Desceu as escadas e encontrou Julian com um chapéu de chefe mexendo em uma vasilha verde água. Ele agia como se soubesse exatamente o que estava fazendo, e como se já fosse habituado a cozinha dos Mercer. Julie estava sentada no balcão, alternando o olhar entre seu notebook vermelho e a criança à sua frente.
— O que está fazendo? — Luke perguntou, parando na porta da cozinha. Julian lançou-lhe um olhar rápido e logo voltou a mexer a colher de madeira.
— Bolo. — Respondeu, Luke deu alguns passos para dentro. Ele sentia que deveria se esforçar para fazer Julian gostar dele, mas não sabia porque se sentia assim.
— Quer ajuda? — Ofereceu, Julian virou-se de costas, colocando a vasilha sobre a pia de granito.
— Não.
— Julian não gosta de cozinhar com outras pessoas. — Julie disse sem nem mesmo tirar o olhar da tela do computador compacto.
— É por isso que não está ajudando ele? — O tom acusatório da sua voz não passou despercebido por Julie. Ele adorava usar tons de acusação quando estava simplesmente curioso, porque fazia Julie provoca-lo de volta, e havia uma parte minúscula dele, escondida entre as sombras, que ansiava por uma resposta afiada de Julie.
Não que algum dia ele fosse admitir isso.
— Não sei cozinhar, Cowboy. — Ela disse. Ele havia esquecido por um momento, mas era verdade, Julie sempre fora péssima na cozinha, tinha mesma destreza culinária que um recém nascido.
— Você passa a noite em claro pensando em que apelidos vai usar em mim no próximo dia? — Ele se aproximou da bancada.
Julie subiu os olhos do notebook, e o encarou.
— Eu tenho certeza que gostaria que eu passasse a noite pensando em você.
— Replicou, o comentário despertou pensamentos em Luke. Ela desceu o olhar para o notebook novamente. — Infelizmente, vou ter que destruir seus pensamentos perversos. É fácil para mim pensar em sinônimos de palavras, eu sou escritora.Luke nunca havia esquecido disso, no entanto. Ele sempre soube, desde o primeiro momento em que pôs os olhos nela, que era incrivelmente inteligente. Ela não mostrava muito, nunca se gabava por isso, mas se você prestasse atenção o suficiente perceberia que uma vez ou outra uma pérola filosófica sairia dela, sem nenhuma ponta de sarcasmo, sem nenhuma intenção por trás, apenas conhecimento em sua forma genuína.
— Qual o sinônimo de insuportável? — Luke provocou, ele viu o sorriso que ela tentava esconder.
— Luke Patterson. — Resmungou.
— Isso é uma reunião? — Alex perguntou entrando na cozinha com uma câmera na mão.
— Abaixa isso. — Pediu Julie.
— Tem vergonha de câmeras, garota da cidade grande? — Luke foi pegar uma xícara nos armários imaculadamente brancos.
— Não posso ter imagens minhas na Internet, os policiais vão acabar me achando. — Ela apertou enter, e olhou para Alex e Luke. — Sou foragida em 12 estados.
Alex soltou uma risada, mas ainda estava com um pé atrás, quando se tratava de Julie nunca era possível saber se era ironia ou verdade.
— Ela está brincando, ela é uma cidadã exemplar que doa cobertores para moradores de rua. — Julian comentou, Julie piscou para ele. Também não dava para saber se aquilo era verdade ou não.
— O que está fazendo? — Alex sentou ao lado de Julie.
— Trabalhando. — Levou uma xícara preta aos lábios.
— Você trabalha demais, isso não faz bem para saúde. — Luke disse enquanto colocava café em sua xícara rosa.
— Agradeço a preocupação. — Falou Julie, algo nos olhos dela discordava completamente de sua boca.
— Sempre ao seu dispor, Nova York. — Respondeu ele.
— Esse é o apelido da vez? — Fechou o notebook e girou em seu banco para olha-lo.
