52● Pedindo por favor.

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Empurrou a porta com o ombro uma última vez, antes de se dar por vencido.

— É, não dá para sair daqui. — Suspirou passando as mãos pelos fios castanhos claros. Julie prestou bastante atenção ao movimento, as memórias de seus dedos no meio daqueles mesmos fios ainda corriam vívidas entre sua cabeça, se fechasse os olhos e se esforçasse o suficiente, conseguiria sentir o cheiro de feno do celeiro, e o corpo molhado de chuva de Luke contra o seu.

Ela levou alguns segundos para sair do transe, enquanto Patterson a olhava como se a garota fosse super esquisita.

— Você não tentou direito, deixa que eu faço. — Foi a primeira coisa que falou, quando seus olhos entraram em foco de novo. Caminhou até a porta.

— Se você acha que consegue, Mulher Maravilha. — Desdenhou.

Julie puxou a porta, empurrou a porta, chutou a porta, e ela continuava do mesmo jeito, nem sequer tremia.

— Eu acho que se nós dois chutassemos juntos, ela iria abrir... Bem, ela iria quebrar e a gente iria ficar devendo dinheiro para Willie e Alex. — Concluiu ela, Luke contornou a sala aberta e se sentou em uma cadeira azul, atrás da mesinha de cor similar.

— Eu não tenho dinheiro para pagar.— Disse.

Julie inspirou fundo. Tudo bem, estava tudo bem, eles iriam sair dessa. Não, de jeito nenhum ela iria ficar presa em uma sala com um cara que a odiava, que por acaso era seu ex namorado, poucos dias depois de terem se atacado no celeiro da mãe dele. Ah, isso sem nem mencionar o fato, que as cartas de sentimentos que ele havia feito para ela, estavam em cima da prateleira atrás dele - claro que ele não sabia disso, mas era preocupante mesmo assim. - e que ela estava novamente sem conseguir dormir direito, e um Molina sem dormir é um Molina mau-humorado.

— Quando eles vão voltar?

— Hoje... — Respondeu Luke, a garota respirou aliviada. Tudo bem, só mais uma hora no máximo ali dentro. — à  noite.

Virou o rosto rapidamente na direção dele. A noite? A NOITE?

Se eles voltarem hoje. — Completou, apesar de também não querer estar ali, o homem estava se divertindo com o desespero explícito da mulher.

Julie tateou seu jeans em busca do celular, era só ela mandar mensagem para Nick, ou Flynn, ou Reggie, ou Carrie, ou Leylane. Céus, até mesmo Rosie. Qualquer um que pudesse vir aqui, e abrir a porta por fora.

No entanto, ela deveria estar tendo um dia de azar, ou ela tinha morrido e estava em seu próprio inferno pessoal, porque o celular não estava com ela.

— Meu celular... Eu deixei na mesa de café. — Resmungou, virou-se para o homem na cadeira, que olhava a sala com atenção. — Onde está seu celular?

Patterson tirou o aparelho do bolso de trás, e o ergueu com um sorriso estranho.

— Descarregado. — Disse exibindo o celular escuro.

Julie começou a andar em círculos. Aquilo ali era difícil, aquilo era sentimentos guardados e obscuros, aquilo era assunto sério, aquilo era uma situação constrangedora. E ela não fazia o difícil, o constrangedor, o sentimental. Ela fugia de assuntos sérios como o diabo foge da cruz.

Continuou a andar em círculos, sentindo sua ansiedade aumentar.

— Meu Deus, meu Deus, meu Deus, meu Deus... — repetia. E se ela se jogasse pela janela? Arriscado demais? Desesperado demais?

— Pensei que você não acreditava em Deus. — Comentou ele. Ela obrigou seus pés a se firmarem um lugar só, e o encarou.

— Eu não acredito, não acredito em nada. — Disse, desistiu e se sentou no chão, contra a parede, o mais longe possível daqueles olhos azuis.

Deja Vu ️‍🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms)Onde histórias criam vida. Descubra agora