🌈Mentiras e mais Mentiras

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🌈 Música do capítulo: ... Lie - BTS

Namjoon Pov

— Eu não acredito que vocês fizeram isso! Como assim eu perdi a entrevista da rádio? Como puderam ir sem mim? Eu fui contratada para estar lá, droga!
S/n dava uma bronca coletiva enquanto tratava de arrumar os drapeados do meu terno. Ela me espetou com a agulha de costura e, ao dizer "au", lançou um olhar sinistro que chega gelou minha alma.
Na noite anterior, fizemos uma reunião no quarto dos maknaes. Ouvimos da boca de cada um a sua versão da história e o que descobriram separadamente daquele acontecimento bizarro.
Jin, que viu as câmeras da hospedaria, explicou como foi que o homem conseguiu entregar o cappuccino para S/n. Com a escuta no quarto, o cara soube que Hope estava fora e que S/n havia pedido a bebida quente. O encapuzado, que estava no hall o tempo inteiro, levantou-se, foi até a máquina, pegou a bebida e subiu pelo outro elevador, quase dando de cara com JK e Hope. Lá em cima, retirou a tampa do copo, despejou o tal láudano que Ailim descreveu e colocou a bebida no chão, em frente a porta do quarto de S/n. Dando duas batidas, saiu e dobrou a esquina. Ele esperou até a ver abrindo a porta e cair inocentemente na armadilha. S/n olhou de um lado pro outro e deu um sorriso, pensando que meus amigos tinham deixado lá pra ela.
O cara já tinha o sedativo em mãos, logo já havia pensado em como executar seu plano de uma forma que não houvessem alvoroços. Talvez se S/n não tivesse pedido nada a algum de nós, quem sabe ele não colocasse a mistura no seu café da manhã, fingindo ser um garçom? Também tinha o cartão e o imã, uma maneira astuta para destrancar uma porta e entrar tranquilamente. A escuta, isto eu não conseguia compreender.
Foi aí que me veio a seguinte ideia: e se o desgraçado não tivesse garantia em qual quarto ela estaria? Logicamente seria mais seguro se colocasse em todos os que suspeitasse. E achamos dois outros microfones escondidos no mesmo maldito espelho, comum em todos os quartos. Um plano perfeito demais para ser feito por uma única pessoa.
Saímos do hotel mais tarde naquele mesmo dia, o coração e a consciência partidos de deixar S/n "sozinha" de novo. Ailim ficou ao seu lado, monitorando-a. Bakho era uma estátua impenetrável no corredor. Esperávamos que os dois fossem suficientes para evitar que o maluco voltasse.
Eu tive dificuldades de responder o que me era perguntado na entrevista da rádio Disney. Era pra ser mágico, mas eu estava acabado, sentindo-me amaldiçoado. Logo quando me apaixono, um maníaco surge e tenta tirá-la de mim. Ia acontecer algo sem escrúpulos com a S/n e eu nem saberia, mesmo estando a uma parede de distância. Podia sentir a faringe, laringe, traqueia, alvéolos e pulmões se comprimindo até me sufocarem. Minha mente gritava. O pior de tudo é que eu não era o único que estava pouco se fodendo para aquelas perguntas clichês. Nós, o BTS estava cansado e muito preocupado com nossa intérprete.
Assim que voltamos pro hotel, eu fiz meus amigos prometerem que não contariam nada daquilo para S/n. Tive que fazer isso. Tive que convencer eles de que, se ela soubesse, ficaria desolada e eu sei que não suportaria vê-la assim. Já a magoei, é verdade, e isso não evaporou da minha mente. Inventaríamos, então, uma mentira singular: "Você estava muito cansada, acabou dormindo pesado e a deixamos descansando".
No dia seguinte, S/n acordou e fizemos o combinado. A little girl sentiu raiva por pensar que a deixamos para trás e nada além disso, felizmente. A promessa devia permanecer até o fim. Há um pouco de verdade no porquê fiz o que fiz para que S/n não tivesse um choque de realidade, mas tinha um porém. E se S/n se assustasse e quisesse voltar para o Brasil, alegando que nosso fandom é psicótico e que estaria melhor ficando bem longe de nós? Mal aguentei a vez que ela foi cuidar do pai. Sou um avarento por S/n e isso sim é doentio. Não aceito a mínima cogitação de ela querer ir embora e me deixar.
Agora estamos nos preparando pro início do show, este que começará às 16 horas e terminará às 19. S/n ainda derramava sua ira em nós, algo que acho mil vezes melhor do que lágrimas.
— Vinte minutos, rapazes! — A diretora executiva apareceu pela metade na entrada do camarim para nos informar de que estava tudo prestes a começar.
Vi a little girl ostentar suas bochechas enquanto arrumava minhas mangas, inflando-as para controlar seus sentimentos. Nada disse até S/n me encarar franzida.
— Perdão — pedi desculpas, uma sinceridade à parte.
— Olha — ela suavizou a expressão, comprimindo os lábios —, estar com vocês me faz muito bem. Perder essas chances me entristece. Não quero que façam isso de novo! Só me arrumem um energético e vamo que vamo! Capiche?
E eu sorri pela primeira vez depois do ocorrido. Essa garota-mulher é tudo pra mim. S/n é tudo de que preciso para ser completo. Vou dar mais valor a ela, levá-la para passear de mãos dadas, comprar lembrancinhas aqui e ali para não esquecermos o quanto foi bom ter a companhia um do outro. Eu quero estar com ela em todo e qualquer lugar e em toda e qualquer hora.

❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora