Capítulo 37

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— Podemos sair agora? — Claire está tremendo e não há ninguém aqui que seja capaz de consolá-la, estamos todos apavorados.

— Seria suicídio, eles estão esperando que façamos isso durante a noite. Vamos fingir que está tudo normal e saímos amanhã pela madrugada. — Todos concordamos com Peter, o mais imprudente que adolescentes poderiam fazer é sair correndo depois de se assustarem com as muitas informações, não vamos fazer isso.

— Vamos deixar tudo pronto, malas feitas apenas com o básico no carro. — Peço que eles façam isso e logo nos separamos para deixar tudo arrumado, as malas se transformaram em mochilas e essas foram colocadas no porta-malas da mini van.

— Não quero dormir sozinho hoje. — John diz e as crianças o seguem, acho que ninguém poderia ficar sozinho agora.

Peter pega alguns colchões e os estende no chão do nosso quarto para que todos fiquemos juntos, com cuidado para não acordar as pequenas que estão em um sono gostoso na cama, nós nos deitamos no chão no auge das 03:00 horas.

Passam-se alguns minutos e ninguém conseguiu pregar o olho ainda, e para nossa justificativa, Claire se desvincula do abraço de Eliza para se sentar ereta e fazer um barulho de constatação, todos a seguimos e sentamos para descobrir o que ela pensa ter descoberto.

— Claire...

— Eliza, você lembra no ano retrasado que fomos a uma das casas de inverno do pai e você e o Peter disseram que não queriam ir, mas fomos e lá...

— Sim, Claire, calma, o que tem?

— Era na Noruega, certo?

— Sim, era, fala baixo. — Peter a lembra das crianças.

— Desculpa, — continua ela cochichando, — Celina, você é a criança amaldiçoada, sei que é.— Deus, mais essa agora.

— Que criança? — Josie a corta.

— Lembra da lenda, da lenda dos vizinhos da mansão, a que a empregada nos contou. — Ela olha para a irmã e coloca as mãos em seus ombros amassando o pijama roxo que Eliza sempre usa.

— Deus é pai! Como não lembrei disso? Faz todo sentido.

— O que língua presa? Fala logo, tô todo nervoso já. — Todos estamos como Jack, vendo isso Eliza começa.

— Meu pai tem uma casa em um lugar nobre da Noruega e o vizinho dele tem uma puta mansão, meu pai nunca vai lá e para fugir um pouco dessa loucura fomos até a casa no ano retrasado, Claire que não para quieta foi até a mansão amarronzada e fez amizade com a mulher que cuida dos animais de lá. Ela perguntou quem morava ali e a mulher disse que ninguém, e então contou uma história muito bizarra.

O ar começou a esfriar e o som do vento batendo na janela ficou cem vezes mais assustador, nem a luz dos abajures conseguiram diminuir a escuridão que se encontrava o quarto. Eliza depois de engolir a saliva continuou.

— Ela disse que o homem que morava ali vivia viajando e que se casou muito cedo com o amor da sua vida, a senhora da casa. Um dia devido a um acidente o médico disse que ele deveria passar mais tempo em casa do que em viagens e ele começou a cuidar ele mesmo de algumas coisas da mansão, ele trabalhava lá e se divertia lá também, mas a esposa dele certo dia ficou doente e ele precisou arranjar uma enfermeira para cuidar dela já que ela estava em coma e não parecia que voltaria a acordar. Porém, o homem não confiava em ninguém e não queria contratar alguém ruim para ter dentro da sua casa, foi então que ele saiu pela propriedade em busca de uma funcionária que teria essa formação...

— Sim, porque ele perguntou a governanta sobre enfermeiras e ela disse que uma das funcionárias quase se formou nisso...

— Vai querer contar?— Claire balança a cabeça antes que a irmã continue.— Então, ele saiu entrevistando os seus muitos funcionários até encontrar uma funcionária latina trazida pro país na esperança de ser médica, porém vocês sabem, era uma roubada e ela foi levada para um bordel, mas teve sorte por encontrar a tal governanta que pagou para tirá-la de lá e deu o emprego de ajudante do caseiro, algo assim, mas o ponto é que o homem a muito contra gosto a contratou, a contra gosto, pois ela era a única pessoa negra que tinha ali e ele não era muito fã de... respeito mútuo...

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