🌈Música do capítulo: Outta My Head - Khalid
S/n se preocupou quando perdeu a conta da quantidade de latinhas que cada um tinha tomado. Ela mesma passou do seu limite sem querer, três eram demais. O desespero não veio, dando lugar a gargalhadas e jogadas excessivas de cabelo. Bêbada ela era uma grande piada. Sasha, a mais tolerante a álcool, buscou um jarro d'água e serviu a galera sem preguiça, a esperança de S/n.
— Fiquei de cara com uma coisa. Soube que a Coreia do Sul mudou uma lei para favorecer vocês — comentou Jaime, reconhecendo a importância dos rapazes.
— Nosso membro mais velho completaria vinte e oito anos nesse ano, sendo obrigado a ir servir no exército, e não poderíamos prosseguir sem ele — simplificou Nam.
— Faríamos o disband, porque, ou somos sete, ou não somos nada — Yon mostrou firmeza na voz.
— E agora com essa lei teremos mais dois anos juntos — completou Jungkook.
Paralelamente, Sasha, Hope e Jimin brincavam de mímica. Jimin mais ria do que tentava entender o que significava o gesto do polegar de Sasha empurrando o indicador na dobra do antebraço. A melhor amiga naquele tempo que S/n ficou fora tinha sido aprovada para medicina veterinária e estava tentando demonstrar que a pior parte do trabalho era vacinar os animais. S/n jogou o cabelo por trás dos ombros de novo.
— Bebezinha, pode passar a pimenta?
Com aquele pedido do pai, as duas conversas pararam. Estava condenada. O seu apelido seria motivo de chacota, via isso no brilho do olhar dos sete. Aquilo mexeu com S/n.
Como meio de parar ali mesmo o possível bullying, antes de passar ao pai ela colocou algumas gotas de pimenta no próprio prato e meteu goela a baixo. "Um bebê não faria aquilo", passou a mensagem. A maioria riu, o resto se impressionou. S/n esperou eles retomarem o papo para poder beber água, mas aí viu que o copo estava vazio, a jarra seca.
Por orgulho ela permaneceu ali com a língua pelando e prestando atenção, por vezes participando de algumas conversas, ao invés de ir buscar mais água.
Misturando a comida de cheiro forte, S/n pegou um camarão com a colher e levou a boca faminta. Assim que sentiu a temperatura glacial do metal do talher contra os dentes, sentiu apenas aquilo e mais nada. Pegou o guardanapo e cuspiu educadamente. Foi instantâneo. Mirando a paella, lá estava ela girando sozinha dentro do seu prato. Então olhou para o lado para conferir se o fenômeno se repetia. Primeiro foram os pratos, daí vieram os copos, os talheres e S/n se diagnosticou com a síndrome da Bela e a Fera, onde as xícaras de chá dançam com bules e um candelabro falante. Era estranho, mas não o suficiente para que ela se levantasse e saísse dali.
Quem estava calado demais era Tae, observou ela. Talvez fosse por sua boca estar sempre cheia. Os meninos amavam comida caseira e se podia presumir isso contando as repetições que fizeram, que eram muitas, principalmente Tae. Quando S/n abriu a boca para falar com ele, o joelho doeu.
— Seu pai é bem comédia — sussurrou Jin ao seu lado.
— Ele é sim. Hoje está mais ainda e acho que o motivo são vocês.
A mão dele encontrou a dela na mesa. A dama, antes de puxar a mão delicada debaixo da dele, sentiu uma pressão maior acompanhada de uma massagem. O dedão dele circulava nas costas da mão dela suavemente. Um arrepio frívolo percorreu a nuca da garota.
— Acha que ele já decidiu de quem gosta mais? Elogiei os sapatos e a camisa xadrez dele algumas vezes. — Jin colocava uma pequena pressão no polegar.
— Terá que o cortejar ainda mais se quiser o conquistar.
— Uma dica?
