semana alguém sempre fica comigo, geralmente John, talvez ele me use como desculpa para não socializar? Provavelmente, mas ele é uma ótima companhia e é com ele que aprendo a maioria das coisas, ele não se importa de me ajudar com meus estudos no sábado ou domingo.

"Tem certeza que quer reler isso comigo? É domingo você pode sair e se divertir." Eu o questionei na semana passada e sua resposta como sempre foi super doce "e deixar de me divertir com você? Jamais, vai me diz, o que você não entendeu."

Hoje, um sábado super ensolarado, as temidas roupas chegaram. Quando notei que havia um caminhão na frente de casa não imaginava que seria isso, mas começaram a descarregar sacolas e mais sacolas, então Maria pediu para que colocassem no meu quarto e eu não tinha ideia de como fariam aquilo tudo caber.

Minhas mãos ficaram suadas mesmo eu estando fria, encarei aquilo tudo e demorei um pouco pra reagir.

Agora sentada no meio do quarto, cercada por pilhas de roupas, tenho certeza que não tenho como ficar com tudo isso.

— Não faz essa cara Celi, vamos conseguir guardar tudo no closet, isso aqui é gigante. — Josie diz a última parte com a cabeça dentro do mini quarto de roupas, tentando de forma falha produzir eco. — E quando Peter chegar, ele vai abrir mais espaço pra gente.

— Vai provando as coisas e vendo se não tem defeito. — Diz Eliza me entregando uma calcinha vermelha muito chamativa.

— Não acredito que compraram esse tipo de coisa pra mim. — Falo com uma voz de riso, agora que já não estou com receio dos pensamentos de Andríc, acho tudo muito cômico.

As pessoas que compram isso tem uma finalidade bem específica, sexo. E eu pretendo não perder a virgindade nunca, então, desperdício de calcinha.

Eliza disse que isso era para eu colocar e me sentir gostosa, o que parece bom para a autoestima. Mas não acho necessário, estou com a minha bem elevada ultimamente já que nos últimos dias notei algumas curvas no meu corpo e minha cor melhorou bastante devido à boa alimentação. Nunca me vi mais bonita.

— Olha esse que fofo, dá ele pra mim? Nas minhas revistas nunca vem nada do tipo. — Eliza implora deitada no chão com um conjuntinho de dormir de seda rose.

Agradeço em silêncio por saber que aquele tipo de revista não é dado a elas. As últimas páginas eram tenebrosas.

— Vai querer isso pra segurar o que Eliza? Você é reta. — Jack aparece de surpresa e se escora na porta.

— Se todos no mundo fossem seguir a mesma linha, você não deveria usar cuecas. — Ela diz num tom forte, que mostra sua irritação pelas palavras ditas pelo menino.

Comprada sem razões Onde histórias criam vida. Descubra agora