33● O namoro desceria pelo ralo

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Encarou em silêncio os papéis. O que era aquilo? Era para ela? Por que Luke tinha uma caixa de papéis com o nome dela? Quando aquilo tinha acontecido? Quando ele tinha escrito aquilo? Por que ele ainda guardava? E, mais importante que tudo, por que ela se importava tanto com as respostas dessas perguntas?

— Julie, você se machucou? A caixa encostou em você quando caiu? — Luke quebrou o silêncio se aproximando da mulher. Ela estava sem fala, não sabia o que dizer e nem como dizer.

E então, de repente, todas as palavras voaram dos seus lábios desesperadas.

— Qué es eso? Odio cuando me sorprende! ¿Son letras? ¿Son para mí?Luke, por qué haces esto? por qué siempre me ensucia la cabeza? Estaba bien sin ti, te lo juro. Quiero decir bien es una exageración. — Luke a virou para ele pelos ombros, enquanto ela falava sem parar e em falsete. Ele havia esquecido que toda vez que ela ficava nervosa ela falava em espanhol, era adorável! Quer dizer, ridículo. ridículo. Ele estava pensando em ridículo e não adorável.

— Eu não falo espanhol, Julinha. — Lembrou ele a ela. — Não tenho a mínima idéia de nada que você disse.

Julie piscou confusa, como se percebesse apenas agora a troca de idiomas.

— Me desculpe. — Ela disse baixo, subiu os olhos e percebeu a proximidade que estavam, e que as mãos de Luke ainda permaneciam em seus ombros. Segundos depois, percebeu também que tinha acabado ser gentil com Luke Patterson. Pelo amor de Deus! Deu um passo para trás assustada enquanto ele tirava as mãos dela. — Não, eu não me machuquei.

O clima no quarto era insuportável, Luke não queria falar nada e Julie nem sequer entendia o que estava acontecendo. Se estendeu por poucos segundos antes dela se estressar, realmente não era uma mulher conhecida por sua paciência.

— O que é aquilo, Luke? — Ela cruzou os braços irritada. Patterson queria se fundir a parede e nunca mais ser visto, deveria ter se livrado daquelas cartas anos atrás, mas simplesmente não conseguia.

Estava tão preocupado com o que ia acontecer se Julie pusesse as mãos naquelas cartas, que quase não percebeu que pela primeira vez em algum tempo ela não fez nenhuma piada sobre ele ainda morar no interior, pela primeira vez em algum tempo ele era apenas Luke.

Se abaixou para pegar um dos papéis já que ele não parecia disposto a cooperar com a resolução do mistério, mas Luke rápido como um raio se colocou a sua frente.

— Julie, eu preciso que você saiba que eu escrevi isso há muito, muito tempo atrás. — Disse rápido. Imagine o que aconteceria se Kayla resolvesse voltar ali, pegaria ele e Julie em seu quarto, conversando sobre cartas que ele escreveu para ela. O namoro dele desceria pelo ralo, então, estava se esforçando para ser racional e contido.

— Escreveu o quê há muito tempo atrás, Cowboy? — Arqueou uma sobrancelha. Ah, ela estava de volta, com direito ao pacote completo, ironia, piadas sobre o interior, e expressão maldosa.

— Eu escrevi assim que você me deixou, e eu guardei e esqueci de jogar fora. Tem que entender que isso aqui, quem escreveu, era um Luke adolescente. — Disse rapidamente, a facilidade com que ele disse "me deixou" incomodou profundamente ela, mas não é como se pudesse reclamar, ele não havia mentido.

— Escreveu o quê? — levou seus olhos tempestuosos até ele, fazendo com que ele calasse a boca. Luke queria gritar que não era justo usar aquele olhar nele, mas então ela perguntaria que olhar, e ele teria que passar mais meia hora explicando sobre o olhar enegrecido em chamas, que ela lançava as vezes, e que fazia que eles e seus amigos temessem de medo.

— Cartas para você. — Soltou em um suspiro. — Eu escrevi cartas para você.

