🌈Pequena distração

524 82 78
                                    

🌈 Música do capítulo: Eyes Off You - PRETTYMUCH

Bolhas coloridas se movimentam freneticamente no escuro ao ritmo de palavras eufóricas abafadas por um mar de gente. Todos os corações batem no mesmo baque em que dançam as sete figuras em cima do palco. Elas conseguem hipnotizar cada uma das centenas de bolhas que, com uma única ordem, mudam todas para a cor roxa. Uma das silhuetas grita "I purple you!" e todos vão à loucura.
Abriu os olhos devagar. Mal conseguia lembrar de ontem. Convenceria-se facilmente de que nada tinha realmente acontecido se não tivesse acordado num quarto com uma moldura que ia de um canto a outro da parede com uma foto de todos os membros do grupo de K-pop BTS.
Levantou-se num pulo e conferiu as horas. Eram exatamente oito da manhã. Será que alguém já acordou? Entreabriu a porta do quarto e escutou algumas vozes. Artistas têm agendas cheias, é claro que não podem se dar o luxo de dormir até tarde. Queria seguir o som e ao mesmo tempo queria fingir que ainda estava dormindo. Conversaram ontem, mas tinha a sensação que não conseguiria nem dizer bom dia por pura vergonha.
— Bem, uma hora eu terei que vê-los novamente, não é? — questionou S/n para a parede.
Respirou fundo e desceu a escadaria.
— Já tá pronto, hyung? Meu estômago está roncando. — Jungkook coloca as mãos na barriga e puxa o ar para parecer mais magro. — Se eu soubesse que ia demorar tanto eu mesmo ia preparar meu café.
— Dá pra parar de reclamar? Aposto que você vai querer repetir o prato. O hyung aqui sabe o que faz. Sou um ótimo cozinheiro!
Enquanto isso os outros meninos estão sentados no balcão, esperando a comida ficar pronta. Jin está vestindo um avental todo sujo. Se não fosse por sua confiança na resposta ao maknae, diria que é a primeira vez que cozinha.
— Ei, alguém viu o Yoongi? Ele vai perder o café da manhã de novo.
Jimin coçava os olhos como se tivesse acabado de se levantar.
— Parece até que você não o conhece! Uma hora dessa ele só pode estar dormindo. — Hoseok finge um ronco.
— É só isso que ele sabe fazer afinal — completa Jungkook.
— Jiminie, não se preocupe. Vai sobrar mais pra gente se ele não vier. — Taehyung estende a mão no ar e Jimin a acerta sem nem mesmo olhar. A ligação que eles têm é linda de ver, em outra vida devem ter sido irmãos de sangue.
— Só queria ver as suas caras se o Yoongi ouvisse vocês falando dele assim. Ele é uma pessoa tranquila, mas quando fica bravo... só de falar me dá calafrios — estremece Namjoon, fazendo os outros rirem.
— Bom dia, pessoal!
S/n aparece e somente Jin se mantém firme. Jimin e Namjoon, que estavam de costas, quase caíram da cadeira ao ouvir sua voz. Jungkook, Taehyung e Hoseok arregalam os olhos.
— Ops, não era pra assustar vocês. Devem ter esquecido que eu estava aqui.
— Bom dia, S/n! Como assim te esquecer? Acordou bem na hora pra provar a receita que inventei e... — Assim que Jin se vira, entra no modo mudo, a frigideira em sua mão fazendo o barulhinho típico de comida boa.
Ah não... Ou seu cabelo parece uma juba, ou seu rosto está sujo. Ela não se olhou no espelho hoje, coisa que costuma fazer sempre que acorda. Logo hoje não conferiu o meu estado. Ai, que anta você é, S/n!
— Minha nossa! Você quase me matou de susto. Pensei que o Yoongi tava aqui atrás. Certeza que ele iria surtar e... — A reação de Namjoon ao se virar é igual a de Jin. Os outros estão da mesma maneira.
— O que vocês têm? Jin, isso aí vai queimar! — Jin se vira e continua a cozinhar, calado. Jimin entorta o pescoço e a olha de cima a baixo. Ele levanta rápido com os olhos arregalados, pega o próprio roupão que estava pendurado na sua cadeira e a envolve nele. A garota olha pra ele sem entender o que estava acontecendo.
— Você não tem muitos amigos coreanos, acertei? Pelo menos amigos do sexo masculino eu aposto meu próximo single que não. — Yoongi fala do pé da escada e se aproxima devagarinho até a alcançar. — Esse pijama é bem indecente para os padrões coreanos, S/n — fala num tom de advertência que a faz ficar cabisbaixa.
