1. Atitude de orgulho ou superioridade injustificada; arrogância, soberba, presunção.
Algumas horas mais tarde...
-Me deixe em paz, Aurora! - Ela berrou ao mesmo tempo que fechava com força o limiar atrás de si.
Por sorte, independente do esforço que Celine havia feito - talvez na intenção de que a porta se selasse para que eu ficasse trancada para fora - não foi o suficiente para que isso ocorresse, a segurei antes que pudesse encostar no batente e adentrei a minicasa que estava no completo breu.
-Não entendo até agora o porque disso. Pode explicar? - Falei deslizando meus dois dedos principais sobre o interruptor que clareou o ambiente deixando-o lívido. -Você saiu do nada, por pouco não volto para cá.
-Tinha razão, é melhor eu voltar para a casa. - Ela resmungou sem fazer contato visual, caminhando com passos pesados em direção a escada que levava ao andar de cima. -F-foi uma péssima ideia ter vindo.
-Mas que caralhos você está falando? - Indaguei sem entender nada.
Escutando seus murmúrios observei-a subir os degraus com os punhos fortemente cerrados.
-Não acredito que está brava comigo pelo o que aconteceu lá no bar. É isso? - Perguntei novamente, porém agora tendo uma mera noção do que poderia estar acontecendo. Os meus olhos incrédulos sobre ela e a posição contorcida da minha boca, indicavam minha indignação. -Sinceramente, quem deveria estar assim era eu! Quem fez merda primeiro foi você! - Gritei.
-Tem como parar de gritar? - Celine fitou-me com as sobrancelhas extremamente franzidas, as rugas da sua testa apareceram assim que a espremeu e o canto dos seus lábios se contraíram para baixo.
-Assim como parou quando eu disse que estava desconfortável com você flertando com aqueles caras? - Pausei minha fala. -Ah claro, as regras não se aplicam a você!
-Porra, Aurora, você é impossível! - Ela falou respirando fundo e jogando as roupas espalhadas pelo andar superior e as deixando de qualquer jeito dentro da sua mochila.
-Eu? Sério? - Perguntei encostada no limiar com os meus braços e pernas cruzados e um sorriso sarcástico de recanto. -Celine, não era eu que estava agindo como uma babaca na merda de um boteco sujo como se não tivesse de casamento marcado!
-Uau, você que é a babaca aqui! Escuta só o que você está dizendo, pelo menos uma vez na sua vida! - Ela esbravejou ajoelhada no chão me encarando antipática. -Por você "ok" eu sair te beijando com a porra de um anel de noivado no dedo, mas não posso flertar com outras pessoas porque estou prestes a me casar? Isso é uma piada! - Uma risada tão irônica quanto o meu semblante saiu da sua boca.
-Fale mais alto, assim quem sabe Fergus não escute ou melhor, todos descubram que você é uma adúltera! - Retruquei sem pensar duas vezes.
Tudo aconteceu tão rápido, era como se eu tivesse apagado durante algum tempo e retornado aqui e agora. Me fere ser tão dura com ela, não meço as palavras em discussões e muitas vezes em conversas cotidianas acabo esquecendo de fazer isso também, o que é horrível. Há momentos em que tenho que refazer meus passos na minha cabeça para relembrar o que fiz no dia anterior ou simplesmente onde estava há poucos segundos atrás. Culpei os medicamentos como se todo problema tivesse que existir um mocinho e um vilão, sempre buscando precedentes e uma parte de mim - bem pequena e tímida - tinha ciência de que eles não eram os responsáveis, pois um dos maiores sintomas do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) quando ele se estende até a vida adulta é justamente a perda de memória com facilidade.
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ENTRE NÓS| ⚢
RomanceUma série de cartas destinadas ao primeiro grande amor de Aurora. Cartas de amor, angústia, ira, boas e más lembranças. Seria o amor o único elemento capaz de sustentar relações? Seria o amor uma substância atemporal e isenta de interferências caus...