1.Que não pode ser apagado; que não pode extinguir ou destruir; indestrutível.
Alguns dias depois...
Já era sábado novamente, a semana havia passado em um passe de mágica. O tal do Tom ainda sussurra algumas coisas por aí, mas nada que possa fazer com que Pandora enfie o pincel de quadro na sua garganta - o que a mesma disse que faria caso ele tentasse bancar o babaca novamente -, não tive mais nenhum problema no decorrer dos dias e os demais alunos em sua maioria não gostam dele. Pandora e eu continuamos trabalhando na exposição que tem nos animado bastante, já que a viagem é em breve, até iniciamos com o projeto de colocar as ideias sobre nosso quadro em conjunto no papel e agora Inácio tem uma nova amiga que se chama Margô, ambos vivem brigando, mas depois que se conheceram são quase inseparáveis.
Como havia confirmado com Sr.Galaretto minha presença na festa que ele e a família fariam para o filho que estava voltando do exterior, fiquei me indagando se era mesmo uma boa ter aceitado o convite e no fim conclui que independente se havia sido uma atitude boa ou não, poderia beber de graça e já estava quase a caminho do local onde o evento aconteceria. A estrada era boa, não tinha muitos buracos ou elevações que pudessem dificultar o desempenho da minha scooter, os cabelos soltos que não estavam dentro do capacete voavam com a brisa leve, eu estava vestida com uma blusa preta com mangas que estava dentro do meu short social xadrez que possuía as casas das cores borgonha, azul petróleo e marrom claro, havia um cinto preto ao redor da minha cintura com um detalhe prata, também acabei colocando dois colares de tamanhos diferentes que viviam embolados um no outro no meu pescoço e meu coturno escuro estava nos meus pés. Enquanto dirigia podia ver nas laterais vários campos cobertos de grama e o centro de Roma ia se distanciando conforme percorria o caminho, o ar fresco entrava nos meus pulmões fazendo com que eu relaxasse e esquecesse dos problemas, prossegui por mais alguns quilômetros contente sentindo a liberdade soar nos meus ouvidos como uma canção, até que um barulho alto vindo da parte traseira da moto tirou minha paz, aos poucos o motor foi se desligando e uma fumaça escura foi subindo na atmosfera.
-Que merda! - Disse já estressada me levantando do automóvel.
Desprendi o ferrinho que a mantinha em pé e dei uma olhada onde havia dado problema, aparentemente eu não iria conseguir consertar e com certeza teria que levá-la novamente até o mecânico.
-Lata velha! - Gritei enquanto a chutava. -Isso só pode ser brincadeira, não é possível!
Arrastei ela para fora da pista onde alguns carros passavam, me sentei em meio ao mato onde suspirei inúmeras vezes frustrada, teria que gastar mais uma fortuna no conserto. Depois do acidente pensei que a perderia de vez e que não tinha mais jeito, havia um mecânico perto de casa e quando a levei lá ele disse que felizmente tinha sido só um arranhão comparado com outras motos que já tinha recebido.
Demorou alguns minutos até que o sol quente começasse a me incomodar e a ideia de pedir carona rondasse a minha cabeça, me ergui limpando o capim da minha bunda e comecei a balançar uma das mãos na direção dos carros, alguns passavam por mim sem dar a mínima e outros buzinavam, porém ninguém parava para me ajudar. Em dado momento desisti e comecei a pensar que talvez eu fosse capaz de arrumar minha scooter sozinha, sem a ajuda de alguém que realmente entendesse, então abri o compartimento onde guardava algumas coisas e de lá retirei uma chave de fenda, sem saber exatamente o que fazer fui tentando encontrar de onde aquela massa preta vinha e a partir de uma lá consertar o motor, mas eu só acabei me sujando mesmo, minhas mãos pareciam que haviam sido pintadas por carvão.
-Ei gostosa, está precisando de algo?
Levantei minha cabeça e me deparei com um caminhão azul, um cara barbudo com um chapéu surrado e um sorriso nojento na face que estava dirigindo.
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ENTRE NÓS| ⚢
RomanceUma série de cartas destinadas ao primeiro grande amor de Aurora. Cartas de amor, angústia, ira, boas e más lembranças. Seria o amor o único elemento capaz de sustentar relações? Seria o amor uma substância atemporal e isenta de interferências caus...