Capítulo 17

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Passam-se um, dois, três dias e nada. Maria ignorou completamente o que houve na sala, talvez cuidar da minha vida não fosse tão interessante pra ela.

Hoje eu decidi surpreender Claire. Como dei um perdido na irmã dela mais cedo na hora do almoço, pude vir sozinha até a sala da pequena, meu objetivo não é fazer barraco ou um show, mas quero que as colegas dela vejam que ela tem alguém que cuida dela.

Está começando a esfriar muito por aqui e como vi que ela não pegou uma blusa decente, eu peguei e no meu intervalo, resolvi trazer pra ela.

As salas são inúmeras e tudo parece um filme que retrata aqueles colégios antigos. Chego até uma das salas do terceiro pavilhão e logo vejo pelos quadrados de vidro da porta a loira focada no professor. Bato de leve na porta e aguardo.

— Pois não? — Um professor velho e bem alto me pergunta ao abrir a porta.

— Eu gostaria de entregar isso a Claire, por gentileza. — Ele faz uma cara de incômodo e chama a menina, que abre um sorriso surpreso ao vir até mim.

— Sua blusa, vai acabar tendo uma pneumonia garota. — Entrego a ela o casaco vermelho e lhe dou um beijo na testa.

Quando ela já está sentada na sua cadeira eu resolvo ir embora, ela me dá um último olhar e me manda um beijo.

Ver ela se sentir querida, ilumina meu dia.

Caminho então até a quadra coberta do colégio, Eliza me pediu para encontrá-los lá, Jack está jogando com alguns amigos e como está frio ninguém quer ficar ao ar livre.

A quadra é imensa, ela tem marcações de basquete, futsal, entre outros esportes. Ao chegar lá, vejo apenas Eliza sentada nos bancos azuis da arquibancada.

— Oi! Tá sozinha? — Pergunto ao me sentar do lado dela.

— Oi, os meninos vão jogar. Jack chamou Peter.

— Não sabia que Peter jogava.

— Ele tenta.

Quando menos se espera, vários meninos cruzam a porta do vestiário em direção à quadra, todos devidamente vestidos, menos meu marido é claro.

— É só o que faltava, qual o motivo da benção estar sem camisa? Tá um frio do cão.

— Sei lá, acho que ninguém tinha uma para emprestar pra ele. — Capaz.

— Tinham um short, mas não tinham uma camisa?

— O que importa Celina? Vamos ver o jogo. — Ela diz grossamente. — Queria eu que Drake estivesse sem camisa, mas claramente Deus tem seus preferidos.

Ela é a única que está insatisfeita, pois as demais pessoas na arquibancada, principalmente mulheres, estão bem contentes com Peter sem camisa desfilando pra lá e pra cá. Seguro a vontade de berrar que se ele ficar gripado eu não vou ajudá-lo em nada.

O jogo está meio parado e a felicidade do pessoal em volta parece ser ver a bunda do meu marido em seu emprestado short de futebol. Ele sonso como é nem percebe.

— Maria deve ter tido um trabalho infernal com o sonso do seu primo quando ele era criança. — Falo sem pensar.

— Trabalho ela teve comigo. — Eliza começa, ainda focada no jogo. — Eu tinha medo daqui, então vivia me escondendo nos lugares mais loucos possíveis, teve um dia que ela me procurou por mais de 4 horas.

— Uau, isso é bem perigoso para uma criança.

— Sim. Um dia Maria me encontrou dentro da secadora, ela segurou firme no meu braço e me levou para o andar de cima. Eu achei que ia apanhar, mas ela me colocou na frente do espelho e disse "olha só como você é bonita, uma menina bonita dessa tem que ficar bem visível para as outras pessoas admirarem. Um trato, esconder só quando tiver esconde-esconde, combinado?" eu fiquei tão nas nuvens por ela me dizer que eu era linda que aceitei e ela ainda disse "você é forte, se te baterem você revida".

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