Capítulo 26

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Sigo de volta pra casa refletindo sobre minha atual situação. O branco calmo da neve me traz paz e faz com que os meus pensamentos ganhem forças.

Eu não tenho experiências vívidas sobre relacionamentos, mas teóricas, essas não me faltam. Eu já li muitos livros, vi muitos filmes e novelas também para saber as várias dinâmicas que pode se ter um relacionamento.

Porém, estou em um grande impasse, em nenhum lugar vi algo parecido com o que estou vivenciando, então não faço a mínima ideia do que eu e Peter estamos fazendo.

Somos casados, mas pessoas casadas fazem sexo e isso não acontece com a gente e duvido que vá acontecer, então tecnicamente não somos realmente casados, já, por outro lado, cuidamos da casa, dormimos na mesma cama e somos responsáveis por algumas crianças, o que faz parecer que somos bem mais que namorados, mas no muito e bem de vez em quando nos beijamos, então estamos no patamar de ficantes.

Eu sei lá! Isso é muito complicado. Seria melhor não rotular, mas se eu não rotular vou ficar ansiosa por não saber onde é que estamos nisso.

Depois de muito refletir creio que posso explicar, na lei somos casados e eu e meu marido somos amigos que ficam de vez em quando e tudo isso com muita responsabilidade envolvida e estamos caminhando no nosso tempo para um namoro sério, mais ou menos isso.

Por que tudo na minha vida tem que ser tão complicado assim?

Chego em casa louca para tomar um banho quente e ver se as partes do meu corpo que morreram com o frio lá fora, são capazes de reviver.

Estou no hall de entrada quando ouço um choro agudo e uma batida forte, detalhe esse horário não é para ter ninguém em casa.

Vou rápido até a escada, da de onde vem o barulho, e paro para ver Dion chorando e batendo a cabeça com toda força na grade que compõe o corrimão.

— Ei, ei, o que houve? Por que está fazendo isso? — Afasto as pilhas de livros que estão o cercando e me sento na escada para abraçá-lo.

— Eu sou muito burro... eu não entendo. — Ele diz estremecendo e a única coisa que consigo notar é o galo que se formou na sua cabeça.

Não consigo entender essa autodepreciação dele, esse menino é um pequeno gênio. Dion está em sete turmas avançadas, em alguns livros deles tem mais símbolos do que letras e ele só tem 10 anos, como ele pode achar que é burro!?

— Ei, você não é burro! O que te fez pensar isso?

— Tirei nota baixa, agora estou de recuperação e não entendo... — Ele me abraça como se eu fosse sua única salvação. — Agora não adianta mais, meus pais não vão me buscar porque eu continuo burro.

Os pais dele são grandes criadores de softwares do governo japonês, são incrivelmente ricos e geniais, mas não faz o menor sentido ele achar que seus pais o levariam se ele tirasse nota boa em uma matéria, algo está muito errado aqui.

— Não estou entendendo meu bem, como assim seus pais não vêm?

— Eles disseram... disseram que eu tinha que vir pra cá pra deixar de ser burro, não sou digno de ser filhos deles porque sou idiota e enquanto eu não ficar inteligente eu vou apodrecer aqui.

— Dion, meu amor, você é muito inteligente, você cursa matérias que nem Peter com mais que o dobro da sua idade faz. Não quero que pense assim.

— Eu não penso, foi o que meus pais disseram Celina. — Sua voz está cheia de dor.

— Seus pais falaram isso pra você?

— Sim, eles deixaram claro que eu só posso voltar se for útil.

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