The Plaza Hotel
Upper East Side, Manhattan
New York City - NYPOV Clare
Existem coisas tão simples na vida e que são tão esmagadoramente realizantes que desisti de tentar procurar uma lógica por trás.
Por exemplo, em alguns meses talvez eu seja uma médica formada, ganhando mais dinheiro por mês do que posso gastar, mas o que realmente me motiva a continuar minha jornada na medicina, é adrenalina. A adrenalina de viver na linha entre a morte e vida.
Como religiosa, gosto de pensar que Deus guia as minhas mãos, mas no fundo sei que é a minha cabeça e que um deslize tiraria uma pessoa desse plano em questões de segundos. Como posso encontrar prazer nesse desespero? Eu não sei.
Mas fora das paredes do hospital, das ambulâncias ou longe das áreas de trabalho de campo, eu não tinha nada. Nada que me motivasse a continuar.
Eu tenho minha família, mas minha relação com eles é estranha. Consigo amar e odiar minha mãe, por exemplo, na mesma proporção e não sei até que ponto estou errada, ou sou culpada disso.
Meu pai... Sem comentários. Abandonou a mim e meu irmão por um rabo de saia qualquer e a única a coisa que deixou para trás foram os traumas de abandono que ele desenvolveu em mim.
Talvez o meu irmão. Anseio dar uma vida melhor a ele, para que ele não precise se sentir sempre cobrado a ser perfeito como a mamãe parece gostar de fazer conosco.
Mas de uma coisa eu tenho certeza. Tenho o Martijn.
Só de saber que respiro o mesmo ar que ele, já me faz estar completa. Saber que ele me ama e que sim sou capaz de ser amada, mesmo que seja uma pequena versão de mim, já me faz querer continuar, ver no que podemos dar, onde podemos estar daqui algum tempo. Sei lá, talvez uns dez anos? Seria engraçado. Se é que podemos chegar a isso.
Contanto que ele continue me acordando assim, já vou ser realizada.
- Você nunca foi tão difícil de acordar. - Ele disse beijando minha nuca. - Vamos amor...
- O que você quer?
- Eu sei que está cansada mas precisamos ir, o voo é em duas horas e você nem terminou de arrumar sua mala!
- Não preciso arrumar minha mala. Eu tenho um namorado milionario, ele pode comprar tudo novo para mim. - Falei com o rosto enfiado no travesseiro.
Eu só dormi 30 minutos hoje a noite! Por que? Bom, o Martijn é um homem sexualmente insaciável.
Sobre as minhas "malas" me sinto no dever de explicar para vocês. É simples, ontem de manhã recebi uma mensagem avisando que todos os internos iriam tirar um pequeno recesso por conta de estresse pós traumático. Duas semanas a princípio.
Fomos chamados para uma consulta com o psicólogo do hospital e eu fui super reprovada no teste emocional. O que me consola é que todo mundo foi. Agora, vou ficar duas semanas em casa, não fazendo absolutamente nada.
Pelo menos até o Martijn saber disso. O que aconteceu ontem a tarde. Ele simplesmente, sem me perguntar, disse que eu iria para a Europa com ele. Ficaríamos alguns dias em casa, Amsterdam, e depois eu embarcaria em uma pequena turnê de verão com ele.
Óbviamente ele e Watse discutiram feio sobre isso.
Ele disse que seria mais simples para me ver assim, já que seus planos anteriores era me encontrar de vez em quando aqui em Nova York, mas nunca por mais de uma dia. Com o recesso posso simplesmente ir com ele.
É uma loucura, a agenda é a seguinte, duas semanas e cinco países. Espanha, França, Países Baixos, Canadá e Portugal. Tirando os dias de folga que podem ocorrer em qualquer lugar no meio do caminho.
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The Pain of Love | Martin Garrix
Romance-O amor dói. É um fato inquestionavel. Corações se partem durante a jornada tudo que temos que fazer é encontrar alguém no qual as partes se encaixem com as nossas.