E foi naquele momento que ela soube que tinha estragado tudo. O básico, esqueceu o básico da cultura deles. Foi extremamente desrespeitoso o que fez. As meninas devem ser mais comportadas com suas roupas, não exageradamente como nos países muçulmanos, mas a questão da sexualidade é meio complexa na Coreia. O pijama era uma camisola branca, quase transparente. Estava usando calcinha ao menos, ufa! Como é possível cometer um vacilo desses? Jimin a salvou de si mesma... deve a ele.
— D-desculpa eu não percebi que e-eu, quero dizer, meu pijama, camisola é... — Inclina para esconder o começo das lágrimas. — Juro por tudo que eu não tinha a intenção de insultar vocês. Eu, hã, me perdoem... — Jimin, sentindo pena, a endireita e seca suas lágrimas.
— Calma, tá tudo bem. — Ele sorri. — Você não insultou ninguém aqui.
— Pelo contrário... — murmura Namjoon algo que ela não escuta, recebendo uma encarada brutal de Yoongi.
— Eu não lembrei que estava usando isso... N-não devia ter descido. Acho que vou subir e... — Hoseok se levanta e abraça S/n, parando as lágrimas num instante e surpreendendo a todos.
— Não chora, não. Você é muito bonita pra chorar por nada! Isso já aconteceu com todos aqui. — Ele se afasta ainda com as mãos nos ombros dela, que tenta forçar um sorriso em agradecimento. — Eu mesmo costumava dormir só de calça, daí tive de me adaptar graças ao convívio em grupo. O Jungkook ali de vez em quando não usa nada pra dormir.
Jungkook limpa a garganta e Hoseok percebe que cruzou a linha. Ele volta ao lugar onde estava e lança o sorriso de coração mais forçado que já fez ao golden maknae.
— É que a gente não tá a-acostumado em ver... bem... ver meninas vestidas a-assim. — Jungkook está mais sem graça que aquela que pagou peitinho, contudo consegue ficar de pé e a encarar. — S/n, não se p-preocupe. Tá tudo bem, não é, g-galera?
— Aham! — todos concordam.
— Tem alguém aqui que vê isso o tempo todo. Já deve tá acostumado a ver mais do que isso, na real. — Taehyung direciona o olhar ao suposto alguém. — Não toque no iPad do Namjoon, S/n! É pro seu próprio bem!
— What the hell, man! Não é verdade isso aí! — Riram todos com o tique de inglês de Namjoon. — Achei desnecessário seu comentário. A gente resolve isso mais tarde, Tae!
Taehyung leva as mãos à cabeça. Um gesto simples de rendição que quebra o gelo. Um sem noção, é o que ele é. Namjoon torna a observá-la com a mão no queixo. Algo naquela pose a fez apertar as pernas.
— S/n, você não pode se distrair assim novamente, entende? — Ela afirma com a cabeça. — Então, pare de chorar. Não há necessidade disso também. Foi um erro, só isso.
Enxuga as lágrimas no roupão e se reconstitui com dificuldade.
— Obrigada, gente. Não vai acontecer de novo. Agora acho melhor subir e trocar de roupa. Estão todos vestidos e sou a única aqui... — a respiração falha — inadequada.
— Tem certeza? O café está pronto! — insiste Jin, sorrindo com a panela na mão.
Jungkook resmunga um "Até que enfim, hein?".
— Vou ser rápida! — ela promete.
Anda calmamente até a escada. Quando fica fora de vista, corre pro quarto, tranca a porta, tira o roupão e vai até o espelho do banheiro. É mais transparente do que imaginava. Eles viram meus seios por completo!, a mente dela perturbava.
Lavou o rosto e se avaliou por um tempo. Tirou a peça que não fazia diferença se usava ou não e ligou a água quente. O banho é rápido e revigorante. Pôde repassar todas as caras que fizeram quando apareceu, o desconforto é inevitável. Aqueles meninos perfeitos acabaram de ver, praticamente, seu corpo nu e pior, achava que não tinham gostado nem um pouco da imagem. Uma nuvem negra imensa toma conta de S/n. Ah, coitada...
