No caminho até um pequeno café, Yuta, ainda estava um pouco acanhado, mas eu perguntava algumas coisas na tentativa de tentar deixá-lo mais relaxado. Quando chegamos no local, nos sentamos em uma mesa longe das janelas e da porta.
Não queria arriscar que algum dos informantes da máfia ou até mesmo alguns dos membros, pudessem me ver. Nunca se sabe, já que temos um vínculo com alguns ao redor do mundo.
— Então, o que quer saber? - perguntei, depois que uma das garçonetes anotou nossos pedidos.
— Eu não sei por onde começar. - ele ria desacreditado. - Chega a ser irônico.
— Ok, vamos começar por algo simples. Vou contar o que eu sei sobre meus pais.
Comecei a contar um pouco sobre o que sabia dos meus pais e mostrei uma foto, que eu consegui com um dos policiais, que trabalham para nós. Era uma das poucas fotos que meu irmão estava comigo. Enquanto eu comia e tomava meu suco, Yuta, estava hipnotizado olhando a fotografia.
— Onde conseguiu essa foto? - Yuta, perguntou.
— Foi uma das poucas fotos que deixaram que eu ficasse. - falei simples e com um ar tristonho. - A outra foto, é do meus pais.
— Eu lembro desse dia. - ele me devolve a foto. - Foi dois dias, antes de se mudar para Coreia do Sul. - ele parecia nostálgico, ao ver sua expressão e seu sorriso. - Brincamos muito em um parquinho perto da minha antiga casa. Sua mãe quem tirou essa foto. - ele me encara. - Você se parece muito com ela, mas seu sorriso e seus olhos, é igual ao do nosso pai.
— Às vezes eu me pergunto, se minha vida teria sido diferente se eles estivessem vivos. - pensei alto, enquanto desviava do olhar de Yuta.
— Com certeza seria. - ele falou calmo mas tristonho. - Se para mim, crescer só com a minha mãe, foi difícil, imagino que para você, foi pior.
— Sim, mas eu tive alguns amigos que cuidavam de mim. - sorri, ao lembrar de Taeyong. - Pena que não tive mais contato com muito deles, depois que sai do orfanato.
— E como era lá? Não descobri muitas coisas sobre a instituição.
— Era legal enquanto éramos crianças. - falei enquanto voltava a minha atenção a ele. - Mas depois que crescemos, temos responsabilidades e estudamos bastante.
— Eles queriam que tivesse um futuro melhor, não é?
E que belo futuro.
— Sim, eles queriam desenvolver muitas habilidades. - falei rindo desacreditada. - Por quanto tempo você me procurou?
— Desde pequeno, minha mãe tentava te achar, mas não conseguimos nada. - falou triste. - Até que um dia, falaram que você poderia ter sido morta ou estava em outro país, já que você não estava mais no apartamento. Chega a ser um pouco contraditório o que você diz.
— Mas eu falei que não tinha certeza sobre meu passado. O que eu sei, foi o que consegui saber por uma antiga funcionária do orfanato. - O que não era totalmente mentira.
— Onde essa mulher mora? Podemos encontrar com ela e perguntar como você chegou no orfanato. - Yuta, perguntou um pouco desconfiado mas esperançoso.
— Bem que queria, Yuta. - tomei o resto do meu suco. - Lembra que eu tive que voltar para Coreia, por quê tinha assuntos importantes?
— Lembro, minha esposa ficou triste por uns cinco dias.
— Essa funcionária morreu. - falei abaixando a cabeça. - Descobri quando voltei. Depois disso, não quis revirar muito o passado. - levantei meu rosto e estava com lágrimas escorrendo. - Foi então que pensei em procurar meu irmão.
— Pensou?
— Eu passei meus vinte e um anos, naquele orfanato. Nunca apareceu alguém dizendo que era algum familiar meu e que vieram me buscar. - limpei as lágrimas. - Pensei que ninguém estava sentindo a minha falta ou que realmente não tinha família. Só fiquei sabendo da sua existência, quando sai de lá.
— Mas eu te procurei.
— E eu tinha como saber? Não, Yuta! Da mesma forma que você e sua mãe, me procuravam e não tinham respostas, nem isso eu tive a oportunidade antes. - comecei a falar com a voz embargada. - Quando eu vim ao Japão, pensei em te procurar, mas eu não sabia nem se você estava morando aqui ou se estava vivo. Eu era praticamente um bebê e não lembrava que tinha irmão. Eu sempre tive a certeza que era sozinha, e achei melhor ficar assim, já que não tinha condições de pagar um detetive particular.
— Desculpa. - ele me entrega um lenço. - Eu não queria te fazer chorar.
— Eu só não tinha muita escolha, Yuta. - limpei minhas lágrimas. - Eu nunca tive escolha.
— Agora você não precisa se sentir só. - ele segura minha mão. - Agora você tem a mim.
— Não quer fazer o exame de DNA? Sabe, para ter certeza.
— Eu tenho certeza, mas se você quiser, podemos fazer o exame hoje a tarde.
— Sim, nós podemos fazer.
— Mas tem uma coisa que ainda acho estranho.
— O que?
— Seu nome. Você se aparentou como Choi Helena.
— Esse era o nome que eu cresci ouvindo, já que queriam iniciar uma nova vida quando saísse do orfanato. É mais normal do que se imagina.
— E vai querer continuar com esse nome ou usar seu nome original?
— Meu nome original. - minha resposta soou mais como uma pergunta.
— Bom, eu tenho que ir ao trabalho agora. - ele olha o relógio de pulso. - Vai continuar a passear pelo bairro ou vai voltar para o hotel? - Yuta, perguntou enquanto se levantava.
— Eu vou dar mais uma volta por aqui e depois volto para o hotel. - Falei me levantando.
— Quando eu estiver saindo do trabalho, eu te ligo.
— Tudo bem.
Voltamos até em frente ao hotel e Yuta se foi. Eu voltei para a passear pelo bairro, e satisfeita com minha atuação. Não queria mentir para meu irmão, mas era necessário.
[...]

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Amor Na Máfia
FanfictionVárias crianças vivem em um orfanato bem "especial", onde era gerenciado por uma máfia bem poderosa. Quem vê, pensa que as crianças vivem em um ambiente comum e que serão adotadas por alguém algum dia. Porém não é bem assim, já que elas tem o destin...