Carta n°10

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Querida Celine...

As coisas estão bem por aqui. Recentemente tomei um susto e tive que levar Inácio no veterinário, porque depois que voltei ele não estava querendo comer a ração, não era nada grave, ainda bem, comprei algumas vitaminas para ele e já consigo ver os resultados, pelo menos agora Inácio voltou a espalhar o papel higiênico do banheiro pela casa. No mais tudo vai como sempre, a não ser pelo fato de que tive uns imprevistos financeiros, provavelmente vou ter que vender a scouter e os móveis do quarto do meu pai - ele não vai precisar deles mesmo -, vou ter que encarar essa situação de frente mais uma vez. Tenho que pagar o aluguel do estúdio que está prestes a vencer e agora que não temos mais um lugar para continuar o projeto, não tenho outra opção a não ser tirar dinheiro da conta de emergências que Inácio deixou para mim. Francis me ligou um dia desses pedindo que eu quitasse uma dívida dela e mais uma vez me cobrou de trazê-la para morar aqui comigo. Você poderia resolver isso com ela, por favor? Depois te devolvo o dinheiro quando possível, só não posso deixar ela na mão. E essa semana vou me encontrar com uma senhora que disse ter interesse no restaurante do meu pai, se a proposta for boa provavelmente vou aceitar. Não precisa ficar preocupada, vou dar um jeito nisso tudo.

Como está aí do outro lado? Muito trabalho para fazer? Qual seu novo projeto? Estou curiosa. Espero que minha camisa não tenha causado nenhum atrito entre você e Fergus, aliás, ele perguntou alguma coisa sobre a viagem? E pode ficar tranquila, não contei nada para a minha mãe sobre nós e quando ela perguntou o motivo de termos passado as férias juntas, falei que queríamos relembrar os velhos tempos, acho que Francis acreditou.

Meus amigos perguntaram de você e sugeriram para que da próxima vez possamos fazer algo em conjunto, sair e te apresentar melhor a cidade ou só jantar, beber e jogar conversa fora. Agora que estamos juntas seria bom conhecermos a roda social uma da outra ou coisas não convencionais sobre nós, até porque somos praticamente um par amoroso, não é? E outra, poderíamos nos telefonar mais, gosto das cartas, porém me gera certa ansiedade esperar pelas suas respostas.

Antes de terminar meu falatório escrito, queria te questionar se você tem certeza do que quer comigo? Não me entenda mal, não quero te apressar, esperei quase vinte anos, mas é que eu preciso que seja honesta comigo enquanto ao que estamos tendo. Não quero ser a amante ou a outra, muito menos o motivo que impulsionou o término de vocês dois, todo mundo ama Celine e Fergus juntos, não vou ser a odiada da situação. Nem consigo imaginar a reação da minha mãe quando descobrir. Enfim, espero que tudo esteja bem aí e que me retorne quando possível. Eu te amo e sinto sua falta.

Toda sua, Aurora...

Toda sua, Aurora

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