Comprada sem razões

Capítulo 15

Terminado, sim, acabei um livro de 430 páginas, sou o nível intermediário no francês. Depois de muito esforço e de descontar todos os meus problemas nesse livro, eu o acabei.

— Qual é a nova, Celi? — Logo após surgir do nada, Jack dá um tapinha nas minhas costas. O que me faz soltar um gritinho vergonhoso.

— Tá fazendo curso pra alma penada, garoto? — Depois de me recuperar do mini infarto e esperar Jack achar que já riu da minha cara, o suficiente, eu conto a ele minhas novidades. — Terminei esse livro todo, olha!

— Sozinha? — Ele pergunta de queixo caído.

— Sim.

— Bem, agora você precisa aprimorar, por que não vai fazer aula de idiomas no colégio?

— Você vai pagar? — Pergunto virando minha cabeça para o lado, esperando para ouvir o óbvio.

— Você sabe que se está dentro da propriedade, alguém já paga sua anuidade? — Ele diz imitando de forma ridícula o meu tom.

E espera aí! Quer dizer que eu podia estar estudando sobre Deus e o mundo lá fora, mas estou trancafiada aqui dentro. Faço uma carranca e saio da biblioteca.

— Peter! — Chamo ele enquanto me mantenho com os braços cruzados e postura firme.

Eis que meu sr. Andríc vem da cozinha carregando as duas baixinhas em ambos os braços, elas estão com aquela cara de que não aguentam mais rir e estão com as mãos cheias de salgadinhos. Ele de certo estava levantado elas para alcançarem o armário das porcarias. Quando vejo a cena, não consigo manter a pose de má.

— Ops, fomos pegos. — As meninas gargalham enquanto descem para o chão.

Ele deve ser muito forte para levantar as duas ao mesmo tempo, e ele nem parece cansado com o esforço; ele deve malhar, com certeza eu que sou levinha nem seria grande coisa, ele poderia me levantar fácil, fácil.

Eu tinha vindo aqui fazer o que mesmo?

— Peter, Celi terminou o livro dela de francês sozinha. Ela quer ter aulas para aprimorar, por que não deixa ela ir? — Jack me relembra o tema e também o anuncia com a sutileza que só ele possui.

Não sei porque, mas o jeito que Jack falou fez com que Peter emburrasse. Ele fecha a cara antes de responder.

— Não estou impedindo ela de fazer nada. — Seco que nem folha quando estrala.

— Sabemos que ela é lenta, tem que dar as opções, né? — Jack realmente quer que eu concorde com o insulto que ele me fez? Nem sei o que dizer, apenas faço uma cara de desacreditada.

— Eu vou ligar pra resolver isso, e amanhã você vai. — Ele nem olha na minha cara e sobe a escada. Cada coisa, é difícil entender esse homem.

Como somos amigos agora, subo atrás dele para encher o saco até ele me dizer o motivo da irritação.

Entro no quarto e o nervosinho está sentado em uma das poltronas do quarto com um bico na cara. Passo por ele e ele faz pouco caso, sigo até a porta do closet e o chamo.

— Peter, me ajuda a escolher uma roupa para ir amanhã?

— Poxa, ela quer minha opinião? — Ele se pergunta num tom irônico que me faz rir, não aguento e caminho até ele.

— Posso saber por que está bravo? — Pergunto colocando meu rosto na frente do seu, tentando fazê-lo rir.

— Posso saber por que não foi me pedir? — Ele diz imitando meu tom, todo mundo resolveu fazer isso agora?