Capítulo 48

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 Maya

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 Maya

Em um momento estou em meio a escuridão, o frio e o silêncio prevalecem ao meu redor, eu estava desorientada antes de me recordar dos meus últimos momentos em terra, não imaginava que a morte era tão solitária, vazia. Não sabia ao certo se ficaria ali por toda a eternidade ou se estava apenas no limbo, sujeita a ser esquecida e privada da visão do paraíso. Horas pareciam ter se passado ou talvez dias, não tinha como saber, eu estava sozinha.

Inesperadamente um clarão se fez presente em meio a escuridão, chamando-me, o lampejo de luz se expandiu tomando tudo, ficou tão intenso que se fez necessário que eu cobrisse meus olhos até que, o primeiro som chegou aos meus ouvidos.

Abro os olhos ainda desorientada observando vultos que se delineiam a minha frente, Miguel se encontra ajoelhado ao meu lado chamando meu nome repetidas vezes e segurando minha mão fortemente com medo que eu pudesse escapar, Lúcifer franzia o cenho tentando entender o que havia acabado de acontecer, enquanto Olivier e Uriel piscavam repetidas vezes como se não acreditassem.

O céu era tão reluzente e magnífico como em minha projeção astral, mas algo estava diferente, eu me sentia mais leve, mais forte, minha visão conseguia alcançar uma distância assustadora, ao tempo em que minha audição era tão aguçada quanto, eu me sentia renovada.

O Criador sorriu satisfeito para mim, como se lesse meus pensamentos, me posicionei desajeitadamente e fiz um longo comprimento em agradecimento.

— Obrigada por tudo.

— Sua coragem merece ser honrada Maya. — Ele responde sério.

Volto-me para Miguel que parece frágil, seguro seu rosto estre as mãos e o abraço com toda a força que ainda me resta, ele suspira em alívio e parece relaxar com o meu toque.

— Estou aqui, eu amo você. — Digo.

— Eu amo você. — Ele repete.

—M-May... Você está brilhando! — Uriel exclama.

Era verdade, a luz refletia em mim intensamente, eu nunca havia feito isso antes, portanto entrei em pânico, olhei para o Criador em busca de amparo e recebi um sorriso calmo e divertido em resposta.

— Seu corpo com resquícios mundanos se foi, recriei sua carne com traços angelicais, retirando por fim o que a impedia de se transformar no ser que estava destinada a ser, um ser celestial. — Ele fez uma pausa para que eu pudesse absorver a informação. — Chegou a hora, se faz necessário que você escolha entre a luz e as trevas.

O silêncio prevaleceu, eu não fazia ideia do que fazer, desde o princípio pensei que essa escolha seria fácil, mas olhando agora, o mal do qual todos falavam, não me parecia ser tão ruim quanto faziam parecer. Lúcifer fora temido pela eternidade, porém a bondade vive nele, eu podia sentir.

Optar por um dos lados era me desfazer de uma parte de quem sou para sempre. Apesar de todos temerem a profecia e todas as coisas ruins que julgaram eu ser capaz de fazer eu continuava sendo eu, independente de todas as coisas que vivenciei, apesar de tudo a minha volta ter mudado drasticamente, o mal não havia se manifestado da maneira que todos acreditavam.

— Não, não posso fazer isso. — Falei decidida.

Lúcifer me olha confuso, todos parecem não entender minha decisão, a não ser Ele, seu olhar está voltado a mim e parece... Orgulhoso?

— Escolher um dos lados significa reivindicar de uma parte que faz eu ser quem sou. Há milênios todos os anjos foram submetidos a escolher com o intuito de alcançar o equilíbrio entre o bem e o mal, mas agora, vocês precisam de algo que ajude a manter essa aliança apesar das convergências, que traga a união, mesmo após eras envolvidos pelas desavenças.

Após essas palavras todos me olham boquiabertos, nenhum deles esperava essa resposta, muito menos eu. Parece que passam horas até o Criador se voltar para mim e assentir.

— Estou orgulhoso Maya. — Assim que o olhei confusa Ele deu continuidade. — Todos ficaram preocupados com a possibilidade de você destruir tudo o que conhecemos, quando na verdade a sua missão ao vir em terra era unir nossos dois mundos. Interferir nas coisas significa afetar a balança drasticamente, o que pode resultar em um efeito cataclísmico, mas ao agregar alguém que semeie nosso elo apesar dos desentendimentos é primordial. Entretanto, se o seu lado negro se pronunciar em algum momento se fará necessário tomar decisões drásticas.

— Entendo perfeitamente, prometo não o decepcionar.

Eu estava encantada com a graça do Paraíso, todo o lugar era banhado pela mais pura beleza, o céu estava límpido envolto de um brilho opalescente e violeta que emana fortemente, aos meus pés algo semelhante a água cristalina seguia com a correnteza para um lugar desconhecido.

A brisa colidia contra mim, relaxando meu corpo, tendo isso em mente abro minhas asas e fecho os olhos me rendendo as sensações.

— É lindo, não é? — Lúcifer comenta surgindo ao meu lado. — Por séculos eu vinha até aqui para pensar, a calmaria desse lugar é indescritível. Vamos, vou te mostrar uma coisa.

Dessa forma seguimos em direção a água cristalina, até que um grande portal dourado surgiu a nossa frente, seguido de um carreiro de pedra que nos levava até o Paraíso, onde todas as almas consideradas boas estavam, não pude deixar de me perguntar se meus pais se encontravam lá.

Árvores surgiram a nossa frente com gotículas de brilho em seus galhos como se um cordão de luzes rodeasse as árvores, a grama era verde e radiante, logo estadias se fizeram presentes, como uma pequena cidade o Paraíso se fez da forma mais familiar possível, o lugar era calmo e acolhedor.

— As casas e edifícios se projetam de acordo com o local da lembrança mais feliz que a pessoa já vivenciou, eles permanecem lá dentro revivendo os momentos de alegria e por fim encontrando a paz.

— Por que eles não podem perambular por esse local incrível?

— Ora, é simples. Mesmo após a morte os humanos podem sentir, estar aqui e saber que alguém que ama teve o seu destino direcionado ao inferno, ou o arrependimento de não ter conseguido se despedir, até mesmo a saudade dos entes queridos que ainda se encontram em terra, as pessoas nunca encontrariam a paz. — Ele explica.

— Eles... Eles estão aqui? — Pergunto.

Lúcifer sabia a quem me referia, portanto suspirou e assentiu de leve.

— Sim.

O alívio me invadiu, estava feliz em saber que eles tiveram a dádiva de encontrar a paz. Abracei meu pai forte, Lúcifer prendeu a respiração surpreso com o ato inesperado.

— Muitos dizem que nossos atos fazem de nós quem somos, mas apesar disso a vida também é feita do perdão, até mesmo o diabo merece misericórdia. — Falo contra seu peito. — Eu te perdoo pai.

Ao terminar de pronunciar a última palavra ele se desvencilha do abraço e me olha espantado. Dou risada com a sua reação inesperada e volto a falar:

— Vamos lutar juntos para fazer esse mundo o melhor que ele poderia ser.

— Sempre May, sempre.

— Sempre May, sempre

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A Revolta dos Caídos: A Luz e a Escuridão Irão ReinarOnde histórias criam vida. Descubra agora