Saiu do box avistando a camisola, aproximou-se, pegou-a e jogou no lixo. Tinha ganho ela da mãe quando fez quinze anos. Ela dizia que a nova mocinha da família um dia teria de se acostumar a usar peças como aquela. Depois desse trauma, nunca mais. No que Regina estava pensando quando a presenteou? Ainda era nova pra isso! Sabia que tinha meninas da sua idade prafrentex, como Sasha, mas isso não quer dizer que estava errada em se preservar.
Observou os cabides. As roupas estavam todas organizadas no armário, a única coisa que fez direito até agora. Os meninos estavam vestidos estilo GAP: blusas lisas, soltas e confortáveis. Ia de cabelos soltos e com um short jeans claro, uma camisa branca com manga e um Allstar azul-claro. Voltou ao vidro do banheiro e se maquiou de leve: base, rímel e batom nude. Estava se sentindo melhor, bem melhor. O dia ainda não acabou! Força! Você consegue superar isso, S/n!
Ao colocar a mão na maçaneta, sentiu a vibração de passos. Abriu a porta. Jimin e Jungkook estão vindo. Conversavam sobre ela enquanto coçavam a cabeça e riam nervosamente.
— S-será que ela fez de propósito? — pergunta Jungkook um tanto perturbado.
— Não. Ficou muito envergonhada pra ter planejado aquilo.
— Cara, eu me sinto estranho... Bastou um segundo só pra ela mexer comigo. V-você não acha isso estranho? E ela é mais nova que todos aqui, mais nova que eu, sabe?
— Ela parece ser inocente tipo eu — o tom de Jimin soou malicioso. — Acho que nem tem noção do poder que tem em relação aos homens ainda... — Kook tampa a boca de Jimin quando a vê fechando a porta. Foi por pouco.
Ela saiu do quarto olhando para baixo e caminhou até eles. Levantou a cabeça quando avistou seus pés. Os olhos de Jimin desaparecem conforme abre um enorme sorriso. Já o mais novo parece fazer um esforço descomunal para manter o maxilar fechado. A garota estava simplesmente bela, essa era a opinião dos dois.
De repente Jungkook se inclina e pede perdão por sua reação anterior. A garota jamais quis aquilo. Pediu pra ele se levantar e ela se inclinou de volta. Ficariam se desculpando um com o outro até o fim dos tempos se Jimin não perguntasse sobre o seu roupão.
— Esperem aqui, vou buscar. Já volto! — Disparou, virando e voltando pro quarto para procurar o roupão.
Onde é que colocou o bendito? Ainda bem que o seu tom é de um rosa bem diferente e se destaca em cima do criado mudo. Há coisas que desaparecem do nada e a esse fato muitos atribuem a fantasmas. Por sorte a culpa recaia na memória de curto prazo da "professora".
Caminhou até o outro lado da cama, dobrou o roupão com cuidado da forma que a mãe lhe ensinou e virou o rosto quando escutou um barulho. Tomou um susto ao ver Jungkook parado do outro lado. Jurou que estava no corredor. Espera... O que é aquilo entre seus dedos?
O coreano observava o tecido como quem estivesse lendo um mapa e não conseguisse descobrir o caminho de volta para a própria casa. Ele está segurando a camisola de S/n.
— Por que isso tava no lixo? — questiona simplista com uma voz grave, continuando a encarar a camisola como se fosse o objeto mais incomum que já vira.
— Ué... Ela me fez passar um dos momentos mais vergonhosos da minha vida. Por que eu guardaria?
Ele continua abismado, mas aí levanta o olhar. Um que se assemelha ao de um lobo que acabou de reconhecer sua presa e agora está faminto. S/n começou a suar as mãos e a falhar a respiração.
— Porque eu quero ver você de novo com ela, S/n. — A sua voz diminui a intensidade ao pronunciar o nome da garota. O olhar dele retorna a ser dócil e ele age como se tivesse saído de um transe, deixando a camisola sob a cama e abrindo a porta. — Vamos! Você não tomou o café ainda. Está muito bom, vai querer repetir.
— E-está bem...
Jesus Cristinho! O que foi que acabou de acontecer? Tinha a impressão de que ninguém viu esse lado dele, seja lá que lado for. Aparentemente estava enganada em achar que não tinham gostado de ver seu corpo. Jungkook pareceu ficar surpreso com as palavras que ele mesmo disse e ficou num estado de delay para sair e trancar o quarto.
Ela apressou o passo, contornando-o e indo direto entregar o roupão a Jimin. Abraçou seu salvador que retribuiu levantando-a do chão e bagunçando seus cabelos. Era como se ele tivesse orgulho dela, sendo que não fez nada para merecer isso. Sei lá, ele se sentia bem ao lado de S/n e a recíproca é verdadeira.
