Carta n° 03

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Querida Celine...

Pela primeira vez não acertei nas minhas previsões, achei que quando lesse experimentaria todo o amor, carinho e a dor que estavam no meu peito todos esses anos, dessa forma, sentiria ao menos um pouco pena e não usaria certas palavras, mas não, eu errei. E quero retomar aquela parte da carta passada onde dizia que não havia esquecido nenhuma parte sua, me autossabotei, sinto-me tão enganada quanto você, uma parte de mim omitiu esse seu lado perverso em meio as boas lembranças... Esses anos me fizeram descartar qualquer vestígio de maldade que você pudesse ter, te idealizei tanto, me pego vivendo em um romance ultrarromântico, você é inalcançável para mim...

Escrevo travando uma árdua batalha entre o racional e o emocional, contendo as lágrimas que se formam nos meus olhos que ameaçam despencar no papel, como alguém pode ser tão frio? Minha alma definha em resposta às suas palavras e meu coração se rasga, posso ouvir o sentimento que tenho por você clamar por socorro. Admiro o quão franca você foi e eu não sabia que podia ser tão imparcial, porém custava responder as perguntas das entrelinhas? Dei tudo de mim, precisei de uma coragem que levou anos para ser construída e que em 8 minutos de leitura foi ao chão.

E sim, eu achava que ficaríamos juntas depois de tudo isso, depois do beijo, depois dos olhares e dos sorrisos espontâneos que mesmo com esse tempo todo longe eram iguais aos do passado... Eu estava apavorada, Celine, é claro que fugi. O que mais podia fazer? Sinto como se eu fosse um espelho, suas palavras um martelo e você a causadora de todo o caos, atirou o objeto contra mim sem mais nem menos. Estou quebrada e uma parcela aqui dentro queria que você juntasse cada caquinho e decidisse que quer sim ter um espelho novamente. Eu refletiria sua imagem sempre que pudesse, você é minha musa, minha obsessão. Todos os meus quadros têm pedaços seus, é como se não houvesse uma distância de mais de 14.000km entre nós... E essa mesma parte grita de maneira ensurdecedora para que eu volte, me ajoelhe aos meus pés e implore pelo seu amor, mas o meu ego prende-me.

Eu invejo tanto o Fergus, você não faz ideia. Eu acordo chorando todos os dias desde que nos vimos, como pude te deixar para trás de novo? Sou uma covarde! Se eu tivesse ficado e lutado por você, seria diferente o fim da nossa história? Ou você escolheria ele outra vez? Porque se a resposta for sim, não jogue a culpa disso tudo em mim, provavelmente eu sofreria do mesmo jeito, a única diferença é que agora choro por você em Roma vendendo centenas de telas com o seu rosto e ganhando dinheiro com a dor que você me causou.

Pode confirmar minha presença...

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