— Você arruma mais apelidos para mim, eu arrumo mais apelidos para você. — Levanta seus olhos verdes para ela. — Se bem que, acho que gostei de Nova York, vou ficar com esse por um tempo.
— Lucca, você pode abrir o forno, por favor? — Julian pediu, Luke franziu o cenho para o erro em seu nome, mas abriu o forno mesmo assim. — Obrigada, Sr.Jefferson.
Julie quase engasgou com o café tentando engolir a risada.
— Onde está Willie? — Mudou de assunto, antes que Luke enchesse seu ouvido falando sobre como ela não podia ter usado ele para um personagem, que iria processa-lá e bla bla bla.
— Está no centro, vai ter um evento amanhã, e ele se voluntariou para ajudar. — Alex explicou. — Ele devia parar de se voluntariar para essas coisas chatas.
— Que evento? — Perguntou, Julian sentou-se na mesa e foi mexer no celular.
— Você não se lembra? — Luke questionou.
Julie contou os dias em sua cabeça, tentando se lembrar dos eventos em May Far.
— Ah, meu deus! É o festival amoroso? — Ela arregalou os olhos.
— O que é isso? Esse é um nome horrível. — Criticou Julian.
— Um evento que tem na cidade cheio de corações e flores e chocolates. Todos os clichês românticos consumistas. — Julie disse como se repugnasse todas as palavras proferidas. — Tem até um jogo de perguntas para ver que casal se conhece mais, com prêmio e tudo.
— Eu vou gravar tudo para o YouTube. — Alex contou.
— Por que agora? Não estamos no dia dos namorados. — Julian perguntou.
— Reza a lenda que é um dia abençoado pelo cupido. — Julie contou. — Há muito tempo atrás uma menina se apaixonou por um rapaz, mas ela era rica e ele pobre. Os pais dela nunca permitiriam, então, ela planejou fugir com ele, porém seus pais descobriram e em uma madrugada foram atrás do garoto, a briga foi parar no meio da praça. A família dela xingando-o em voz alta, chamou atenção da cidade, todos saíram para ver, inclusive a menina. Quando seu pai viu que ela estava se aproximando decidiu acabar logo com aquilo, jogou uma estaca nele, mas a garota pulou na frente e a estaca atravessou ambos. Eles foram empalados em praça pública, seus corações unidos por uma madeira afiada e desde então ocorre um evento nessa data, para nos lembrar que nunca se deve negar o amor, ou tentar interrompê-lo.
Um silêncio se ergueu, todo mundo de May Far estava ciente da lenda urbana.
— Ou seja, um bando de baboseira que uns velhos inventaram. — Concluiu Julie.
— Vou jogar amanhã, Kayla quer muito ganhar o torneio de casais. — Luke disse. Sua frase incomodou profundamente Julie, algo dentro dela ficou completamente atormentado.
Ela enfiou esse sentimento onde ela enfiava todos os outros.
— Parece que o prêmio desse ano é uma viagem, e ela está fissurada com isso. — Continuou, Julie virou de volta para seu computador, de costas para ele.
— Eu não vou. — murmurou ela, enquanto abria o arquivo no notebook novamente.
— Ah, mas eu quero ir. — Disse Julian.
— Então, acho que eu vou. — Disse ela, Alex soltou uma risadinha.
— Vamos todos à caminho do amor. — Alex brincou, Julie estremeceu.
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Essa música me passa uma vibe muito Luke e Julie, véi. Sério.
Principalmente a parte que o cara fala: "Eu prometo, o jeito que nós brigamos, me faz sentir como se honestamente estivéssemos apaixonados"
Eu tava ouvindo outro dia e pensei nisso.
Bisous
D.
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Deja Vu ️🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms)
Fanfiction❝ - Vai embora! Você parece ser boa nisso. - As palavras cheias de mágoa e amargura saem da boca dele. - Você não tem o direito de jogar tudo nas minhas costas, não tem o direito de me chamar de egoísta. Não tem o direito de dizer que eu fui embo...