Quente. Pesado. Macio.
Luke abriu os olhos atordoado, as memórias invadiram sua mente violentamente o paralisando. Meu. Deus. O que ele havia feito?
Quente. Pesado. Macio.
Quando desceu os olhos para baixo, decifrou as sensações. Estavam no celeiro, ainda. Deitados. Juntos.
Como aquilo era estranho! Passou anos sem ver a mulher, para tê-la agora em seus braços. Quase não acreditava, parecia um sonho vívido demais, parecia um daqueles momentos à beira da inconsciência quando seu cérebro deseja tão desesperadamente algo, que o faz acreditar que realmente aconteceu. No entanto, ele sabia que dessa vez era verdade.
A cabeça de Julie descansava em seu peito, um de seus braços passava por baixo do corpo dela, cercando-a, trazendo-a para mais perto. Sua outra mão, estava entrelaçada à mão esquerda dela. Céus, não bastava que eles tivesse dormido juntos, eles tinham dormido juntos de mãos dadas.
De. Mãos. Dadas.
A respiração regulada dela o acalmava de alguma forma, ela parecia quase angelical, à beira do irreal, com os cachos espalhados por toda parte e os lábios entreabertos. Ele estava constrangido com a situação, mas Julie ficaria muito mais. Muito mais.
Ou talvez ela gritasse com ele até que seus tímpanos explodissem, ou talvez flertasse com ele até que ele desmaie de vergonha. Odiava que Julie fosse assim tão imprevisível, uma caixinha de surpresas, uma bomba relógio.
Ou talvez ele gostasse. Estava confuso. Aquela garota o deixava confuso.
Julie arregalou os olhos e rastejou para longe de Patterson, o tirando de seus pensamentos.
De todas as coisas que ele achou que sairia da boca dela, e de tudo que ele pensou que aqueles olhos arregalados significavam, definitivamente, ele não estava esperando pelas primeiras palavras que ouviu naquele sábado.
— Eu dormi? — Ela parecia tão chocada, que chegava a ser cômico.
Luke não sabia o que responder para isso. — Eu dormi a noite toda?— Igual um ser humano normal, sim. — Respondeu. Se antes estava chocada, agora estava completamente aterrorizada, estupefata, surpresa.
Luke ergueu as sobrancelhas em uma interrogação silenciosa.
— É a primeira vez que dorme, ou algo assim? Julie Molina, você é uma vampira e não me contou? — Disse, erguendo metade do corpo para se sentar no chão.
— É a primeira vez que eu durmo uma noite inteira desde que voltei a May Far. — Contou sem querer, olhou para as próprias mãos como se não conseguisse se reconhecer antes de sussurrar: — E nada de pesadelos.
Um sorriso ameaçou aparecer no seu rosto, assim que o choque passou. Luke percebeu e ficou à espreita, desejando muito ver um sorriso genuíno. Ele não viu, a sombra do sorriso sumiu antes mesmo de dar as caras.
— Acho que eu poderia chorar de alegria. — Comentou baixo, parecia estar falando sozinha. — Ficar sem dormir, pode deixar uma pessoa maluca.
Luke fez um barulho de desdém com a boca.
— Você? Chorar? — A risada que saiu de seus lábios, incomodou Julie. — Só quando o inferno congelar.
Julie ficou em pé em um pulo, e passou as mãos pelas calças para tirar a poeira acumulada.
— Pessoas que nunca choram, um dia se afogarão nas próprias lágrimas. — Disse distraída.
Ali estava, um daqueles momentos em que Julie despretensiosamente soltava, uma frase reflexiva, que ele carinhosamente, apelidava de "pérola de sabedoria". Ele adorava as pérolas de sabedoria dela, gravava todas mentalmente; Julie não era a pessoa mais falante, principalmente não era a pessoa que mais demonstrava sua inteligência, a menos que você considere piadas sarcásticas um tipo de inteligência. Então, quando ela deixava seu talento com as palavras escaparem sem perceber, Luke se deleitava com o momento.
Estavam evitando falar sobre a noite passada, e o que aconteceu, porque a verdade é que nenhum dos dois sabia exatamente qual era o próximo passo.
— A noite passada... — Julie começou mas foi interrompida.
— Não aconteceu.
Ela apertou os olhos.
— Olha, pelo que eu me lembro aconteceu sim. Aconteceu muito. — Disse com o tom alterado. Também não queria levar algo a frente com o maldito, entediante Luke Patterson, mas ouvir ele falar daquela forma, como se ter beijado ela fosse a pior coisa do mundo.
— Vamos fingir que nada aconteceu. — repetiu Luke.
— Cara, você está entrando em um estado de negação pesada. — Passou os olhos por sua blusa verde desbotada e seu jeans velho. Eram roupas tão cafonas, tão fora de moda, mas ele poderia estar usando um saco de batatas e ainda assim ser o homem mais lindo que Julie já viu.
— Não estou achando graça. — Luke também se levantou do chão. — Estou pedindo à você que esqueça a noite passada.
— Então, é melhor você torcer para eu sofrer de amnésia. — Exclamou.
— Eu não quero lembrar de ontem, foi um erro.
— Estou ouvindo muitas reclamações, mas permita-me lembra-lo que foi você quem me beijou. — Cruzou os braços. A lembrança de ontem mais uma vez permeou pela mente de Patterson.
— Eu estava confuso. — Tentou se justificar.
— Você não parecia confuso, quando me agarrou, nem quando sussurrou aquelas coisas no meu ouvido. — Julie não ia deixá-lo se livrar dessa tão facilmente.
— Eu cometi um erro. — Disse pausadamente. — E, você também estava lá, não se faça de inocente, você me beijou de volta e parecia adorar todos os sussurros.
— Sim, eu sei o que eu fiz. — Gesticulou. — A diferença é que não estou dizendo repetidamente que foi um erro, nem estou mandando você esquecer nada.
— O que sugere que façamos, então?— Luke massageou um ponto em sua testa, aquela mulher conseguia afeta-lo como ninguém mais na terra.
Um silêncio se perdurou por um minuto inteiro, antes de Julie dar o braço a torcer.
— Não conte a ninguém o que aconteceu, e delete da sua cabeça. — murmurou. — Foi um momento de fraqueza, essas coisas acontecem, principalmente entre exes.
Luke ergueu as sobrancelhas.
— Somos jovens, eu sou extremamente atraente e você... — Abriu um sorriso maldoso. — dá para o gasto. Estamos solteiros, não fizemos nada de errado, só que não vai se repetir de novo.
Ela marchou para fora do celeiro com Luke em seu encalço.
— Claro que não vai acontecer de novo, eu não seria idiota a esse ponto.— Resmungou, Molina revirou os olhos.
— Correção: não vai acontecer de novo, porque eu não faço caridade. — Ela virou para o lado contrário ao que ele estava indo, Luke bufou.
— Tenha um bom dia, Nova York.
— Vá se ferrar, fazendeiro.
........................................................................
O que acharam da briga das crianças de três anos 😍😍😍😍😍😍? Amaram?
Off: hoje eu postei no horário certinho, é uma vez para nunca mais.
Bisous
D.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Deja Vu ️🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms)
Fanfiction❝ - Vai embora! Você parece ser boa nisso. - As palavras cheias de mágoa e amargura saem da boca dele. - Você não tem o direito de jogar tudo nas minhas costas, não tem o direito de me chamar de egoísta. Não tem o direito de dizer que eu fui embo...