O que fazer numa situação dessa? O que sentir? Como seguir depois disso? Eu não sei e claramente Peter muito menos.
Passamos horas dentro dessa sala abraçados sem dizer uma palavra sequer, apenas olhando pelas costas um do outro, consegui contar todos os livros da primeira estante e até perceber as falhas que dão a madeira o aspecto de não tão nova assim.
Os raios de luzes começam a ficar menos fortes e ficam no ponto perfeito para que eu possa enxergar as poeiras através dos feixes de luz. Estou com medo de sair daqui, sei que quando deixarmos essa sala teremos que enfrentar o turbilhão de desgraças que nos esperam lá fora.
Três batidas, alguém dá três batidas na porta e ambos nos soltamos. Minhas pernas estão duras pelo extenso tempo na mesma posição. Respiro fundo, abro a porta e me dirijo ao sofá novamente.
— Minhas filhas? — Parece que alguém pergunta, mas na realidade sou eu, é a minha voz saindo da minha boca, mas parece que não sou eu, eu sei lá...
— Adriana colocou um desenho e elas dormiram.
— Vocês ficaram umas duas horas lá dentro, o que está acontecendo? — As coisas estão ruindo e vamos todos para o mesmo maldito buraco.
— Celina desbloqueou uma memória sobre a mãe... ela viu alguém matando ela...— Ninguém fala nada, não há o que falar.
— Quem?
— Só sei que é um homem John. — Nem sei se quero descobrir, provavelmente não deveria.
— Bem, um homem norueguês, se descobrirmos quem ele é, talvez descobriremos o porquê. — Eliza tem muita fé na gente.
— Isso é promissor... — Jack pega um notebook velho dele e começa a digitar um monte de coisas nele. — Agora que temos isso coberto, vamos começar a cavar.
Sentamos em volta dele e parece que só eu não sei por onde começar, pois cada um tem uma boa ideia. Adriana ganha na sugestão e começamos a pesquisar por crianças desaparecidas na Noruega nos anos próximos ao meu apagão de memória.
Mas nada, nenhuma se quer, os índices desse tipo de incidente são quase nulos, isso mesmo quase. Depois de muita busca em sites policiais, Jack encontrou uma denúncia feita há cinco anos de uma menina que, acredite se quiser, tinha desaparecido a mais ou menos dez anos antes disso.
— Bingo!
— Pode não ser eu, Josie...
Não precisei terminar de falar, não consegui, pois, quando Jack finalmente conseguiu o acesso privado para abrimos os detalhes do arquivo, vimos em caixa alta o nome na fixa, HIMMELJENTE, tradução, garota celestial.
— O que significa?
— É o significado do meu nome, garota celestial, Celina... É, parece que sou eu.
— Uau. — Essa expressão é a única coisa dita e nem sei quem falou.
Eliza começa a questionar Jack sobre os arquivos e eles decidem imprimir para ficar mais fácil de traduzir, ao todo são 4 páginas.
Depois da rápida digitação de Josie no tradutor, descobrimos que não se tem nada de útil nisso. O arquivo era mais notas policiais do que informações, não havia o nome de quem fez a queixa, o lugar do desaparecimento, nada.
Sobre mim havia apenas uma breve descrição, "uma menina pequena, vestia um pijama azul, possui olhos marcantes na cor verde, pele preta, cabelos cacheados, muito inteligente e amorosa." O "amorosa" foi o que mexeu comigo, quem fez essa denúncia realmente parecia se importar.
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Comprada sem razões
RomanceCelina é uma menina, que muito cedo deixou de ser criança, sem pais, deixada a mercê de uma mulher questionável na infância, teve que aprender a sobreviver chamando o mínimo de atenção possível. Ela não teria porque ficar ali se não fosse as demais...