Submundo
Diferente do que se pensa o diabo não é assustador, pelo contrário, eu estava de frente a um senhor elegante, o dito senhor das trevas possuía uma postura refinada e vestia um terno caro, seu cabelo loiro caía insistentemente em seus olhos azuis parecidos com os meus, ele me analisada com um brilho nos olhos e um sorriso satisfeito surgiu em seu rosto, o que me causou calafrios.
Assim, ele se pôs a andar em minha direção e estendeu a mão até mim, um pouco hesitante a segurei, ele me ajudou a ficar em pé e me olhou nos olhos.
— Bem-vinda ao submundo. — Ao ouvir aquelas palavras minha pele se arrepiou.
— Como vim parar aqui? — Pergunto rapidamente.
— Por um portal é claro. — Quando não falei nada Lúcifer apenas continuou. — Estão espalhados portais por todo o mundo, eu os usava quando queria tirar férias desse lugar entediante.
— E não teme de algum humano ultrapassá-los?
— Esses portais não estão disponíveis para qualquer um, é só para aqueles que eu permito a entrada.
Olho para Lúcifer desconfiada, mas decido não falar nada a respeito.
— Se você os usava para sair, por que não os usar para me ver? — Questiono olhando feio para ele.
— Eu fui proibida de vê-la Maya, os anjos acreditavam que eu era o principal vilão, fizeram um tratado para mantê-la em segurança, eles achavam que meus inimigos podiam usá-la contra mim, nisso eles tinham razão. — Lúcifer falou incrédulo. — Quando o verdadeiro mal tentou ter a sua posse, você foi levada até uma família humana para viver em segurança até que chegasse a hora.
— Pelo que estão lutando afinal?
— Você. — Lúcifer fala simplesmente. — Você faz parte do bem e do mal, sua força mesmo que ainda não tenha surgido completamente é imensa. Até que escolha um lado, você é uma arma viva.
— Escolher um lado? Como? — Pergunto confusa.
— É simples, luz ou trevas.
— E você me permitiu vir aqui por que? Para me compelir ao lado sombrio?
— Como? — Lúcifer pergunta se aproximando. — Ao contrário do que os humanos pensam eu não fico o dia inteiro coagindo os humanos a cometer atos que eles consideram compulsivos. Eu nunca obrigo ninguém a fazer nada, cada ser possui livre arbítrio, cada um faz o que julgar ser necessário, mas claro que quando as coisas não saem como o esperado eles precisam jogar a culpa em alguém. — Ele fala baixo e seco, me analisando com seus olhos frios.
Eu fico em silêncio temendo abrir a boca quando ele fala novamente:
— Espero realmente que mude seus conceitos sobre o mundo afora, pare de tirar conclusões de acordo com o que contam a você. Olivier vai levá-la aos seus aposentos para poder descansar um pouco.
Olivier veio a frente e fez uma reverência em nossa direção, quando olhou em meus olhos reparei em como eram negros, assim como o seu cabelo, eram tão escuros que podiam ser comparados ao carvão, ele era alto e forte e mantinha o rosto frio, longe de qualquer sentimento.
Desse modo, Olivier me guiou pelos corredores do castelo infernal, todo o lugar era decorado com cores frias, as paredes se encontravam em vários tons de cinza ou preto, o tapete que havia em toda a extensão do corredor era de um vermelho tão vivo que parecia sangue. Vários quadros completavam as paredes, alguns de ossos humanos ou de asas negras envoltas de sangue e mais escuridão.
Caminhamos em silêncio absoluto, Olivier às vezes me olhava de relance, mas não dizia nada. Quando chegamos, ele abriu a porta para mim e me deixou entrar no cômodo a frente, era lindo e luxuoso como o resto do castelo, mas não havia nada de trevas, as cores escuras não faziam parte da decoração ali.
Permiti-me vasculhar o local, as paredes eram pintadas de cor creme, que dava delicadeza ao local, vários galhos foram pintados em dourado, ao seu lado encontrava-se uma grande lareira que mantinha o cômodo aquecido, a cama era de casal decorada com fronhas brancas com dourado assim como o edredom, as diversas almofadas que estavam em cima eram todas douradas ou com lantejoulas, havia alguns quadros em branco no canto do quarto juntamente com materiais de pintura, olhei intrigada para Olivier que simplesmente deu de ombros.
Percebi que Olivier ainda estava no batente da porta, observando cada um dos meus movimentos atentamente, ele mantinha seu rosto neutro o que me impedia de adivinhar seus pensamentos, ele era assustadoramente bonito. Após esse pensamento ele deu-me um sorriso preguiçoso, felino e simplesmente deu um aceno de cabeça em minha direção.
Com isso ele saiu do quarto fechando a porta atrás dele. Meus pensamentos vagaram ao imaginar que Lúcifer havia montado esse quarto para mim, feito de acordo com os meus gostos, como se ele soubesse que um dia eu voltaria, sorri com o pensamento.
Apesar disso, meu coração se partia ao lembrar o que aconteceu com os anjos, não tinha como eu ter notícias aqui, logo teria que retornar e aceitar meu destino.
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A Revolta dos Caídos: A Luz e a Escuridão Irão Reinar
Teen FictionNo princípio, Deus criou o céu e a terra, que era vazia e sem forma, então em meio a escuridão foi criada a luz, feita para separa-la das trevas. Assim o paraíso foi feito reluzente e cheio de anjos gloriosos, tudo funcionava em perfeita harmonia, a...