Julie deixou os braços caírem inertes em volta dela, e toda a irritação se dissipou do seu olhar. Toda vez que ela pensava que Luke Patterson não podia ser mais... Luke Patterson, ele à surpreendia.

— Cartas? Cartas sobre o quê? Explícame. — Luke não precisava saber espanhol para entender o final da frase.

Julie estava à beira de um surto mental, era fácil esconder os sentimentos quando eles estavam regulados, mas quando Luke Patterson ateava fogo nela com suas atitudes, suas emoções enlouqueciam, explodiam, desesperavam-se dentro dela, e ficava muito difícil ser a Julie Molina sarcástica e engraçada quando seu peito parecia afundar.

— Cartas sobre o quê eu estava sentindo? — Soou como uma pergunta. — Eu não sei, Nova York, cartas para você de mim. Era isso.

Julie apertou os lábios em uma linha fina e passou os olhos pelas folhas, uma curiosidade não tão comum esgueirou-se por sua pele.

— Posso ler? — Mordeu o lábio inferior em expectativa.

— Eu preferiria que você não lêsse. — Disse, a voz distante. Julie olhou para ele inquisitivamente, há minutos atrás ele estava desesperado para conferir se ela não estava ferida, e agora ele era o Sr.Pedra de Gelo novamente. Era tão irritante.

Mas Luke era um cara gentil, educado e preocupado com outras pessoas, e talvez fosse apenas por isso a preocupação dele, e não por algum motivo secreto e escondido. Julie repetiu isso para si mesma algumas vezes.

— São para mim, não são?  — Olhou para ele, Luke franziu o nariz irritado.

— Teoricamente sim, porém são minha posse. — Rebateu sem pestanejar. Julie soltou uma risada irônica.

— "Tecnicamente" Está usando palavras grandes agora, coração? — Ergueu o queixo enquanto o encarava. — Isso sim é novidade.

— Não importa o quanto me provoque, coração, não vou te dar as cartas. — Disse entre dentes.

— Me dar? São minhas, você as fez para mim. — Lembrou-o, erguendo as mãos exasperada.

— Eu não fiz nada para você. — andou para frente. — Outra versão de mim, escreveu para outra versão de você.

— Luke, minta para você o quanto quiser, e grite para o mundo sobre como o novo Luke Patterson não tem absolutamente nada a ver com a versão passada, não me importo. — Grunhiu furiosa. — Não me importo mesmo com o que você diz, toda vez que eu olho para você quem eu vejo é ele.

Seu peito subia e descia agitado, e ela deu alguns passos para trás, percebendo tardíamente as palavras que proferiu. Argh! Luke Patterson tinha colocado alguma praga nela, ela tinha certeza. Jogado algum vudú maligno em sua boca, para que de uma hora para outra, ela não conseguisse segurar a sua língua.

— É claro que você vê ele, Julinha. — Ele disse com a voz regularizada novamente. Julie percebeu o quão estranho era chamar de "ele" o Luke mais novo. — Ele é o único que você conhece, não trocou duas palavras sem me ofender desde que chegou aqui.

— Porquê você foi um doce comigo, não é mesmo, Caipira? Um cavalheiro, de fato. — Ela cuspiu as palavras, vislumbrou por meio segundo arrependimento nos olhos dele, que desapareceu sem deixar rastros.

Ele respirou fundo e massageou suas pálpebras.

— Vou descer. — murmurou sem emoção. Julie o acompanhou com olhar e depois voltou-o novamente as cartas.

Ela não queria pegar escondida, realmente não. Já havia furtado no passado, mas aquilo parecia diferente de alguma forma.

— Pode levar as cartas. — Ouviu ao longe, virou-se desacreditada nas palavras. — São para você, afinal.

Ele se foi após isso. Julie encarou as cartas decidindo se as levava ou não.

— Garoto estranho, garoto muito, muito estranho. — Ela sussurrou para si mesma, enquanto pegava as cartas na mão.

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Eu voltei, ia enrolar mais um pouquinho, mas achei maldade, então resolvi aparecer KKKKKKKKKKKKK

Bijous
D.

Deja Vu ️‍🌈⃤ Juke (Julie and the phantoms)Onde histórias criam vida. Descubra agora