62● Tal Qual Avril Lavigne

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Certo, ela podia fazer isso.
Claro que podia.
Ela podia!

Certo?

Seus instintos a diziam que não, que nunca seria capaz de fazer isso, porque ele a fazia ferver e seria quase impossível agir como se isso não fosse verdade.

Quase.

Ela estava disposta a tentar, no entanto.

Não podia ser impraticável, ela não era uma criança, sabia controlar seus impulsos, tinha quase certeza disso.

Quase.

Conversou com sua psicóloga sobre seu desejo urgente de ser amiga de Luke. Ok, ok, ela não descreveria como desejo urgente, é melhor reformular isso. Conversou com sua psicóloga sobre seu incômodo incontestável a cerca de seu relacionamento - se é que ela podia usar esse termo - conturbado com Luke.

E, a terapeuta disse algo que deveria ser óbvio para ela, mas não foi: A mudança começa na gente.

Ela teria que cortar todas as reclamações, e segurar todos os impulsos de ser o mais infantil possível quando ele está por perto, e só de pensar em ficar calada, ou ser gentil enquanto ele a provocava, a fazia querer enfiar sua cabeça em um poço de lava. Mesmo assim, ela queria tentar.

Tudo ficava muito mais estranho se adicionarmos o fato que hoje ela iria para casa de Alex e Willie, porque Reginald fez um drama terrível sobre como ele era abandonado, sozinho e infeliz, e Nick disse "Podemos nos reunir na Casa do Will", e Alex respondeu que nem por cima do cadáver dele. Era mentira, é claro. Tudo que foi necessário para mudar a ideia dele foi um Reggie muito bajulador, um doce Luke preocupado com a solidão de seu amigo e um "Por favor, meu bem" de Willie, e Puff, Alex era uma manteiga derretida.

E agora todos pagariam pelo seu coração mole.

Ela não estava cem por cento ainda, mas estava bem melhor. As dores musculares agora, não passavam de uma lembrança desagradável. É por isso que estava indo sozinha visitar seus amigos, ao invés de com sua escolta recém adquirida, o que era um alívio porquê ela já teria que ser gentil, educada e borboletas cor de rosa pelo resto da noite, se quisesse cortar o mal pela raiz e acabar com aquela relação baseada em ataques e mudanças de humor.

Então, seu único problema com essa noite era controlar o espírito de criança de 12 anos extremamente competitiva que tomava conta totalmente de seu espírito quando Patterson se aproximava.

Sua psicóloga também a lembrou que se ela não sentia nada por ele (como Julie afirmou tão obstinadamente para ela, logo após fazer uma piadinha de mau gosto sobre Luke) não fazia sentido continuar com aquela dinâmica gato e rato reconhecida mundialmente como flerte agressivo, e Julie perguntou se ela poderia se aprofundar na parte psicológica dessa afirmação, pedindo que ela falasse mais sobre porque algumas pessoas achavam que implicância era uma forma de amor. A psicóloga apontou prontamente que ela estava desviando do assunto, e a sessão acabou minutos após.

Julie um pouco depois nesse mesmo dia, lembrou-se de uma citação literária que gostava muito, do quarto livro da série estilhaça-me, a qual ela era muito apegada.

"[...] Mas o fogo do verdadeiro ódio, percebo, não pode existir sem o oxigênio da afeição."

A frase perdurou em sua mente por muito tempo, a fazendo questionar várias vezes sua própria sanidade, a fazendo revisitar mentalmente o dia no celeiro que Luke a beijou tão decididamente e que acordou em seus braços na manhã seguinte, também recordou-se da quantidade de vezes que provocava-o sem motivo algum por dia, ou o quanto o aborrecia só para ver a expressão facial dele se fechar. Por fim, decidiu não pensar demais, ou iria morrer, derreter, explodir, implodir. Sem nenhuma hipérbole, nem exagero, ela honestamente acreditava que sua cabeça poderia de forma literal entrar em combustão.

Deja Vu ️‍🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms)Onde histórias criam vida. Descubra agora