— Obrigada, de verdade. Você salvou minha vida! Queria um roupão assim pra evitar... aquilo.
— Salvar sua vida é um pouco de exagero. — Ela tinha a visão de seu dentinho quebradiço. — Agora o roupão é fácil. Quem sabe a gente não arruma um do seu tamanho? Antes disso, vá comer! Não vai querer o próprio Seokjin cobrando uma boa alimentação de você, vai por mim.
Eles vão na frente e, chegando lá embaixo, a maioria dos meninos se encontra na sala, todos mexendo no celular. Notando sua presença, eles se levantam desajeitadamente e pedem desculpas pelas reações, exceto Yoongi. Ele continuaria vidrado da tela do celular o dia inteiro se seu líder não chamasse sua atenção. Ele olha feio pra Namjoon e depois a encara com um olhar frio, o que a faz, extintivamente, olhar pra qualquer lugar menos pra ele. Esse daí sempre acaba chegando perto demais quando vem falar com ela e ela tentava se manter firme pra demonstrar que não se intimidava facilmente.
— Está muito melhor agora. — Yoongi levanta a mão bruscamente e ela pisca forte em reação. Ouve ele rir baixo e, pra sua surpresa, sente uma mão atrás da sua cabeça a puxando pra mais perto. — Me perdoa se fui grosseiro — ele sussurra brevemente, soltando-a tão rápido quanto a abraçou.
Notou como Yoongi tem dois estados de espírito, ou melhor, ele tenta ser um bad boy, mas por dentro é um torrão de açúcar.
— Vem comer, S/n! Se esfriar você vai acabar odiando e eu vou ficar triste! — Jin grita lá da cozinha.
Chegando lá, esperava ver aquelas comidas bem típicas tipo um poke ou lamén, porém ela não sabia bem o que ia comer.
— É maionese de atum com arroz — o cozinheiro lê sua mente.
Dá a primeira colherada. Sim, colher. Eles respeitavam sua cultura e ela se lixou pra deles. "Sou um ser humano horrível...", não é pra tanto também, S/n.
O gosto a agradou de prima. Parece nojento, só que é muito, muito bom! Percebeu o quão faminta estava.
— Está muito gostoso, Jin! — bastou o elogiar para ele sorrir satisfeito.
Fazem-se quinze minutos de silêncio. O suficiente para ela terminar de comer. Queria repetir, mas não podia. Manter aquele corpinho ali tinha seu preço.
Foi na pia pra lavar o prato e o talher que usou. Jin não queria deixar de jeito nenhum. Disse que quem cozinha que deve lavar. Ela não discutiu e entregou o prato a ele. Caminhou até a sala e sentou no sofá entre Taehyung e Namjoon.
— Hyung, ela vai com a gente hoje?
— Se a Lin disse em alto e bom som que ela teria de nos acompanhar aonde formos, o que você acha? — Tae faz beiço pela grosseria. — Então, sim, ela vai.
— Oba, não ficarei entediado! — Todos tornam a olhar pra Taehyung.
— O que você quis dizer com isso? — alfineta Yoongi.
— Somos entediantes para você? É isso mesmo? Pois saiba que você pode ESQUECER de pegar meus óculos da Gucci emprestado! — apela Jimin.
— Vocês me cansam às vezes. — Taehyung bota a mão no ombro de S/n. — Com ela eu tenho novos assuntos. Só pessoas inteligentes têm conversas interessantes...
Antes de a algazarra começar o celular dela toca. É a senhora Lin. Atendeu e se afastou dos meninos.

Ligação On

— Bom dia, S/n!
— Bom dia, Lin!
— Consegui um voo que sai daqui a três dias contando com hoje. O seu quarto também foi reservado num hotel perto do centro de Seul.
— Ah... Que ótimo, Lin.
— Ótimo mesmo seria se você dissesse que ficaria por aqui e eu pudesse parar de pegar aviões para arrumar professores para esses moleques preguiçosos — S/n sentiu o desabafo.
— Sobre ficar, eu...
Todos os meninos a ameaçavam com suas caras tristes. Ouviram tudo que Lin havia dito. O viva-voz estava desligado, fora a acústica do lugar que aumentou o volume. Sabiam agora que S/n não confirmou que iria mesmo ficar ali, se iria trabalhar para eles. Os idols pedem para que os deixem ouvir a conversa.
