Acordei com a movimentação vinda do corredor, levantei com um sobressalto observando a escuridão vinda da janela, eram 3:30 da manhã, me pus a escutar atrás da porta uma voz grossa falando baixo:
— Eu já disse que está tudo sob controle. — Miguel suspirou irritado. — Estou a caminho, as pistas da mestiça estão em segurança comigo. Essa é a única forma de salvarmos a humanidade.
Desse modo, escutei passos apressados seguirem até a saída. Voltei-me para Alice comecei a sacudir seu corpo adormecido.
— Alice! Acorde! — Falei perto do seu ouvido.
Ela resmungou, tentando se livrar dos meus braços e voltou a dormir, insistente continuei chamando-a até que ela abriu os olhos e sentou na cama, Alice coçou os olhos ainda sonolenta e voltou-se para mim:
— Mas o que...
— Precisamos ir, Miguel não está no quarto, o cômodo está livre.
— Mas ainda é de madrugada. — Ela resmungou. — E porque quer invadir o quarto dele? Ficou maluca?
— Por isso mesmo, não levantaremos suspeita e preciso descobrir uma coisa. — Falei decidida. — Levante-se, troque de roupa e vamos.
Abri cuidadosamente a porta, para que ela não fizesse barulho, andei na ponta dos pés até achar o quarto de Miguel, com medo de ser pega, girei a maçaneta devagar, a porta rangeu ao abrir, não foi muito alto, mas o suficiente para saber que alguém havia entrado.
Estranhei o fato dela estar destrancada, mas entrei mesmo assim, Alice passou pela porta seguidamente, quando já estávamos dentro do cômodo fechei a porta e liguei a lanterna do meu celular, o quarto estava deserto, os móveis eram distribuídos de modo padrão, mas estavam praticamente vazios, a cama estava perfeitamente arrumada, como se ninguém dormisse ali.
Abri as gavetas da cômoda e encontrei algumas peças de roupas, mas não o suficiente para quem morava ali, a escrivaninha estava cheia de papéis espalhados, todos escritos em latim, todas as suas gavetas continham uma tranca, o que me deixou curiosa ao pensar no que poderia conter ali, puxei todas elas na esperança de conseguir abrir alguma, nada.
No entanto, ao tentar abrir a última gaveta pude perceber que havia uma deformação na mesa, consequentemente passei a mão sobre a parte amassada e para a minha surpresa, uma das gavetas rangeu e com um pouco de esforço consegui movê-la. Hesitante, abri com cuidado e me surpreendi ao ver que dentro dela havia apenas uma pena branca, ela era enorme e brilhante, não podia ser de uma ave.
— O que é isso? — Alice perguntou curiosa.
— Parece com uma pena, mas não sei de qual animal poderia ser.
— Ela é majestosa demais para ser de alguma ave, mas porque guardá-la em uma gaveta trancada? — Alice falou e a dúvida recaiu no ar.
Peguei a pena e analisei todos os seus detalhes, ela era macia e sedosa. Por não saber o motivo de ela estar trancada em uma das gavetas decidi guardá-la no bolso traseiro do meu short. Observei sua estante que era preenchida de livros, na maioria eram livros sobre religião, falando da crença de cada povo, a bíblia se encontrava entre eles e brilhava diferente de qualquer outro, era como se ela pudesse sussurrar em meus pensamentos:
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A Revolta dos Caídos: A Luz e a Escuridão Irão Reinar
Teen FictionNo princípio, Deus criou o céu e a terra, que era vazia e sem forma, então em meio a escuridão foi criada a luz, feita para separa-la das trevas. Assim o paraíso foi feito reluzente e cheio de anjos gloriosos, tudo funcionava em perfeita harmonia, a...