Não saio do quarto pelos próximos dias a menos que seja extremamente necessário. O clima na casa fica horrível, não consigo ficar no mesmo lugar que Peter e ele idem.
No domingo, quase uma semana depois do ocorrido, fico no meu quarto jogando xadrez com John enquanto o pessoal decide sair. Isso me lembra o início quando cheguei aqui, claro que naquela época eu estava mais apavorada e menos indignada.
— Celi... então...
— Desembucha loiro. — Digo já sabendo o assunto que ele vai pôr na roda.
— Peter é liberado ou o tema é proibido?
— Depende da informação. — Vai que ele sabe de algo que eu não sei.
— Então, não sei o que houve para vocês brigarem...
— E eu não estou contando. — Ele me olha feio pela interrupção. O sol da janela reflete em seus olhos cerrados evidenciando seu desgosto.
— Como eu ia dizendo, não sei o motivo, mas sei que se ele está bravo tem uma grande chance de ser pela ligação que ele recebeu antes de vocês virarem a bunda um pro outro.
— Como assim? Quem ligou?
Pergunto curiosa mesmo sabendo que quem ligou ou deixou de ligar não altera em nada o motivo da nossa discussão. O rosto do menino transmite preocupação quando ele lembra do ocorrido.
— O pai dele. — Ele diz cauteloso.
O pai dele? Isso é estranho.
— O pai dele fala com ele? — Não me pareceu que fizesse.
— Claro que não, acho que ele tinha acabado de descobrir que Peter se casou também. — John chega mais perto para cochichar o final da fofoca. — Ouvi ele dizendo "me casei com ela e você não tem nada com isso" enquanto passava na frente da biblioteca.
Corrigindo, enquanto ele ouvia a conversa atrás da porta da biblioteca. "Me casei com ela", ela... então o pai dele sabe quem eu sou, estranho.
Senhor!
E se o pai dele disse que ele tinha algo com isso?
E se o pai disse que já conhecia sua "nora"?
Talvez o pai tenha dito que ele não deveria ter se casado comigo.
Por quê?
Caramba!
E se formos realmente irmãos? Meu Deus, eu enfiei a língua na boca do meu irmão!
Sou casada com o meu próprio irmão! Isso não pode ser verdade.
— Celina! Celina! — John me sacode. — O que foi?
— Estou em choque, eu acho. — John tenta pescar o porquê, mas eu não digo nem com sua insistência.
Mudo de assunto e logo dou uma desculpa para ficar sozinha. Evito o máximo pensar no assunto, porém algo assim é difícil de sair da cabeça.
Se o clima entre mim e Peter estava ruim, depois de domingo piorou drasticamente. Evito até respirar o mesmo ar que ele, não sei como lidar com ele e com essa situação.
Agora a paranoica sou eu.
Na noite de segunda, ele entra no quarto com o rosto bem vermelho, ele parece estar muito envergonhado. Ele chega perto da minha cama e deixa alguns papéis e sai mais rápido que o próprio Flash.
É isso, então, vamos ao desastre. O que vou fazer depois disso eu não sei, mas dar as mãos para Peter e brincar de ciranda não me parece possível.
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Comprada sem razões
RomanceCelina é uma menina, que muito cedo deixou de ser criança, sem pais, deixada a mercê de uma mulher questionável na infância, teve que aprender a sobreviver chamando o mínimo de atenção possível. Ela não teria porque ficar ali se não fosse as demais...