— Senhorita? O que decide? — chama Lin do outro lado da linha.
Conseguia-se ver a palavra se formando em cada lábio: "Fica!". Intercalou o olhar entre eles e o telefone. Nunca mais teria a chance de vê-los se for embora, nunca mais teria essa chance única que milhares de pessoas sonham em ter. O seu futuro será decidido agora, S/n! Escolha!
— Eu... Eu vou...
— Como? Pode repetir? A ligação falhou.
Em pé, S/n segurava o celular na orelha. Os sete estavam no sofá, especulando os finais dessa história dependendo da resposta dela. O interesse deles por ela no momento era profissional. Precisavam de uma professora de inglês. O interesse nela neles era o emprego. Seria mesmo apenas essa coisa superficial? O trabalho foi o que os uniu? Aquelas íris masculinas foram polidas quando enxergaram a garota brasileira. Quanto a S/n, durante anos de sua vida eles foram os únicos que ela tinha olhos.
— Disse que tenho três dias, certo? Vou fazer o teste. Pode ser assim?
Os suspiros não foram exatamente de alívio, até porque a resposta foi vaga. Eles faziam questão da presença especificamente dela, e o porquê nem eles entendiam. O importante era que a tendência para ficar aumentou consideravelmente.
— Que maravilha, senhorita S/n! Nesses dias eu quero que curta e veja o quão iluminada é por ter conseguido uma vaga de emprego que nem esta!
— P-pode deixar.
Aqueles olhares. Felicidade não era. S/n sentiu-se em um tribunal no lugar de réu. O júri, como em todos os casos, nunca se mostra óbvio. Podem tanto estar em prol quanto contra. Um infortúnio ou uma benção ela seria na vida deles? É cedo para fadar.
— Se me ligar ainda hoje e quiser zarpar, o voo ainda está garantido. Como quer fazer o teste dos três dias eu vou pedir para que te levem ao hotel agora mesmo.
Namjoon toma o celular da mão de S/n, a testa franzida. Ele sabia que tinha algo errado. Quem é que hesitaria em se tornar professora de inglês de um grupo K-pop super famoso? S/n estava esquiva, recusava-se a realizar tal tarefa e era por isso que ele não tinha plena confiança nela e a queria por perto para descobrir qual era a sua.
— Ela vai ficar aqui com a gente. Precisamos de alguém pra botar juízo em nossas cabeças, você mesma disse — foi firme, mesmo assim foi perceptível um desespero ali.
— RM? Hmm, não sei não. Acho que não é uma boa ideia. — "Precisamos de uma professora!", grita Jimin. — Bem, tem certeza que vocês conseguem se comportar? Nada de infernizar a vida da garota, hein!?
— Sim! — disseram os meninos.
— Por mim tudo bem. — Lin ri. — Desde que S/n queira...
Namjoon estica a mão pra a garota, colocando o microfone do celular perto da sua boca. Todos a encaram com aquele olhar do gato de botas. Como resistir? Pegou o celular e disse: "Eu quero.". É tanta gritaria, principalmente por parte de Hoseok, que é impossível ouvir Lin.
— Vejo você hoje à noite para assinar o contrato provisório, então. Fiz modificações de que vai gostar!
— Tudo bem, até mais tarde! E, Lin, quando você disse que eu devia estar com eles aonde fossem, é no sentido literal?
— É sim! A qualquer momento eles podem precisar de uma tradutora. Amanhã mesmo eles terão uma entrevista para uma revista estrangeira. Você é mais que uma staff, tem mais responsabilidades. Por enquanto é isso que deve saber.
— Okay, obrigada. Tchau!
— Tchau!

Ligação Off

Haviam incontáveis perguntas. Deixou para fazê-las quando estivesse sozinha com a senhora Linhyog. Tinha dias pra pensar, o que se tornou um problema. A mente tinha decidido voltar e tentar de tudo para conseguir outra entrevista, porém as memórias de quando comprava álbuns, de quando colecionava cards deles, aquele sentimento a dominou novamente. O tempo se tornou prejudicial ao juízo dela.
— Uhul! Vou finalmente ter boa companhia! — comemora Taehyung.
Os meninos começam a bater e discutir com ele. Ela observa pensativa. Parece que os conhece desde sempre. Pode ser porque foi muito fã deles e pesquisar sobre suas vidas era um hobby bastante divertido. A verdade é que estava se sentindo incluída no "grupão". Quem diria que agora eles fariam parte da sua vida ou ela da deles.

❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora