Capítulo 11

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Chego na cozinha e vou ver como anda as coisas. John, com a ajuda de Dion, está de olho na comida, dou uma ajuda pra eles no arroz, afinal de contas não quero comer arroz papado.

Já que estava tudo encaminhado ali, vou lá fora para ver o que Jack está fazendo com a churrasqueira.

Saio pela bela porta francesa que dá acesso a uma área coberta, fico na extensão de piso amadeirados onde se encontra uma grande mesa e a churrasqueira também. Jack está concentrado no fogo e até já colocou algumas das carnes lá, porém fica virando elas de cinco em cinco segundos.

Espero que ele não esteja estragando a picanha.

— Anjo meu, isso não é desenho animado, não estamos girando um animal morto sobre a fogueira. Deixa a carne quieta. — Tiro o garfo da mão dele e coloco mais coisas na grelha. Quando volto minha atenção para ele duvido que ele tenha prestado atenção. — Jura Jack? Pelo menos me ouviu?

— Sim senhora, não rodar a carne. — Diz ele quando sobe o olhar dos meus peitos pra focar nos meus olhos. — Tá linda em minha amiga.

— Cuida da carne menino. — Ele gargalha e eu me afasto indo em direção às cadeiras no gramado.

No meio do caminho sou abordada por Claire e Adriana, ensopadas e a primeira com os lábios roxos.

— Não está muito frio para vocês estarem na água? — Elas esclarecerem que a água é aquecida, mas só fico tranquila quando Eliza diz que a irmã fica assim por qualquer coisa.

Caminhando até umas das cadeiras onde Peter se encontra, ela grita em resposta.

— Não se preocupa com a mini eu, essa daí bateu um vento, já tá congelando.

Peter, que estava mexendo em seu celular até então, levanta o olhar e se assusta com a minha presença.

O quê? Ele achou que eu não viria? Ainda por cima me olha de baixo à cima, qual é? Não é porque ele foi um cavalo ontem que eu vou ficar chorando pelos cantos desta casa.

Desvio o olhar e vou me sentar em uma cadeira no extremo oposto da onde ele está. Me sento e fico bem confortável tomando o meu sol.

As casas aqui são um pouco longe uma das outras, é como se entre uma e outra houvesse uma pequena rua, mas vale lembrar que as cercas são geralmente baixinhas e vazadas, então dá para ver tudo no quintal vizinho.

Na cerca do lado esquerdo me aparece uma mulher e chama Peter, que por sua vez caminha até a nossa cerca. Uma mulher esquisita, estranha, bem alta, um corpo estranhamente proporcional, provavelmente reflexo de alguma cirurgia, vai saber né? E o cabelo escovado de forma esquisita, um ruivo meio desbotado e afins. Eles começam a conversar.

Ela ri parecendo um portão de pobre e o "sr. gentil" a acompanha. Seguindo para rostos preocupados, a conversa continua, com Peter muito atento parecendo um desocupado escorado naquela cerquinha inútil que nem pra tombar presta.

Me levanto e vou verificar se tudo está dando certo lá dentro, essa cadeira é muito dura, ficar ali já estava me incomodando. Checo tudo e no processo pego uma caixinha de som que estava tocando uma música mórbida e coloco o famoso Seu Jorge para cantar. O humor de tudo muda.

Reparo em Adriana arriscando uma dança sozinha e vou até ela para dançar junto.

Naquele momento, com o cheiro da carne assando, barulho de piscina e dançando música boa, me sinto em casa, sinto nostalgia. Engraçado que é uma nostalgia diferente, eu nunca vivi isso, mas eu já quis tanto que agora que está acontecendo é uma nostalgia de um momento apenas desejado. Se é que faz sentido.

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