Capítulo 31

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Dois dias depois uma médica muito simpática veio me atender, ela me fez algumas perguntas e me receitou um anticoncepcional. Quando tomei esse remédio pela primeira vez, me senti bem mais aliviada e segura.

Ao que me parece, Peter gostaria muito de ser pai, mas eu não posso fazer isso e não vou fazer algo tão sério como ter um filho só para agradá-lo. Eu me senti culpada por não poder dar isso a ele, então conversamos a respeito.

Quando me desculpei por não conseguir lhe dar o que ele claramente queria, ele me pediu para não me desculpar, disse que estamos cercados de crianças e que tudo bem se não tivermos filhos "o meu sonho sempre foi ter uma família e agora eu tenho, você" foram essas as palavras que conseguiram retirar o meu sentimento de culpa e intensificar o meu amor por ele.

Conforme os dias foram passando nossa paixão foi aumentando, mas não só isso, junto com os beijos e os toques da noite eu também sou atormentada por diversos pesadelos, às vezes eles são tão vívidos que eu acordo gritando. Não queria contar ao Peter, porém ele começou a pensar que o sexo estava causando isso, que ele estava trazendo isso à tona, então tive que dizer do que se tratavam.

Assim que contei que eram sobre as meninas, ele não tocou mais no assunto, eu prometi que iriam passar, é sempre assim, os pesadelos vêm, ficam por um tempo me torturando e se vão. Agora sempre que os tenho, Peter me abraça e me beija, ele não fala mais nada, eu só espero que ele não se culpe por isso, a final ele não sabia quando me perguntou.

Nos últimos dias, ele tem trabalhado demais, começou a receber ligações o tempo inteiro e ganhou uma olheira persistente em baixo dos seus olhos.

Ele não deixa de falar comigo nunca, entretanto eu o conheço o suficiente para saber que ele não está me contando tudo.

Quando entramos no chuveiro, antes de dormir, é o nosso tempo da conversa, nós falamos um pro outro, tudo sobre nosso dia, nossos sonhos, nossas preocupações. Ontem à noite, quando perguntei o que estava acontecendo, se tinha algo de errado, ele olhou fundo nos meus olhos e fez um sinal quase imperceptível de negação e eu soube na hora que não era que ele não queria e sim que não podia me contar.

Mas o quê? E por quê?

Espero descobrir agora. Estamos descendo a rua principal nesse exato momento, ambos estamos em silêncio no mundaréu branco que nos cerca.

A neve parece estar derretendo, mas continua muito frio e mais frio ainda está o clima entre nós, não por falta de sentimentos, mas por excesso de sentimentos negativos que estão no circulando, como a ansiedade e medo.

Não consigo deixar de sentir que algo ruim se aproxima.

Andamos tanto que o céu já está na minha cor preferida, aquele roxinho com traços rosas, e estamos chegando no fim dos limites do colégio, a bela e pequena floresta perto do primeiro prédio que conheci se torna visível. Passamos em frente a ele e continuamos, Peter me leva em direção as belas trilhas.

Quando chegamos lá, Peter me empurra bruscamente sobre uma árvore, colocando suas pernas em meio as minhas e começa a me beijar ferozmente como ele jamais fez. Eu não me importo o porquê aqui e agora, o seu beijo é tão exigente e inebriante que eu só quero que ele não pare.

Mas ele faz, ele para e leva seus lábios bem rente à minha orelha para começar a me dizer o que fazer. Todo frio que eu sentia desaparece, ele me aquece com sua respiração e parece não haver ninguém no mundo além de nós dois.

— Preciso que faça barulho. — Ele morde minha orelha e eu o obedeço.

Descendo pelo meu pescoço, ele me beija de uma forma que eu sei que vai deixar marcas e eu amo isso. A cada beijo, eu estou mais perto da loucura e como sei que as árvores não podem me ouvir, não me reprimo.

Comprada sem razões Onde histórias criam vida. Descubra agora