Uma série de cartas destinadas ao primeiro grande amor de Aurora. Cartas de amor, angústia, ira, boas e más lembranças. Seria o amor o único elemento capaz de sustentar relações? Seria o amor uma substância atemporal e isenta de interferências caus...
Já faz um mês desde a sua última carta e eu sei que não era para ter uma próxima correspondência minha chegando na sua casa pelo correio, mas não podia deixar de te escrever depois de tudo o que vivemos em apenas um dia... Pare de dizer que não sentiu nada! Pois está se iludindo toda vez que fala para si mesma que aquele dia não mexeu com você, essa é a verdade. Posso sim ter te magoado com as pequenas mentiras, mas não fazia ideia de como contar o que estava encarcerado dentro de mim. Eu sei que pode parecer novidade e que nunca passou pela sua cabeça que algum dia nos atrairíamos uma pela outra, no entanto, aconteceu, você querendo ou não, é importante que pelo menos entenda esse sentimento para depois decidir o que quer fazer com ele.
Por muito tempo fingi para mim mesma que não era nada além de amizade o que você me despertava, quando na verdade, eu te amava como mulher e não queria ser você, queria ter você... Antes de te enviar aquele primeiro escrito eu já sabia, eu te quis desde o primeiro dia, Celine... Só não podia me declarar. E quando você me pediu para ser sua madrinha de casamento foi cruel demais, mesmo depois do que havíamos feito em cima da cama que você e ele dormiam... Eu não vou esquecer o que aconteceu como você quer, mas me responde, você consegue esquecer? Vai conseguir subir no altar e dizer "sim" para o Fergus? Não tenho nada a perder, já você, não pode falar o mesmo.
Eu tinha parado de tomar minha medicação sim, porque ela estava me deixando muito sonolenta, o que atrapalhava meu trabalho e fazia minha memória falhar bastante, já cheguei a esquecer meu endereço e isso me preocupou. A minha terapeuta ainda não sabe, tenho faltado às sessões e quando ela liga não atendo, não sei se você foi para alguma consulta ao psicólogo, é bem desafiador e lidar com nosso eu ferido é terrível. Na última vez que fui, fizemos uma dinâmica onde eu tinha que pensar no que me arrependia de ter feito ou não, sai de lá aos prantos como uma criança e naquele momento só desejei o colo do meu pai, queria tanto ele para me ajudar a colocar minha vida em ordem e seguir em frente para não atrapalhar a sua felicidade, porque sei que você está feliz, só que eu tô quebrada para caralho. Morar em um apartamento pequeno com um gato que tem o nome do meu pai numa cidade longe para caramba de onde nasci, distante da minha mãe e de você, dar aula numa universidade incrível, ser conhecida na Europa inteira e convidada para expor minha nova coleção no Japão, nada disso me completa... Eu largaria tudo para ter você e construir uma família do seu lado... Me esforcei tanto para no fim não querer, mas dessas lamentações você já sabe. Só acho que vou voltar a fazer terapia, pode me ajudar de alguma forma.
Dessa vez a carta vai chegar acompanhada por um quadro que pintei inspirado nas suas curvas, desenhei seus traços de olhos fechados e por enquanto que passava a tinta sobre a tela relembrava daquele quarto quente e abafado, espero que goste de como está sendo retratada através da minha óptica. Eu adoraria que viesse me visitar antes do casamento, preciso saber se vai casar consciente que está apaixonada por mim ou se concluiu que não passou de um momento, isso vai ser bom para você também. Me ligue ou me escreva respondendo, posso pagar sua passagem. Sinto sua falta e eu te amo.
TODA SUA, AURORA...
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