Capítulo 31- Não queria mais nada disso.

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August 2nd, 2022.
New York Presbyterian Hospital
Upper East Side.
Manhattan, New York.

4:33pm.

POV Clare.

Estou exausta, exausta de verdade. Meus pés e minhas costas estão doendo e parece que tem uma mula amarrada nas minhas pernas. O Plantão de hoje a noite foi bem agitado, eu cheguei tirar um cochilo no on-call por umas duas horas, então minha mente tem disposição para mais um plantão, já o meu corpo talvez não tenha força nem para ir para casa, o George como não tem nem um pouco de noção, vai nos passar mais algumas tarefas para o final do dia.

- Dra. Clara Helena Rodrigues ? - Meu Deus, por que falar o nome do meio ? A enfermeira que estava na recepção disse quase gritando.  Dr.Thomas olhou para mim assim como todos os internos que estavam com ele. Céus que vergonha. - Ah é você... Uma entrega para a Doutora. - Me aproximei dela que estava só à três passos de mim, e que por isso não entendi o por que dela gritar o meu nome.

- Sim... - Falei e ela sorriu me entregando um buquê imenso de tulipas brancas que estavam decorando o balcão da recepcão, todos acharamos lindo o buquê e todos achamos que era de algum paciente, mas pelo visto, é meu. - Obrigada... - Ela acentiu e enquanto isso eu queria enfiar minha cabeça no meio daquelas flores de tanta vergonha. Não tinha um que não olhasse para mim.

Peguei o bilhete e na frente vinha escrito "Para Clare."  Abri o papel só para confirmar que era do Martjin. E é, claramente eu nem lí o conteúdo mais eu conheço essa letra. Antes que eu lesse todo o conteúdo do cartão ele foi tirado da minha mão com brutalidade. 

- Ei não! Me dá isso!- Falei para o Dr.Thomas que me afastava com um braço e lia o bilhete que estava sendo segurado com a mão livre.

- Nossa... - Ele falou. - Para minha amada e querida Clare...

- Dr.Thomas me dá esse cartão!  - Ele riu e me afastou mais. - Isso é meu, não tem o direito de...

- O que foi Dra.Rodrigues ? - Ele falou um tanto quanto bravo comigo. - Não quer compartilhar com seu colegas ? - Eu parei de tentar pegar o bilhete. - Por favor diga ao seu namorado que esse é seu ambiente de trabalho e não a sua casa e que se fizer isso de novo, vou ter que te dar uma advertência ! - Ele falou praticamente gritando enquanto todos olhavam. Os meus olhos marejaram e eu sinto que é mais de raiva do que tristeza. - Tem cinco minutos para se livrar disso. -Falou e colocou o cartão de volta do buquê. - Vamos é para hoje... -Eu saí dali segurando com todas as minhas forças o meu choro. Entrei no vestiário e tentei colocar as flores no armário, ela preencheram todo o espaço e quase não couberam o resto das minhas coisas.

Eu amei as flores, amei de verdade. Eu nunca recebi um buquê de flores e sempre quis ganhar um. Lembro que na epóca da escola todas as minhas amigas ganharam um buquê de presente dos pais, nos quinze anos, eu sempre gostei de flores e depois que eu ví minhas amigas ganhando sempre quis um. O Martijn realizou esse meu sonho e talvez nem saiba.

Peguei o cartão agora meio amassado por conta das mãos brutas do George, e abri para ver o que ele tinha escrito.

"Para Clare".

"Queria que soubesse a imensidão que é o amor que
sinto por você e o quanto eu amo amar você, por inteira
quero estar com você mas enquanto não é possível, peço
que por favor, sempre se lembre de mim".

"Para minha amada e querida, Clare".

" Do seu Martijn".

Não sei se choro por causa dessa mensagem linda, por causa das flores, por que entendi que ele não vai vir me ver de novo, por causa da falta que eu sinto dele ou por causa que estou cansada de tudo isso.

The Pain of Love | Martin Garrix Onde histórias criam vida. Descubra agora