— Elogie o relógio. A marca favorita dele é Armani Exchange.
Seokjin aceitou a dica, adicionando que a vibe esportiva-chique valorizava o design do relógio em seu pulso. O pai então engatou, perguntando se Jin gostava de relógios e ele respondeu que era seu acessório favorito, dando um tiro no próprio pé. "Por que não está usando um então se gosta tanto?", e ficou sem resposta para a pergunta de Jaime.
S/n se libertou de Jin e perdeu o equilíbrio com a risada que deu, sendo amparada por Taehyung.
Kim Taehyung nunca gostou de bebidas fortes por saber que se alterava com facilidade. Ali o seu copo tinha ficado intacto. Nem mais de dois goles amargos, estabeleceu. A sobriedade em certas ocasiões nem sempre significava consciência. Tae percebeu que S/n estava fora de si e, aproveitando aquela versão divertida dela, arrastou os próprios dedos até sua coxa macia, apertando com desejo ali e delicadamente afastou seus cabelos, buscando sua orelha. Lá ele disse com seu tom mais profundo:
— Está pra lá de Bagdá, querida. Não acha que é hora de ir dormir, bebezinha? — O apelido pegou. Os esforços dela foram inúteis.
S/n se afastou envergonhada, buscando mais uma garfada para se acalmar. Tae sorriu ladino, voltou-se para frente e continuou a comer.
S/n sabia que precisava mesmo se retirar, pois nada parecia no lugar. A mesa girava, as vozes enchiam sua cabeça e a faziam pesar. Ainda assim, se recusava a ser a primeira a se entregar ao sono. Era a mais nova, a caçula, a bebezinha de fato. Ela não gostava disso, não aceitava. Lutou tanto por sua independência, mas continuava sendo categorizada como a criança de todos ali. Iria permanecer na mesa até o amanhecer se fosse preciso.
Então pegou mais um camarão, todavia tinha algo de errado com ela. Quase furou a língua com as pontas afiadas do garfo, pois não tinha sensibilidade. A garganta de repente se fechou, dando-lhe nenhuma escolha a não ser devolver o toque que prometeu não fazer no joelho de Seokjin. A mandíbula pesava uma tonelada e os ombros não aceitavam mais sustentar os braços. O pescoço a fez pousar nos ombros de Jin, que passou o polegar em suas bochechas vermelhas escarlate e sentiu um calor incomum.
Do outro lado da mesa, Jungkook a chamou baixinho. Sem resposta, ele levantou de supetão e chamou mais alto. As pessoas na mesa deixaram de comer e se ateveram ao que estava acontecendo.
Vendo que S/n estava incapaz de fazer qualquer movimento, Jungkook correu para fora do campo de visão dela. O cavalheiro do outro lado, Taehyung, intuitivamente percebendo que tinha algo de errado, segurou-a e a levantou pelos pulsos, as pernas dela fracas. Ele abaixou e a pegou no colo, estilo noiva, com ajuda de dois impulsos. S/n segurou no pescoço dele e balbuciou algo que o fez tremer os lábios.
— O que houve? — Jimin, assim como os outros, se levantou e exibiu cara de espanto.
S/n via tudo acontecer em câmera lenta. Viu Jungkook e sua mão medir a temperatura em algum lugar acima de seus olhos. O que ela sentiu não poderia ter vida de tão frio que estava, mas era ela que estava queimando de febre.
— A pimenta! — descobriu Sasha. S/n havia exagerado na dose. Com a quantidade de álcool que ingeriu a reação só podia piorar.
— Onde fica o quarto dela? — perguntou Taehyung, já se movendo pela casa com uma S/n febril nos braços.
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❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞
Fanfiction[LONGFIC] Quantas vezes é possível se apaixonar? E quantas paixões fazem uma vida? Para a brasileira S/n, a resposta seria o número cabalístico 7. Ela conheceu os coreanos mais avassaladores do universo por conta de um erro. Não demorou para que el...